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Visitando o passado (II)

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Meu bisavô - Hilário Antônio Rolim - utilizava sua profissão de funileiro para expressar arte. Mantinha uma cabeleira revolta, a lá Castro Alves, seu contemporâneo. Teve um segundo casamento com uma moça da família Beck, moradora da região de Água Negra, gerando mais cinco filhos, cujos descendentes se espalharam pelo Rio Grande, principalmente na região das Missões. Tenho poucas informações sobre sua vida. Do seu primeiro casamento gerou dois filhos: João Guilherme Rolim e Luiz Alves Rolim.

Meu avô João Guilherme era cidadão ativo e participante da política. Seguidor das ideias de Joaquim Francisco de Assis Brasil, participou ativamente da campanha eleitoral de 1907, onde o candidato Fernando Abbott, médico em São Gabriel, concorreu com o candidato de Borges de Medeiros - Carlos Barbosa Gonçalves - que foi o eleito, de acordo com a "práxis" da época que referendava sempre o "cavalo do comissário". Fernando Abbott apresentou em sua campanha uma proposta de governo inovadora, com ideias europeias do trabalhismo inglês. A governança de Carlos Barbosa - 1908/1913 - representou o único interregno de 4 anos nos mais de 30 anos do governo de Antônio Augusto Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul.

Em 8/09/1915 chega a Santa Maria a notícia telegráfica do assassinato do Senador Pinheiro Machado, "condestável da república", que dominava o Congresso Nacional e que foi capaz de eleger o Gal. Hermes da Fonseca como Presidente da República em pleito contra o adversário que já era conhecido no mundo inteiro como "a águia de Haia", nada menos do que Ruy Barbosa de Oliveira, senador pela Bahia. Meu avô, que era adversário político de Pinheiro Machado, foi para a frente de sua loja de móveis de vime, na terceira quadra da Rua do Comércio (atual Dr. Bozano) e soltou uma caixa inteira de foguetes... Herdei dele, através de meu pai, uma coleção em 10 volumes da História do Brasil, de Rocha Pombo, publicada no final do século XIX, que foi doada para a biblioteca do Curso de História da UFSM.

Em 1923, logo após um pleito eleitoral que elegeu, mais uma vez, Borges de Medeiros para continuar governando o Estado; em que a contagem dos votos feita na Assembleia Legislativa por uma maioria governista liderada por Getúlio Vargas, foi contestada por Assis Brasil, eclodiu a Revolução que só terminou com o "Acordo de Pedras Altas", assinado na residência de Assis Brasil: o Castelo de Pedras Altas. Meu avô apoiou a Revolução de 1923 assim como seu irmão Luiz Alves Rolim, proprietário do Hotel Lagache, em Porto Alegre, onde se hospedavam e homiziavam vários chefes revolucionários. Passada a revolução, meu tio avô teve de vender o hotel e transferir-se para o Rio de Janeiro, graças à perseguição política dos sequazes de Borges de Medeiros. É preciso dizer que Assis Brasil, junto com o Deputado Raul Pilla, em 1928 fundou o Partido Libertador, que participou da "Aliança Liberal" que fez a Revolução de 1930.

Meu avô morreu em 21 de novembro de 1941, em pleno Estado Novo que ele apoiou. Não vivenciou, portanto, a formação dos novos partidos políticos a partir de 1945. Seus filhos, criados na efervescência política dos anos 30 e do após guerra, quando da reorganização partidária dos anos 40, examinando as propostas dos partidos em formação, optaram pelo PTB, cujas ideias mais se aproximavam do antigo Partido Republicano Democrático.

Esses fatos todos estão no DNA de minha formação política. Vivenciei toda a turbulência política que agitou o Brasil a partir dos anos 40 e que agora estou revisitando.

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