faltam 22 dias

Para hospedagem e alimentação, vaquinha de familiares para júri da Kiss precisa arrecadar R$ 400 mil

Jaiana Garcia

Familiares e sobreviventes da tragédia da Boate Kiss organizam, desde 2015, uma vaquinha para arrecadar dinheiro para viabilizar a ida ao júri do caso, marcado para começar em 1º de dezembro, em Porto Alegre. Anteriormente, o julgamento aconteceria em Santa Maria, e os valores que precisavam ser arrecadados eram menores, já que 46% dos familiares e sobreviventes são santa-marienses ou moram na cidade. Com a transferência para a Capital, a estimativa é que cerca de R$ 400 mil sejam necessários para bancar hospedagem e alimentação durante os dias de julgamento. A previsão é que o júri dure de 12 a 15 dias. O cálculo do valor foi feito em cima de uma diária de R$ 150,00 que inclui hospedagem e três refeições diárias. 

- Para viabilizar a vinda de um familiar, durante 15 dias, por exemplo, seria necessário cerca de R$ 1,7 mil. Considerando que há o interesse de 150 a 200 familiares e sobreviventes em participarem, chegamos a esse valor. Ainda estamos fazendo o levantamento de quantas pessoas virão e por quanto tempo vão poder ficar - explica a advogada da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Tâmara Biolo Soares. 

Até o momento, de acordo o site da Vakinha, foram arrecadados R$ 13,4 mil. 

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- Nós sabemos que os valores são altos, porém necessários. Faz parte do direito dessas vítimas fazer parte do júri, então a gente pede da colaboração e sensibilização da sociedade - salienta.  

O diretor jurídico da AVTSM, Paulo Carvalho, que mora em São Paulo, já organiza a vinda para o júri, que começa em 22 dias. De acordo com ele, a grande maioria dos familiares não teria condições de bancar vários dias de estadia em Porto Alegre. Ele acredita, que à medida que o dinheiro for sendo arrecadado, as pessoas vão começar a ter interesse em participar. A questão financeira impede que alguns familiares manifestem a vontade de acompanhar.

- Eles serão os representantes dos filhos. Eu faço um apelo para que a sociedade, de um modo geral, entenda que nós estamos indo também pelos filhos de outras pessoas. A justiça sendo feita, serve de exemplo para que outros irresponsáveis não cometam os mesmos crimes - reforça.

PLANO B
Se por acaso o valor não for arrecadado, a associação já trabalha, paralelamente, buscando parcerias para obter a hospedagem e alimentação de forma gratuita. A negociação já é feita com escolas, sindicatos e pessoas da área da alimentação. Os principais parceiros, até o momento, são Arquidiocese de Porto Alegre, a secretaria municipal de Desenvolvimento Social da Capital e o Ministério Público. Antes da pandemia, a ideia era trabalhar com a hospedagem solidária, porém, mesmo com o avanço da vacinação, existe um receio maior.

- Queremos dar condições para que essas familias tenham um local reservado. Vai ser um momento em que eles precisam ser acolhidos. Vai ser difícil relembrar tudo que aconteceu. Vai ser duro e dolorido. Queremos dar as melhores condições possíveis para essas pessoas - afirma Tâmara Soares.

Para Paulo Carvalho, a mudança do local do júri para Porto Alegre trouxe um transtorno enorme, já que em Santa Maria a grande maioria de familiares e sobreviventes estaria em casa: 

-  Em Santa Maria seria muito mais acessível. Teríamos alojamentos, custos menores, a cidade é menor, teríamos uma estrutura melhor. Mas já que não tem outra possibilidade, vamos para Porto Alegre. 

CADASTRAMENTO DE FAMILIARES
A AVTSM já enviou ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS)  a relação completa dos familiares e parentes cadastrados na associação para compor os lugares destinados aos associados e parentes dos associados. A lista não elimina o credenciamento do familiar e é somente para checagem quanto aos lugares reservados. Os pais e sobreviventes que ainda não fizeram o cadastro, podem acessar o link e preencher o formulário. A associação salienta que todos os familiares, associados ou não, terão preferência em relação aos não familiares nas salas disponíveis para assistir ao julgamento. Dúvidas sobre o julgamento, lugares aos familiares, credenciamento e demais informações podem ser conferidas na página do Facebook da AVTSM.

ACOLHIMENTO
Durante os dias de júri, haverá uma equipe de profissionais da saúde, por meio do Acolhe Saúde, disponíveis para o atendimento aos familiares e sobreviventes. São psicólogos que os pais já conhecem e já estão familiarizados com as histórias de cada um. Alguns vão para a Capital e se somarão a voluntários que estarão lá. A Tenda do Cuidado, como tem sido chamada, será montada próximo ao Foro Central. 

COMO DOAR:

Podem doar tanto pessoas físicas quanto jurídicas pelos seguintes meios:

O CASO
O incêndio ocorreu em 27 de janeiro de 2013,em Santa Maria. Morreram 242 pessoas e outras 636 ficaram feridas. O julgamento do processo foi transferido para a Comarca da Capital, por decisão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Inicialmente, o desaforamento foi concedido a três dos quatro réus - Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann e Marcelo de Jesus. Luciano Bonilha Leão foi o único que não manifestou interesse na troca (o julgamento chegou a ser marcado em Santa Maria) mas, após o pedido do Ministério Público, o TJRS determinou que ele se juntasse aos demais.

No processo criminal, os empresários e sócios da Kiss, Elissandro e Mauro, e os integrantes da Banda Gurizada Fandangueira, o músico Marcelo, e o roadie (encarregado pela troca de instrumentos) Luciano , respondem por homicídio simples (242 vezes consumado, pelo número de mortos; e 636 vezes tentado, número de feridos).


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