40 anos de jornalismo: a trajetória de Claudemir Pereira, construída sob o olhar de muitos leitores, ouvintes e admiradores

Esta matéria foi feita  à revelia do “entrevistado”. Quer dizer, Claudemir Pereira não foi entrevistado para que se construísse o seu perfil. O motivo é muito simples: ele descartaria a ideia. “Pra quê?”, retrucaria de pronto. Porque é pauta. Porque 40 anos não são 4. Para assinalar uma trajetória importante, construída sob o olhar de muitos leitores, ouvintes e admiradores (e opositores, ele completaria). Há, inclusive, os fãs. Acreditem: alguns dizem adorar a gargalhada extravagante do caro jornalista. Pois bem! Como sócia e mana do coração, afirmo que me ative aos fatos. Procurei não deixar transparecer (não tanto, ao menos) o carinho imenso. Já a minha gratidão a esse cara generoso, que não se furta a ensinar o que sabe a quem quer aprender, é explícita. Obrigado por ter sido o exemplo que me fez decidir ser jornalista. Obrigada por me deixar perceber, ainda guria, o entusiasmo de uma profissão que vai à rua, que convive com as pessoas, que pode ajudar a transformar a sociedade para melhor.


Memória invejável. Disciplina e seriedade notáveis. Gargalhada inconfundível. E por aí poderia seguir a lista de características (as favoráveis, claro!) do jornalista Claudemir Pereira, 64 anos. Intrigas da oposição poderiam alegar impaciência e mau-humor, mas este não é o foco. Já a adoração por esportes não pode ficar fora do primeiro parágrafo, nem o favoritismo exercido pelo cafezinho. Até coleção de canecas ele tem.


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Profissional reconhecido da imprensa local, Claudemir se construiu santa-mariense ao longo de quatro décadas no comando de microfones e páginas impressas. Desde 2004, é responsável pela assessoria de comunicação do Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo. A partir do ano seguinte, quando criou o site que tem o seu nome, passou a trafegar pelas vias digitais. E, em tempos de convergência de mídias, também dá conta da telinha da TV.

Com o Sala de Debate, atração que acompanhou tendências e atualizou o formato radiofônico, ele está no ar diariamente, de segunda a sextas-feiras, pela Rádio CDN e pela TV Diário (canais 26 e 526). E quando o âncora Claudemir Pereira encerrar o programa na próxima quinta-feira, 31 de agosto, estará fechando um ciclo de 21 anos à frente das discussões do meio-dia, das polêmicas, dos questionamentos.

Ficará quieto? Nããão! Por mais que brinque que tem “muito passado e escasso futuro”, reconhece que parar é só no “dia em que não tiver mais vontade de expor o que eu penso”. No Diário mesmo, seguirá dando longevidade à coluna semanal impressa, onde aborda a política local.


LINHA DO TEMPO

O percurso “claudemiriano” (palavra de sua própria lavra) começou aos 17 anos, quando veio para a Região Central para estudar Direito. Um ano depois de a família se mudar para Alegrete, em função de ascensão profissional do patriarca, o filho mais velho do “seu” Assis (in memoriam) e da “dona” Mafalda ingressava na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na ocasião, o guri nascido em Baliza, localidade do interior de Gaurama, e criado em Erechim talvez ainda não soubesse que estava vindo para ficar.

As raízes que começavam a fixá-lo no Coração do Rio Grande foram se ampliando em diferentes aspectos. Uma colega de faculdade foi a ponte para levá-lo à Família Foletto, agregando mais um filho à prole de “dona” Wilma e do “seu” Antônio. Mas por que não mais uma mãe santa-mariense? Aí, entra a “dona” Ziza. E, anos depois, surge a ramificação essencial: o casamento com a Fabiana, e os filhos Bianca e Pedro.


AJUSTE DE ROTA

Na formação profissional, o então futuro advogado decidiu recalcular a rota no terceiro ano de faculdade. Já envolvido com a militância estudantil e ao lado dos contrários à ditadura instalada no país, quis seguir a escolha de amigos e inscreveu-se no primeiro edital para transferências internas na UFSM. Só contou em casa depois do resultado. Deu certo: tornava-se estudante de Comunicação Social (como o curso de Jornalismo se chamava à época). Mais tarde, quando surgiu oportunidade, ainda cursou um ano de Administração (em Caxias do Sul).

Claudemir sequer esperou a formatura, que ocorreu em dezembro de 1983, para começar na profissão. São de junho de 1982 suas primeiras palavras ao microfone da Rádio Imembuí. Ele conta que o desempenho não agradou. Mas logo melhorou. Seu currículo registra uma década na rádio, como repórter, apresentador e comentarista. Consta, ainda, breve passagem como gerente geral. O impulso inicial na profissão não foi esquecido. Claudemir expressa, reiteradamente, a gratidão ao jornalista e advogado Vicente Paulo Bisogno.

– O primeiro chefe. Foi capaz de superar resistências para me manter e segurar todas as pressões, e até algumas previsões, segundo às quais eu jamais poderia trabalhar em rádio, meio pelo qual, orgulhosamente, iniciei minha carreira – escreveu Claudemir, nas páginas de agradecimentos, em seu primeiro livro.

O ingresso na faculdade, aos 17 anos, teve o impacto de uma época em que as distâncias não eram encurtadas pela Internet e suas facilidades. Entre as decisões da juventude, a opção por buscar a transferência para a Comunicação, deixando o curso de Direito no terceiro ano. Em dezembro de 1983, quando foi o orador da turma, já atuava na imprensa local.


Gratidão, aliás, é outras das qualidades a serem listadas. Outro nome que figura em sua memória afetiva é o de Luizinho De Grandi. O empresário também acreditou no potencial do iniciante. Em ato ousado, alçou o “gurizinho” de 24 anos, que fazia esportes, ao cargo de editor-chefe em 1983. Claudemir reconhece que não foi fácil coordenar uma Redação inteira com idade e experiência superiores a dele.

– Mas eu não me mixo – sentenciou, em entrevista ao programa DNA, no ano passado.

Não mesmo. Foi editor-chefe de A Razão até setembro de 2003, onde também atuou como chefe de reportagem e colunista. Em um intervalo, de 1991 a 1993, foi secretário de redação e editor-chefe do jornal Pioneiro, de Caxias do Sul. Fora daqui, também atuou em São Miguel do Oeste (SC).

Claudemir asumiu a chefia da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Santa Maria, em 1995. E, na área empresarial, foi o primeiro a editar jornais de instituições como Câmara de Comércio Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), Associação de Jovens Empresários de Santa Maria (Ajesm) e Associação da Indústria da Construção Civil (Ascon). Outro feito pelo diretor da CP&S Comunicações foi o projeto editorial-gráfico de O Jornal, de Concórdia (SC), em 2001.


Entre chegadas e partidas, foram 20 anos envolvidos com o jornal, em diferentes funções. Começou como repórter. Grande parte do tempo esteve na coordenação, como chefe de reportagem e editor-chefe. Em paralelo a outro cargo ou não, também assinou colunas de informação e opinião sobre o cenário político de Santa Maria.

LIVROS

Expandindo dos jornais para os livros, Claudemir lançou dois. Em 2003, publicou E esse futuro que não chega (ou como se comportam os que detêm algum poder em Santa Maria), tendo por base artigos publicados no jornal A Razão. Em 2004, veio A Batalha de Outubro, focalizado especificamente o pleito municipal daquele ano. Há quem instigue por um terceiro. A ideia talvez venha a ser considerada “quando eu me aposentar”, cogita Claudemir.


Enfim... São 40 anos de jornalismo santa-mariense. Quatro décadas de “oportunidade de falar bobagem”, nas palavras do próprio, que não disfarça a satisfação pela construção feita.

 

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