O fenômeno BookTok: o que fazem e o que leem as booktokers de Santa Maria

O fenômeno BookTok: o que fazem e o que leem as booktokers de Santa Maria

Nathália Schneider

Usuário do TikTok ou não, é impossível negar o fenômeno dos vídeos curtos que têm revolucionado as redes sociais. Além de impulsionar diversos setores, como o musical e dos influenciadores digitais, o TikTok agora também abriga uma comunidade literária: os BookTokers. O Diário conversou com duas booktookers de Santa Maria para saber mais sobre a comunidade que segue em ascensão na rede social.


O que fazem os booktookers?

Vídeos com indicações de livros, resenhas e outros conteúdos para os amantes da literatura, alimentam a tag #booktok, que acumula mais de 105 bilhões de visualizações no TikTok. E não são só os conteúdos dos livros que fazem sucesso na hashtag, dicas de decoração para estante de livros e temas relacionados também interessam os usuários.


BookTookers para acompanhar em Santa Maria


Livros e indicações de leituras sempre foram assuntos que a publicitária Vitória Damian, 23 anos, gostava de explorar nas conversas entre amigas. O que era para ser um diálogo descontraído com o círculo de amizades, se tornou muito maior quando ela descobriu o BookTok e perdeu a vergonha de gravar os próprios conteúdos. Conforme a publicitária, que administra a conta @vi.tor.ia1 no TikTok, ela encontrou na comunidade um local com o qual se identifica e se sente respeitada.

– Esse espaço é de extrema importância. É muito louco ver a quantidade de pessoas que me mandam mensagem porque realmente querem saber minha opinião sobre um livro, ou que começaram a ler por conta das minhas indicações. A quantidade de leitores aumentou muito nos últimos anos, e acredito que o BookTok tenha ajudado muito nesse crescimento – comenta.

Apesar de ter preferência por livros de mistério e suspense, a booktoker tenta recomendar um pouco de cada gênero, o que condiz com o hábito de leitura diversificada que ela tem. Com mais de 63 mil seguidores e cerca de 870 mil curtidas na rede social de vídeos curtos, Vitória indica livros com bom humor e sinceridade. Tanto que o primeiro conteúdo dela que viralizou foi sobre a série de fantasia “A Passa-Espelhos, na qual ela fala que não faz o gênero dela, mas que a conquistou mesmo assim. O vídeo foi um divisor de águas e proporcionou para a booktoker as primeiras parcerias com editoras de livros


Do Bookstragam para o BookTok

Desde o Ensino Médio, Laura Coelho de Almeida, 23, tinha vontade de falar sobre livros na internet. Na época, já acompanhava produtores de conteúdo, principalmente no YouTube. Com vontade de investir no sonho de falar sobre livros, a estudante começou um blog em 2014, mas não se adaptou ao formato. Depois, quando começou a cursar jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria, tentou manter um canal no YouTube dedicado para falar sobre livros. Por falta de equipamentos e tempo, não conseguiu se dedicar tanto quanto gostaria. 

Entre idealizações e tentativas, Laura resolveu apostar em um novo formato no Instagram (@whatalaura_) e, mais recentemente, no TikTok (@whatalaura).

– No final de 2021, descobri o bookstagram, a comunidade literária no Instagram. Me apaixonei pelo formato e comecei a produzir conteúdo oficialmente. Já estou há 2 anos e 5 meses produzindo conteúdo no Instagram e, agora, em 2023, estou começando no TikTok de vez.

Como a comunidade BookToker é muito grande, os conteúdos são diversos e nem sempre agradam a maioria dos leitores. Por isso, apesar de Laura perceber como um espaço muito acolhedor, ela nota que nem todos lidam bem com críticas aos livros mais queridinhos. Mesmo assim, ela mantém o foco nos conteúdos de resenha, lista de livros temáticos e comentários literários, principalmente sobre os três gêneros que ela mais consome: romance, fantasia e suspense.

Para ela, o fenômeno do BookTok é mais amplo e se estende para várias “bookredes”, como Instagram e YouTube. E o assunto é tão familiar para a jornalista que virou até tema da dissertação de mestrado que ela vai defender durante o mês de fevereiro.

– Além de ser muito importante para formar novos leitores e incentivar a leitura no Brasil, as bookredes são essenciais também para os autores nacionais independentes. Com a ascensão das bookredes, esses autores ganharam mais espaço, ao passo que os produtores de conteúdo passaram a divulgar os livros que leem, sendo alguns deles nacionais (e de autores independentes). Isso faz com que o mercado se movimente e as pessoas passem a ter interesse em livros nacionais.

Incentivo à leitura



“Uma das comunidades mais ativas no TikTok, com bilhões de visualizações, o #BookTok cresceu a ponto de exercer impacto real nas vendas mundiais de livros físicos. Na prática, o sucesso de um título nas livrarias ficou cada vez mais dependente de uma enxurrada prévia de milhões de resenhas trocadas pelos usuários do aplicativo.”


www.publishnews.com.br



“O TikTok se tornou um dos maiores incentivadores da literatura. O aplicativo que decolou durante a pandemia não deixou de estar em alta. Seus vídeos curtos com humor e conteúdo conquistaram a todos. Entretanto, é o nicho Booktok que realmente atraiu a atenção do público. De acordo com uma pesquisa realizada pela Publishers Association (PA), 59% dos jovens entrevistados afirmam que só descobriram a paixão pela literatura com as histórias indicadas na plataforma Booktok do TikTok.”


https://geekpopnews.com.br

Três formas de facilitar o hábito da leitura

A cada novo ano, novas metas e novos hábitos são estipulados. Um dos mais populares é o de leitura. Há quem queira retomar o gosto por obras literárias, inserir a leitura na rotina, ou até mesmo aumentar o número de livros lidos por ano. Como nunca é tarde para começar, o Diário separou três iniciativas diferentes para quem quer (re) encontrar o seu leitor interior.

Clubes de assinatura de livros

Apesar de ser uma prática valorizada, as idas às livrarias e bibliotecas já não são tão comuns como antigamente. Os processos do mercado literário se reinventaram e, atualmente, uma das experiências cobiçadas pelos amantes da leitura é receber o livro no conforto de casa. Para quem tem fome de ler e quer receber livros novinhos a cada mês, os clubes de assinatura de livros são uma boa pedida. Com edições exclusivas e brindes, a experiência transcende a leitura para uma sensação de exclusividade.

Uma das alternativas mais conhecidas no Brasil é a TAG Livros, que conta com as opções Inéditos (best-sellers e grandes apostas literárias) e Curadoria (livros transformadores e inesquecíveis, indicados por grandes figuras da cultura).  E não são apenas os jovens e adultos que podem aproveitar essas iniciativas. O clube de assinatura Leiturinha é voltado para crianças desde o nascimento até os 12 anos de idade e conta com brinquedos, jogos educativos e quebra-cabeças.

Apps de leitura

Um aplicativo capaz de ajudar pessoas que têm meta de leitura é o Cabeceira. Desenvolvido também pela TAG livros, a ferramenta auxilia a organizar os livros e a manter o hábito de leitura em dia. No app, é possível calcular o tempo de leitura necessário para terminar um livro e até ativar o envio de notificações para ler em determinado horário.

Outra vantagem é que o aplicativo reconhece o seu gosto literário e indica novos enredos e autores que você possa gostar no momento. Para ajudar na motivação, a ferramenta também oferece recompensas para aqueles que atingem os objetivos literários. O aplicativo é gratuito e está disponível para Android e iOS.

Clubes de leitura

Em Santa Maria, existem ações que incentivam a leitura de forma coletiva, como os clubes de leitura. Um deles é o Bem Ditas (@bemditasclubedeleitura), um clube voltado para a leitura de mulheres. Instigadas pela pergunta “Quantos livros de literatura escritos por mulheres você já leu?”, as idealizadoras Débora Leitão e Monalisa Siqueira criaram o clube em junho de 2017, com o objetivo de incentivar outras pessoas a lerem obras de autoria feminina. A escolha das leituras ocorre por indicação e curadoria das criadoras.

– Desde o começo tivemos uma preocupação que era ler mulheres negras, ler mulheres de vários lugares, não só europeias ou norte-americanas, mas também latinas, asiáticas, africanas… Pessoas de outras partes do mundo e gêneros literários diferentes. Tem uma diversidade nessa escolha – explica Monalisa.

Outro clube de leitura da cidade é o Athenados, que existe desde 2014. Os livros são escolhidos por votação dos participantes ou curadoria e, atualmente, os encontros ocorrem mensalmente de forma remota. Além deste, também existe o clube Athenados na TV, que surgiu de uma demanda de discutir livros que têm adaptações para filmes ou séries. Como essas obras são mais extensas, os encontros também possuem um intervalo maior.

Todos os grupos são gratuitos e abertos ao público.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

imagem Mirella Joels

POR

Mirella Joels

[email protected]

Anterior

Tendência: peças amplas, look do dia e dica de comédia romântica

Próximo

Noite Cultural promove a volta do carnaval de rua em Santa Maria

Revista Mix