colunista do impresso

Globalização e nacionalismo nestes tempos conflituosos

style="width: 100%;" data-filename="retriever">

A globalização é um fenômeno de muitas facetas, inclusive as culturais e as assentadas nas possibilidades de comunicação e convívio pelos meios tecnológicos cada vez mais disponíveis para a humanidade. No final do século 20 e início deste, tomou vulto e predominância o seu lado econômico, através de intensa integração entre os mercados nacionais e consequente derrubada de óbices e limites para o comércio e circulação de capitais. Surgiu até uma ideologia da globalização, embasada no neoliberalismo e também na social-democracia, especialmente a europeia.

As críticas e o contraponto à globalização davam-se principalmente por algumas iniciativas nacionalistas, grupos localistas ou alternativos, correntes de opinião mais à esquerda, estes últimos preocupados com as consequências sociais em nações menos ricas.

O menos previsível aconteceu: uma reação de direita radical à globalização e à integração entre nações e mercados. Na Europa, que consolidara uma "comunidade de nações" de instituições já evoluídas e moeda comum, esta reação à direita mostra-se forte, já governando alguns países e sendo relevante nos demais. A maior potência econômica e militar, os Estados Unidos, elegeu governo contrário à globalização e que recupera antigas barreiras e restrições, provocando guerra comercial com a segunda maior potência econômica atual, a China.

É um novo tipo de nacionalismo, com algumas das características dos movimentos que no século passado deram origem ao fascismo e ao nazismo. As migrações volumosas para o continente europeu ou para os Estados Unidos geraram simpatias a esses movimentos que preconizam fechamento de fronteiras aos estrangeiros e intolerância com religiões de culturas que não sejam as tradicionais de cada país.

Por aqui também vivemos um tempo de esdrúxulo nacionalismo, principalmente em relação à Amazônia, supostamente alvo da cobiça estrangeira: os mesmos que inquinam ONGs, cientistas e missionários de diferentes religiões como perigosos representantes de interesses escusos estrangeiros na região (e certamente alguns casos existirão de atuação nesse sentido, inclusive com pirataria do monumental patrimônio genético), são os que defendem a irrestrita venda das empresas estatais, inclusive as estratégicas, para estrangeiros. Na Amazônia querem botar abaixo a floresta, vital para clima e outras condições de sobrevivência da humanidade, aí não sendo mais problema que grandes grupos estrangeiros possam explorar minérios, agropecuária e outros setores. Ter um fundo administrado por brasileiros, no qual nações estrangeiras contribuíam para financiar atividades de preservação da floresta com a exploração pela população local de forma controlada, fere os brios nacionais. Vender Petrobrás, Eletrobrás, Correios, etc para grandes grupos internacionais não tem problemas.  Conceder às grandes mineradoras internacionais a exploração do subsolo da Amazônia e até em terras indígenas, também não fere os interesses brasileiros. Estranho nacionalismo.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Meu amigo von Ihering! Anterior

Meu amigo von Ihering!

Os jovens são um problema ou uma bênção? Próximo

Os jovens são um problema ou uma bênção?

Colunistas do Impresso