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Jader Maretoli precisa ir além do voto religioso

Claudemir Pereira

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Jader Maretoli fez exatos 19.487 votos em 2016, na sua primeira empreitada visando chegar à cadeira principal do Centro Administrativo. Míseros 803 a menos que Fabiano Pereira, do PSB, o terceiro colocado do pleito em que pontearam o tucano Jorge Pozzobom e o petista Valdeci Oliveira - estes bem à frente. E quase 7 mil (precisamente 6.972) votos mais que o quinto colocado, o pedetista Marcelo Bisogno, que chegou a 12.515.

Foi Maretoli, que então concorreu pelo minúsculo Solidariedade (hoje é uma das estrelas do Republicanos, ex-PRB), o grande "oh" do pleito. Afinal, de onde vieram os votos desse candidato fora dos círculos tradicionais? E surpreendentemente lado a lado a um e quase sufocando outro (Fabiano e Bisogno, que hoje ensaiam uma aliança) que representam partidos conhecidos e são nomes idem.

A pergunta foi respondida quando se soube da condição de pregador do candidato, respaldado por siglas, especialmente o então PRB, umbilicalmente ligado à Igreja Universal, que contam a seu favor com o fervor e a fidelidade dos evangélicos.

Só que, passados três anos e pouco, e já beirando novo pleito, a condição de desconhecido não pega mais. E a ambição legítima de Maretoli é vencer, e não apenas fazer sucesso. E seus adeptos também querem isso. Mas há algo fundamental, que todos já perceberam: será insuficiente, para imaginar a possibilidade de vitória, a quantidade de votos, digamos, religiosos. É preciso ir além.

Muito provavelmente, para não dizer que é certo, esteja nessa situação a raiz da tentativa, que as lideranças não confirmam, mas estão longe de negar, de conquistar a adesão do Cidadania. Menos do partido, e mais do principal nome e também pré-candidato a prefeito, o advogado e empresário Evandro de Barros Behr.

Os primeiros movimentos, ao que tudo indicam, se é que foram mesmo formalizados, não lograram sucesso. Por uma razão bem clara: Behr, com seu partido, tem ambição própria. Ainda que com tradição familiar e pessoal na política (seu pai foi prefeito e ele próprio candidatou-se a vice e a deputado), há quem acredite que possa ser o "novo" na eleição, desbancando os tradicionais, inclusive o agora notório Maretoli.

Não fosse a vontade pessoal (e ambos a tem, legitimamente) e até que a aliança poderia ser viável. Mas teria de haver um recuo. Não parece ser a intenção do agora do Republicanos. Nem de Behr. Vai daí que muito lero terá de ser levado para um acordo. Afinal, e nisso aparentemente ambos concordam, um e outro, sozinho, não tem estrutura nem força (exceto a dos evangélicos) para chegar ao topo. É a teoria. E a prática?

Boa intenção nem sempre combina com necessidade data-filename="retriever" style="width: 100%;">Não se pode dizer que a intenção de Jorge Trindade (acima, à esq.), o Jorjão, do PDT, seja ruim. Ele apresentou projeto para que os ônibus urbanos (normais e seletivos) e táxis tenham álcool em gel disponível para os passageiros.

Também é impossível negar o mérito de Valdir Oliveira (acima, à dir.), do PT, ao propor, também via projeto de lei, que hipermercados, supermercados e mercados higienizem cestas e carrinhos ao menos uma vez por dia.

Os dois parlamentares estão em consonância com a necessidade da população nesses tempos pandêmicos. No entanto, aparentemente, eles chovem no molhado - descartando o fato de ambas as propostas venham a se tornar permanentes.

Afinal, no caso de Jorjão, por exemplo, a prefeitura já determinou aos transportadores, no dia 2 de abril, no item 1, inciso IV do Plano de Transporte do município, o seguinte: "disponibilizar, em local de fácil acesso aos passageiros, preferencialmente na entrada e na saída dos veículos, de álcool em gel setenta por cento".

Quanto a Oliveira... Bem, os supermercados, praticamente todos, já estão a fazer exatamente o que o vereador sugere, e ainda acrescentando a medição da temperatura corporal, sem a necessidade de uma lei.

Resumo da ópera: ressalvadas as mais sinceras intenções dos parlamentares, e até um pouco de conversa entre poderes, as duas propostas são, com direi, desnecessárias.

Mas, enfim...

Amigo, amigão, chefinho, chefão. Ah, tá!
Funciona assim, como regra: o comandante (com seu grupo) convida outros líderes e seus aliados para exercer o poder. Mais: uma regra não escrita, mas cumprida sempre, faz com que as benesses sejam repartidas. Isto é: o chefe nunca deve ser esquecido. Seja ele o maior ou o mais próximo. Afinal, todos ganham juntos. Todos. 

Passado certo tempo, há a necessidade de renovação do poder. Aí, ocorre a separação. Não de todos, claro, mas de uma parte. Não há o que reclamar. Ou não deveria haver. E o comandante deixa de ter méritos. Assim como o chefe imediato. Só vale para os aliados do momento.

Perguntará o leitor: que charada é essa, afinal? Nenhuma. Apenas a tentativa de explicação para o que ocorre neste momento, entre PSDB e PP, quando este último se afasta da Prefeitura para bancar a candidatura do atual vice, Sérgio Cechin, à prefeitura. E bronqueia porque perdeu os cargos de confiança. Mas se não são mais de confiança, pergunta o tchó aqui, por que deveriam permanecer?

O fato é que, se até ontem Jorge Pozzobom era o tal, o amigo, o amigão, o chefinho, o chefão, agora é o "inimigo".

Só tem um porém: afinal, quem garante o dia de amanhã. No caso, o 5 ou 26 (dependendo de haver ou não segundo turno) de outubro?

Até lá, é fogo na chapa.

LUNETA
CECHIN E A...
A decisão do vice-prefeito Sérgio Cechin, de aceitar a decisão do PP e se lançar candidato a prefeito em outubro, disputando o lugar de Jorge Pozzobom, trouxe mais que a mera perda de Cargos de Confiança no Executivo. De inhapa, veio a invisibilidade oficial. Isto é, deixaram de ser notícia para a Prefeitura as andanças que ele eventualmente faça, mesmo no exercício do cargo. 

...VISIBILIDADE
Experiente que é, o pré-candidato do PP, inclusive porque vice-prefeito, cava espaços onde for possível. Foi assim, há alguns dias, na polêmica abertura da obra em estrada distrital de Boca do Monte. E também ocorreu o mesmo esta semana, com sua visita à Câmara, com direito até a passar no gabinete de edil de partido rival, no caso Daniel Diniz, do PT. No mínimo, os dois fatos garantiram espaço nas redes sociais. 

LIBERADO
Eventual adiamento do pleito de outubro (para novembro ou dezembro, ou mesmo 2020) pode resolver um problema do PT. Dá conta ao colunista militante anônimo da sigla: sem pendenga judicial, a candidatura a vice-prefeito de Marion Mortari (foto, PSD), na dobradinha com Luciano Guerra é garantida. Punição (que levaria a inevitável discussão jurídica) de perda de direitos políticos de Mortari se esgota em 7 de outubro. Logo... 

TORCIDA (?)
Há desconfiança, inclusive entre militantes dos partidos que a compõem, de que a Frente Trabalhista consiga manter juntos, na mesma chapa, estrelas do porte de Marcelo Bisogno e Fabiano Pereira. Um líder de grande calibre reconhece existir a percepção dessa dificuldade, mas aposta (ou torce, na interpretação do colunista) que seja possível e a disposição de hoje se mantenha até as convenções. 

PARA FECHAR!
íderes da Zona Norte, aparentemente, tentam fazer o que Santa Maria inteira não consegue, nas eleições para deputado: trabalham para que eleitores além-trilhos da Viação Férrea votem em candidatos a vereador identificados com a região e não em forasteiros. Já estão até listando nomes de concorrentes domiciliados por lá e de vários partidos. Funcionará? Pooois é.

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