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Educação é agora e não depois

A nova variante Ômicron volta a trazer maiores restrições. O isolamento no mundo ameaça uma retomada. Não é um déjàvu do começo de 2020, quando a pandemia se espalhou pelo mundo, mas era dezembro de 2021 mesmo, quando a Holanda entrou em novo lockdown pela disparada de casos de contaminação com a variante Ômicron do coronavírus. Até 9 de janeiro, nenhuma escola poderá funcionar, mas a ofensiva contra mais uma onda de casos e mortes não se limita à Holanda, mas a inúmeros países, e a gente já viu isso acontecer.

As notícias mostram que, na Europa, a educação venceu mesmo em tempos de reinvenção. Os professores se conectam diariamente com as crianças e, com a ajuda dos pais, vêm procurando manter uma agenda de atividades escolares.

Mas não é essa a realidade de países com baixos níveis educacionais e de grandes desigualdades como o Brasil, seja do ponto de vista de acesso aos insumos tecnológicos, seja por questão de nível de escolaridade dos próprios pais, sem falar no difícil clima familiar que as famílias mais pobres estão começando a viver por causa do desemprego e da falta de dinheiro para a própria alimentação.

E percebemos, que a maioria esmagadora de gestores, simplesmente estavam esperando a pandemia "passar", sem se importar com a educação e o retrocesso para um país que deseduca os seus.

A melhor solução para os alunos das redes públicas de ensino consistirá no uso de conteúdos transmitidos por meio dos celulares com internet. Precisamos de gestão para que operadoras ofereçam patrocínio para bancar a conexão de Wi-Fi dos alunos que tenham ao menos um smartphone. Precisamos de um plano nacional de inclusão digital, agora e não depois. Precisamos de gestores que pensem fora da caixa.

Outro aspecto que podemos tirar como lição: é preciso estudar como usar as novas tecnologias em harmonia com as aulas presenciais e como estabelecer um equilíbrio entre o ensino presencial e o ensino virtual. Hoje enfrentamos em nosso país árdua discussão sobre o uso do ensino mediado por tecnologias. Talvez esse período nos ensine que ambas as modalidades podem conviver em harmonia em prol de um projeto pedagógico que atenda às necessidades de uma educação voltada para o século 21. O não enfrentamento da questão talvez nos remeta à situação atual no que se refere às enormes desigualdades de acesso entre escolas públicas e particulares.

Outro ponto que podemos aprender com tudo isso se refere à oferta de uma educação plena para a vida, também como apregoa o art. 205 da Constituição Federal. Não basta oferecer qualquer educação. O país precisa de educação que promova o desenvolvimento de novas habilidades e competências para enfrentar os novos tempos, que não se restringem simplesmente a questões vinculadas às descontinuidades tecnológicas.

Uma das grandes preocupações dos especialistas em educação é com o impacto de tudo isso na vida das crianças e dos jovens a partir de agora. Jamais em nossa história nos sentimos tão fragilizados. Esse vírus que simplesmente paralisou o planeta, expondo a nossa fragilidade, também mostrou aos governantes a necessidade de investir fortemente em ciência, tecnologia e educação. Tudo isso que estamos enfrentando nos remete a uma coisa: é hora de começarmos a assumir compromissos que floresça um futuro.

Texto: Juliane Müller Korb
Advogada

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