Os moradores dos bairros Noal e Natal, em Santa Maria, são vizinhos, mas, há nove anos, têm suas rotinas dividas por um muro de 370 metros. Durante todo esse tempo, a construção gerou discordância entre os moradores dos dois lados. Os insatisfeitos se organizaram e fizeram um abaixo assinado para a destruição da estrutura, fato que reativou a polêmica sobre o muro da discórdia.
Se do lado do Noal, os moradores zelam pela segurança, do lado do Natal, a vizinhaça reclamam da falta de praticidade no trajeto para o trabalho e para a escola. Além disso, alguns encaram o isolamento como preconceito.
Leia outras notícias de Geral e Polícia
Não somos diferentes de ninguém. Pelo contrário! Trabalho, crio meus filhos e não concordo com esse muro isolando o bairro. Em função do bloqueio, tive que mudar meus filhos de escola. Tínhamos que contornar o muro e caminhar oito quadras, passar pela faixa movimentada, sem calçada, era muita exposição ao perigo reclama Noeli Machado Leão, 28 anos, empregada doméstica, mãe de três filhos em idade escolar, e que reside no bairro há sete anos.
Morador do bairro Natal há mais de 30 anos, Arlei Alves de Mello acredita que não é necessário destruir o muro em toda sua extensão. Para ele, apenas liberar a passagem pelas ruas Goiânia, O Jornal A Razão ou Vicente Noal, por exemplo, já estaria de bom tamanho.
Entendo que, há quase 10 anos, a insegurança e a violência eram grandes aqui na região. Mas, hoje em dia, temos famílias, trabalhadores e muitas crianças residindo no bairro. Infelizmente, existe violência e roubo em todas as regiões da cidade. Isso não é problema apenas deste ou daquele bairro opina.
Leia notícias do projeto Diário nos Bairros
Ana Paula Gomes Martins, 28 anos, também empregada doméstica, mora a poucos metros do trabalho, que fica na Vila Noal. Porém, precisa contornar oito quadras de muro. Além disso, os quatro filhos em idade escolar também fazem o mesmo caminho para chegar à escola.
O resto do muro é indiferente. O único problema é o trecho que impede o trânsito pelas ruas próximas a escola diz ela.
Construção foi erguida em um terreno particular, com aprovação da comunidade
Morador e membro da Associação do bairro Noal, Waldir Arend foi um dos mediadores que negociou a construção do muro em 2007. Ele conta que, na época, tudo aconteceu em comum acordo com os moradores dos dois bairros.
No final de 2006, alguns invasores montaram um acampamento no terreno em questão, demarcaram o local e ficaram por ali. Nós, da associação, entramos em contato com o proprietário legal do espaço e fomos autorizados por ele a negociar com os invasores. Inclusive, temos até hoje um contrato de comodato em nome da associação, comprovando que o muro foi erguido em um terreno particular explica.
De acordo com Arend, na época, havia muitos furtos no bairro, principalmente, de móveis e material de construção. E, após a construção do muro, os moradores constataram mais segurança na vizinhança.
João Batista Gomes, que reside no bairro Noal desde 1989, recorda que tudo aconteceu com o consentimento da vizinhança de ambos os lados, conforme, ele garante, comprovam os documentos da Associação.
Foi um acordo entre os representantes dos bairros Noal e Natal, pois, na época, eles entenderam que se tratava de uma obra em um terreno particular. Não havia mui"