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As travessuras de um presidente

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O presidente de todos os brasileiros me lembrar dos tempos de colégio, quando ainda criança, em que havia no grupo de alunos do antigo primário, entre a primeira e quarta série, alguns alunos, com a personalidade um pouco diferente, em que não aceitavam brincadeiras que não fossem com as regras que eles, discordantes, determinavam. O normal para esses alunos era se retirarem das brincadeiras com a expressão "assim eu não brinco mais". Ou então, quando era futebol a brincadeira, pegavam a bola, retiravam-se acabando com o jogo e a brincadeira de todos. Pois parece assim que tem agido o presidente Bolsonaro quando alguma coisa não lhe agrada, especialmente quando, voluntariamente, resolve falar à imprensa quando de suas saídas do Palácio da Alvorada para o Planalto. Instado a responder questões do cotidiano, mas que são notícias, irrita-se e não responde, ou insiste para que não lhe pergunte sobre certos assuntos retirando- -se da entrevista que ele próprio provocou.

Um presidente deve manter-se discreto, cortês, sem travessuras. As respostas às perguntas da imprensa e da sociedade normalmente são atribuições de um porta-voz. Que porta-voz? Mas tudo bem. Gostando de estar em contato diário com a imprensa, deve se comportar com fidalguia, caráter grandioso. Responder a todos com educação, mesmo para as perguntas que não lhe agradem. O nosso presidente, entretanto, não gosta de agir dessa forma. Suas respostas, invariavelmente, são destinadas a criar mais um fato. Uma polêmica. Quando o povo de um país vizinho e amigo escolhe seu mandatário, exercendo a mais salutar e comezinha soberania, o nosso presidente não esconde a sua contrariedade. Não aceita o resultado, negando-se inclusive a cumprimentar o vencedor. Parece ser não apenas o presidente do nosso país, mas o benfeitor do continente. A única voz da experiência. 

A única verdade. O desprezo à soberania de um povo que fez uma opção política, como nós, brasileiros, que optamos livremente em escolhê-lo na última eleição é desprezar a democracia. É verdade que podem tentar desmoralizá-lo, ou até tentarem o seu impeachment. Isso faz parte do jogo democrático para o qual deve estar preparado; ou não sabia que em política esse é o jogo? Refletindo sobre suas atitudes diárias e intempestivas, é possível cogitar de estratégia para esconder da pauta a falta de assuntos importantes e que estão esquecidos: a economia, a política social, a saúde pública, desemprego, desenvolvimento, segurança, etc. Sobre esses assuntos, nenhuma palavra. Não havia plano de governo para isso, mas poderia haver interesse em discutir com a sociedade esses problemas que são de todos e não se esconder em discussões estéreis. Mas infelizmente não é assim. O mais impressionante em tudo isso, é que seus eleitores, que são maioria, gostam de sua forma e jeito de agir. Respostas ríspidas, provocativas e promessas pouco ortodoxas de volta ao passado agradam a muitos e os parlamentares lhe garantem folgada maioria. Veja-se o escore no senado (60x19) para aprovar o texto básico da reforma da Previdência. "Mas o que é isso, companheiro?" como disse Fernando Gabeira. Estamos bem representados. Ou aceitamos, ou nos retiramos da brincadeira.

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