artista, palhaço e vice-versa

Felipe Mendes, o palhaço Katu Piry, fala sobre a carreira e a importância da palhaçaria

Rodrigo Ricordi

Foto: Rodrigo Ricordi (Diário)

Tem gente que tem medo, tem gente que adora, tem criança que ri e criança que chora. A figura do palhaço é, por vezes, um enigma, por vezes uma diversão. Há quem faça do palhaço a vida e a profissão. Rimas à parte, Santa Maria convive com um cara alto, de nariz vermelho, cara pintada e voz fina já há algum tempo. Seja voando sobre a Avenida Rio Branco e Praça Saldanha Marinho içado por um guindaste, andando pelas ruas ou nos palcos, o palhaço Katu Piry faz parte de eventos públicos, de musicais de Natal, de festas particulares e eventos corporativos, de projetos presenciais e da internet e se tornou um símbolo da arte santa-mariense, que encanta crianças e adultos. E é com humor e muito profissionalismo que Felipe Mendes toca a carreira artística que rende frutos a cada projeto. Por exemplo, a apresentação virtual do espetáculo Quando o Riso Bate na Porta, foi indicada no Rio Web Fest 2021, maior festival de webséries do mundo, na categoria Melhor Teatro Gravado e, também, o Programa do Katu, como melhor vlog. A Revista MIX conta a história do artista e do palhaço, embasada por colegas, amigos e familiares, que pintam quem é o dono do talento do alter ego do Katu Piry.

O guri engraçadinho 

Felipe Mendes tem 30 anos e acredita que a arte de rir o acompanha desde criança, tanto que seu personagem principal, o palhaço Katu Piry, surgiu naturalmente. Ele recorda que se apaixonou pela arte ao começar a dançar em um projeto social, aos 14 anos. A palhaçaria entrou, de fato, na vida do artista em 2007, quando foi convidado por outro colega a atuar em um evento.

- Eu comecei a trabalhar como palhaço direto em um evento com intervenção artística. Diferente de outros artistas que fazem curso ou oficina, eu já entrei na pauleira. Fiz perna de pau, Chaplin e, em 2010, eu entrei para a Cia. Sorriso com Arte. Dava aula de dança e fazia parte de um espetáculo do grupo - relembra.

O nome da figura surgiu durante um ensaio de uma forma simples. Felipe trazia na mochila um bonequinho que se chamava Catupiry e sugeriu que seu personagem se chamasse assim:

- Na época, quem fazia dupla comigo era o Jean Mendes, daí eu era o Katu e ele o Piry. Mas daí eu pensei que se meu nome é Katu, meu sobrenome é Piry. Depois disso, eu comecei a trabalhar muito como palhaço. Comecei a me entender muito neste universo. E passei a trabalhar com o Tiago Teles, com a Ilógica Cia. e estamos até hoje.

Mas, mesmo antes de entrar na dança, ele já encantava amigos, colegas e familiares com o talento. Quem conta é a mãe, dona Vera Lucia Brazil Gonçalves, 59 anos

- Sempre encantou a família com as brincadeiras e alguns personagens. Ele interpretava um anãozinho que se destacou e fazia todos rirem. Minhas irmãs sempre diziam, de brincadeira, para levar ele na Globo. Desta época em diante, eram pequenos personagens. Me emocionava bastante, mas era criança e tudo era apenas brincadeira. Para ele, e pra nós pais. Tenho muito orgulho do meu filho, tanto no profissional, quanto do homem que ele se tornou.

Arte e credibilidade
Formado em Licenciatura em Dança na Universidade Federal de Santa Maria, Felipe também aperfeiçoou a palhaçaria na Escola Internacional de Circo, em Florianópolis, justamente para aprimorar o que veio a ser seu trabalho oficial como artista.

  - O palhaço tem uma licença social de você chegar e abraçar uma pessoa. Mas se a pessoa nunca viu o Felipe, eu vou abraçar e ela vai achar estranho. Mas se a pessoa nunca viu o Katu Piry, essa imagem já está estruturada como uma permissão de fazer graça. Para mim, ser palhaço é fazer com que o universo da criança continue sendo infantil. Para que, de repente, ela cresça com menos camadas preconceituosas, e o que uso para fazer graça se torne tema de conversas dela com os pais em casa.

SUCESSO
Felipe afere seu sucesso a uma busca de ser e fazer o melhor sempre. Para ele, estar como palhaço com sono, é a oportunidade de fazer o melhor palhaço com sono possível, quando está com fome, fazer o melhor palhaço com fome possível.

- Ser palhaço, hoje, é conseguir fazer o que eu amo. É conseguir deitar no travesseiro e saber o que o que eu estou fazendo é o melhor que eu que eu consegui naquele dia. Eu sempre vou dar o meu melhor, isso além de ser bom para empresa Catupiry é bom para o Felipe. É bom para o Felipe saber que pode dormir com a consciência tranquila de que fez seu melhor.

IMPULSO
O artista conta que passou por muitas dificuldades financeiras, a ponto de passar um ano sem água e luz, além de ter sofrido uma tragédia familiar, em que a violência vitimou o pai e o irmão dele, em 2018. Questionado como conseguiu seguir fazendo graça frente a experiências de vida difíceis, Felipe é enfático ao dizer que sua carreira artística serve para que ele não passe por certas situações novamente.

- Essas coisas ruins que aconteceram comigo são trampolins. Se tem uma pessoa passando por isso, não tem porque eu ficar dessa maneira, posso ir ali dar uma ajuda. Essas dificuldades servem como trampolim para que eu tenha a possibilidade de fazer as coisas diferentes e não voltar a passar por isso - reflete Felipe.

O CANAL
O Programa do Katu, indicado a melhor vlog no Rio Web Fest é publicado no canal do YouTube do artista, basta procurar por KatuPiry - O Palhaço. Os vídeos tratam de temas atuais, sempre trazendo discussões interessantes sobre a sociedade a serem debatidos entre pais e filhos. No canal, há também o making-off da peça Quando o Riso Bate na Porta, que concorre no mesmo festival como melhor teatro gravado. Katu Piry é muito atuante nas redes sociais, para acompanhar as peripécias do palhaço ou mesmo contratá-lo, os canais são Instagram e Facebook.

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