eduardo rolim

Florada

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O Brasil está saindo da estagnação e conquistando créditos de respeitabilidade política e crescimento democrático. Quando Charles De Gaulle disse que o Brasil não era um país sério, estávamos imersos num período ditatorial e com uma herança trágica de corrupção e patrimonialismo. Agora, em sentido contrário, estamos crescendo aos olhos do mundo como país sério, com democracia instalada e em franco aperfeiçoamento. 

Quando Dias Tófoli, monocraticamente, decidiu proibir as investigações lastreadas em dados obtidos pela antiga Coaf (agora Unidade de Inteligência Financeira), causou um mal-estar generalizado, somente saudado pelos indiciados em más práticas e acobertamento de criminosos. Foi uma ameaça às ações dos procuradores e juízes da Operação Lava-Jato e um retrocesso no processo de limpeza em curso no Brasil. Agora, com a decisão do plenário do STF, derrubando as pretensões de impunidade de Dias Tófoli, Gilmar Mendes e outros lamentáveis membros da Alta Corte, volta a vigir o compartilhamento de dados financeiros e as investigações continuarão o seu curso. Isso nos faz respirar fundo e voltar a crer na limpeza ética e moral da Nação. 

Renan Calheiros, desde há muitos anos, é conhecido como um dos ícones dos malfeitores que dominavam nossa política. Em legislatura anterior, chegou a ser submetido a um processo de cassação de seu mandato de senador, que só não foi efetivado porque renunciou a tempo de salvar seus direitos políticos e se reeleger para o Senado, onde continua suas ações deletérias. Conseguiu aprovar uma Lei de Abuso da Autoridade que oprime os agentes da lei em suas investigações e decisões judiciais. Agora volta ao noticiário com a denúncia aceita pela segunda turma do STF e abertura de processo por corrupção e lavagem de dinheiro entre outros 11 inquéritos em curso, sendo que oito dizem respeito à Operação Lava-Jato. Isso não é perseguição política como alguns insistem em afirmar, mas uma ação respeitável de exercício da lei que deve ser igual para todos. É uma florada de esperança na recuperação da Nação! 

Os jornais noticiam uma retomada do crescimento econômico, com dados singelos, mas firmes, atingindo todos os setores da economia. Está voltando a confiança do empresariado e nem a enorme dívida interna, nem a desvalorização do real frente ao dólar, são capazes de causar impacto na inflação que se mantém em níveis aceitáveis. Vamos comer menos carne até que a lei da oferta e da procura consiga estabilizar os preços agora submetidos à especulação dos donos do mercado. Temos que apreender, como consumidores conscientes, a reagir contra essas manobras exploradoras. Isso faz parte do aprendizado democrático e deve contribuir para regulamentar nossa convivência cidadã. 

Existe no Congresso, por ação de Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, um processo de resistência contra a tramitação dos projetos de lei que procuram regulamentar a prisão após condenação em segunda instância. Essa é a manobra política mais característica dos "velhos tempos", do "deixa para lá para ver como é que fica", na esperança que o tempo resolva os problemas dos criminosos que deveriam estar na cadeia. Mas o povo está atento e as manifestações em praça pública irão se avolumando se não houver uma decisão correta para impedir que os criminosos de colarinho branco continuem a circular pelo país, pregando a subversão e agitação, intentando contra a segurança nacional, sem que se tome uma decisão que vá colocá-los onde devem estar, sem privilégios que os distingam dos demais presos.

Esse é o Brasil que queremos, renovado e fortalecido; pátria acolhedora de todos. 

*Artigo publicado originalmente na edição de 7 e 8 e dezembro de 2019

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