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Barbie: a boneca mais famosa do mundo chega aos cinemas com muito a dizer (e representar)


A boneca Barbie e seu inseparável namorado Ken estão chegando pela primeira vez em carne e osso aos cinemasFoto: Divulgação


Você conhece Barbara Millicent Roberts? Provavelmente, não. Mas o apelido dessa jovem de plástico, de 64 anos, está na mente de todos. Estamos falando da Barbie, a famosa boneca loira, criada por Ruth Handler, na época, presidente da empresa estadunidense Mattel, em 9 de março de 1959. Ela, que batizou a boneca com o nome da própria filha, faleceu em 2002, já conhecedora da magnitude mundial que sua invenção tomou, mas sem saber que, finalmente, Barbie ganhará as telonas do cinema. Curiosamente, a boneca já foi tema de vários produtos, roupas, livros, músicas e animações. Mas vai ser no próximo dia 20 de julho que Barbie, pela primeira vez, surgirá em carne e osso.

O filme, que leva seu nome, finalmente saiu do papel e traz a premiada atriz Margot Robbie interpretando a boneca mais famosa do mundo. É o primeiro filme da franquia em formato de live-action (ou seja, com atores reais). A direção ficou por conta de Greta Gerwig (de Lady Bird e Adoráveis Mulheres), uma das poucas diretoras mulheres já indicadas ao Oscar. Ela também assina o roteiro, juntamente com Noah Baumbach. O que se sabe até agora sobre a trama é que, após algumas tomadas de consciência na Barbielândia, a boneca parte para o Mundo Real (o nosso) em busca do verdadeiro sentido da vida. Seu eterno namorado, Ken, também está no filme. Ele será interpretado por Ryan Gosling.

O desenvolvimento do filme começou originalmente em 2009, na Universal, e depois passou para a Sony. Após várias mudanças de escritores e a escolha de duas atrizes diferentes para interpretar Barbie, os direitos foram transferidos para a Warner Bros. Pictures, que finalmente tirou o projeto do papel.


À direita, a primeira Barbie da história, criada em 1959. Com 28 centímetros de altura, foi a primeira boneca produzida em massa nos Estados Unidos com feições de adulta. Ao lado, a atriz Margot Robbie reproduzindo o look fielmente


Sucesso por aqui

Segundo o site Ingresso.com, um dos maiores do ramo no país, Barbie já vendeu mais ingressos antecipados do que qualquer outro filme de 2023 no Brasil. A empresa também revelou que as expectativas de pré-venda para o filme foram superadas em 166%, e que, é claro, o longa lidera o ranking de mais vendidos de julho na plataforma.

Os ingressos para Barbie começaram a ser vendidos no início do mês e, após os cinco primeiros dias, o filme já se consolidou como a maior pré-venda do ano no site. Aqui em Santa Maria, tanto a rede Cinépolis, no Shopping Praça Nova, quando a Arcoplex, no Royal Plaza Shopping, também já estão com ingressos para sessões dubladas e legendadas do filme à venda para os dias 20 a 26 de julho.

E, conforme o site Ingresso.com, quem quiser estar entre os primeiros a assistir um dos filmes mais aguardados do ano deve correr: muitas sessões já estão praticamente esgotadas!


Barbies e Kens

O intenso marketing para o filme já começou apresentando os principais personagens que fazem parte da história. E a revelação é de que vários atores e atrizes interpretarão diferentes versões de Barbies e Kens, o que conversa com o fato de que – de fato - vários modelos dos bonecos foram sendo lançados ao longo dos anos.

Em busca de representatividade, desde seu lançamento nos anos 60, foram criados novos modelos de Barbies, com novas roupas, penteados e maquiagens, tornando-se mais contemporânea com o decorrer dos anos. Também surgiu sua família, em 1961, com a chegada de seu namorado, Ken.

Desde os anos 80, começaram a aparecer alguns modelos limitados da Barbie, com riqueza de detalhes e acessórios. Surgiram as Barbies de fantasia, vestidas de fada, princesa e sereia, assim como as famosas Barbies de quase todas as profissões possíveis, como bailarina, cantora, pianista, médica, professora, policial, piloto, astronauta, etc. Em junho de 2018, a Mattel lançou a Barbie Engenheira Robótica para encorajar meninas a aprenderem programação, vestida de calça jeans, camiseta, jaqueta jeans e usando óculos de proteção.



As características físicas de Barbie também foram mudando. Inúmeros tons de pele, tipos de corpo e cabelo. A Barbie com Síndrome de Down, por exemplo, foi apresentada pela Mattel em abril, como parte da linha que já havia trazido anteriormente Barbies e Kens cadeirantes, com vitiligo e até deficientes auditivos. Segundo a empresa estadunidense, o objetivo é celebrar a diversidade entre as crianças com essas versões, além de combater estigmas acerca de deficiências físicas.

Conforme a publicitária e professora da Universidade Franciscana (UFN), Pauline Neutzling, o público consumidor teve um papel fundamental para a criação dessas “variantes” da Barbie:

– O público age em co-autoria na identificação de demandas sociais pró-diversidade humana nas representações da boneca e o aspecto da marca fabricante reconhece como comercialmente viável e socialmente responsável (exatamente nesta ordem) a estratégia de adaptação e renovação da boneca. Na Sociedade de Consumo, um produto só sobrevive se houver consumidores que o apreciem e aceitem adquiri-lo.


É coisa de menino? 

Tendo crescido nos anos 2000, o produtor editorial Gerônimo Souto Lima, 25 anos, lembra que eram poucos os meninos do convívio dele que se sentiam confortáveis, ou que viam como aceitável, que outros meninos também brincassem com bonecas Barbie, por exemplo.  

– Tínhamos nossos bonecos Max Steel e dos Power Rangers, mas as bonecas, tradicionalmente associadas às meninas, eram consideradas fora dos limites – relembra.

Ainda assim, sempre que possível, Gerônimo brincava com as bonecas das irmãs, fosse incluindo elas nas aventuras que imaginava com seus bonecos, ou em brincadeiras do universo delas, mas sempre com um certo sentimento de vergonha associado, um receio de ser visto transgredindo as delimitações do que eram considerados brinquedos e brincadeiras de meninos.

O filme também contará com vários "Kens", que devem se revoltar por serem "apenas os namorados da Barbie"


– Acredito que a distinção entre os gêneros nesse caso cumpre apenas um papel: o de limitar e envergonhar. Não existe sentido em proibir que um menino brinque de bonecas ou repreender uma menina por brincar com caminhões, por exemplo.

Ele também vê o filme Barbie como uma oportunidade de questionar e desconstruir essas ideias e distinções ainda tão enraizadas na cultura, bem como de confrontar os padrões impostos de beleza, masculinidade e feminilidade.

– O filme vem causando tanto alvoroço, desde que saíram as primeiras imagens, que eu acredito que o público será bastante misto. É um grande evento cinematográfico, então não vejo como alguém vá querer ficar de fora só por ser um filme da Barbie – finaliza o produtor editorial.



Pauline com suas próprias Barbies dos anos 1980Foto: Arquivo Pessoal


Uma boneca: vários apelos

Pauline Neutzling reforça que as bonecas são objeto de diversão e experimentação social pelas crianças e, por orientação cultural, sobretudo pelas meninas. Elas são incentivadas a uma simulação do cotidiano, um ensaio às funções maternais culturalmente atribuídas às mulheres:  

E a Barbie talvez tenha se destacado justamente por oferecer uma perspectiva relativamente pioneira no segmento dos brinquedos nos anos 60. A boneca não como objeto do cuidado maternal, na forma de um “bebê boneca”, mas como projeção e idealização de um feminino adulto: beleza, juventude, luxo, status social, poder de consumo, etc. Idealização esta que vem sendo problematizada pelos diferentes públicos e ajustada pela fabricante ao longo das últimas décadas.

Para a professora, a Barbie também é a produção cultural de uma determinada época e representa crenças, valores, comportamentos e ideais sustentados pela sociedade dominante vigente. Assim, a partir da observação da boneca, é possível refletir e atualizar padrões culturais, tais como as expectativas sobre o papel social da mulher e o do homem, estereótipos de gênero nas profissões, relacionamentos afetivos e padrões estéticos

– E o filme em live-action tem despertado interesse porque, pela primeira vez, a boneca “que nunca envelheceu” terá voz para falar por si mesma, encarnada por uma atriz de verdade. Vamos conhecer as ideias e sentimentos por trás do rostinho bonito e do sorriso perfeito. O quão humana essa figura super-idealizada poderá se apresentar? Quais seus sonhos, atitudes, defeitos, qualidades? Isso gera muita expectativa e curiosidade – finaliza Pauline.


Confira o trailer de Barbie:


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Bernardo Abbad

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