Um velho problema que parece ter se intensificado nos últimos meses está deixando mães e pais desesperados em Santa Maria: a falta de médicos pediatras. Nos postos de saúde da cidade, o déficit de profissionais da área aumentou depois da obrigatoriedade do ponto eletrônico nas unidades, que passou a valer no dia 1º de julho.
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A Secretaria de Saúde não informa o número de especialistas que teriam pedido demissão ou que estão em licença, mas, de acordo com um levantamento feito esta semana pelo Diário, dos 14 postos de saúde da cidade, oito estão sem pediatras (pelo menos seis médicos estariam de licença, atestado médico ou em férias e outro teria pedido demissão depois da implantação do ponto eletrônico). Ainda conforme o levantamento, quatro unidades contam com um profissional e dois estão com atendimento normal.
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Um dos postos que não têm mais pediatra é a Unidade Básica de Saúde (UBS) Kennedy, no bairro Salgado Filho, que está há mais de um mês sem especialista. Com isso, a referência em atendimento infantil na rede pública de Santa Maria é o Pronto-Atendimento (PA) do bairro Patronato, que recebe de 180 a 200 crianças por dia. Segundo a coordenadora do PA, Cleci Cardoso, a unidade conta com um profissional de dia e dois plantonistas à noite. Ainda de acordo com a coordenadora, um pediatra está em licença, outro foi exonerado e um terceiro morreu. Nenhum foi substituído ainda.
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Peregrinação
A dona de casa Priscila de Fátima do Amaral, 37 anos, mora na localidade de Lajeadinho, no distrito de Boca do Monte. Ela e a filha, Júlia, 9, tiveram que percorrer mais de 50 quilômetros até o PA do Patronato em busca de atendimento médico.

– Ela passou mal na quarta-feira, estava com dor de cabeça e vômito. Faz meses que estamos sem clínico geral no distrito e ninguém faz nada – diz Priscila.
Nas unidades 24 horas
Na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), no bairro Perpétuo Socorro, a defasagem no setor de pediatria aumentou nos últimos meses, de acordo com o administrador Rogério Carvalho. A unidade conta com 13 pediatras na escala de plantão, mas, segundo ele, seriam necessários mais quatro ou cinco para estabilizar o atendimento. Outro problema enfrentado na instituição é a falta de leitos para a especialidade. A UPA conta com quatro leitos de pediatria, mas há situações em que as crianças precisam ser internadas em leitos de adultos.
– Estamos atendendo hoje uma média de 140 crianças por dia. Normalmente, atendíamos umas 70. A demanda aumentou com a chegada do inve"