plural

PLURAL: duas opiniões diferentes no mesmo espaço

18.398



Volta às aulas
Neila Baldi 
Professora universitária


style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">

Há quem pense que os(as) professores(as) estão em casa, ganhando salário sem trabalhar e, por isso, as aulas precisam voltar. Aqueles(as) que, antes da pandemia, já nos chamavam de vagabundos(as), que reclamavam de duas férias por ano, dos nossos 'privilégios', seguem nos atacando porque não têm ideia do trabalho docente.

Um(a) professor(a) não apenas leciona. Para este ato, pelo menos outras duas ações ocorrem: planejamento e correção de tarefas. Mas boa parte deste trabalho não é remunerado, pois dentro da sua jornada semanal o tempo destinado ao planejamento - que incluiria a correção das tarefas - é inferior ao necessário. E se o(a) professor(a) leciona em mais de um lugar, para várias turmas, esta falta de tempo aumenta exponencialmente. O que significa trabalho (não remunerado) aos finais de semana. No caso de nós, professores(as) universitários, temos ainda como tarefas a extensão, a pesquisa e a gestão - em cargos, comissões e reuniões administrativas.

NÃO É SÓ LUGAR DE COMPUTADOR

Na pandemia, nossas tarefas aumentaram. E estar em casa pode parecer um privilégio - por proteção à Covid-19 - mas é muito mais trabalhoso. Muitos(as) tiveram que aprender a usar outras tecnologias - sem tempo específico para o treinamento. Preparamos aulas e atividades remotas, buscando as mais diferentes formas de alcance para os(as) estudantes - não é só ligar o computador e dar aula online. São atividades escritas, impressas ou por email, pequenos vídeos, etc. E estamos disponíveis para esclarecer dúvidas, o tempo todo, fora do horário das aulas.

Uma pesquisa do Instituto Península mostrou que 35% dos docentes mudaram totalmente os seus hábitos; 41% mudaram muito e 22% tiveram que mudar um pouco. E o resultado disso? O excesso de alerta e envolvimento com as aulas online gerou esgotamento mental conhecido como burnout. Fora aqueles(as) que estão com problemas na coluna por horas à frente do computador.

Diante deste quadro, falar em volta às aulas é piada. Nunca paramos. Pode-se falar em volta à presencialidade. E aí teremos outro problema que não tem sido discutido porque, até agora, no debate, apresenta-se apenas a questão sanitária. Mas e a profissional? Como será a volta à presencialidade para este(a) professor(a) já esgotado(a)?

A proposta de que parte da turma volta, não esclarece como se dará o trabalho docente. A aula presencial será filmada e transmitida ao vivo? Ou o(a) professor(a) terá que planejar duas aulas - a presencial e a online? Na prática, terá duas turmas para atender - se, atualmente, tem uma. Ou seja, o trabalho, no presencial, será duplicado. Em que horário isso será feito? Fora da jornada? Sem remuneração? E o(a) professor(a) - que receia voltar - é vagabundo(a)...

Inimigo Invisível
Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutora

style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">

Quando eu era pequena e estudava sobre as duas grandes guerras mundiais, sempre imaginei que a terceira guerra mundial seria uma guerra de botões, onde mísseis seriam acionados pelo simples toque de botões, destruindo tudo e todos, e que seria entre as maiores potências do mundo, com armas químicas e força bélica, disseminando grande parte da raça humana e dos recursos naturais.

Com a queda das Torres Gêmeas, pensei: "os EUA irão entrar em guerra e seremos todos mortos, já que será uma guerra nuclear. Hoje o que se vê é total-mente diverso, pois a terceira guerra mundial já foi deflagrada, é guerra biológica, onde as maiores potências bélicas do mundo, encontram-se indefesas contra o inimigo invisível, todo o conhecimento sobre estratégias de guerra, poder de fogo ou tecnologia, são inócuos e insensíveis a ele.

CONFORME O AMBIENTE

A situação é agravada, pois a sua letalidade pelo mundo, demonstra que ele se modifica de acordo com o ambiente e, por mais que as autoridades sanitárias do mundo empreendam esforços, continua a avançar. Apesar da grande maioria não ter percebido a gravidade, dizendo tratar-se de simples gripezinha, o coronavírus veio para sacudir a humanidade, para mostrar que nem sempre o inimigo vem com armas químicas e força bélica, mas por um inimigo invisível, que só será vencido com a mudança de comportamento.

Esta mudança apresenta um paradoxo: uso de água com sabão, álcool em gel, máscara protetora e isolamento social. O uso da água e dos demais objetos foram aceitos com tranquilidade, mas, o isolamento social teve efeito de guerra: empresas quebraram, escolas fecharam, clubes foram desativados, casais se separaram, mulheres foram assassinadas, suicídios aumentaram, pessoas perderam o emprego, enfim, as consequências de uma guerra.

OUTRO COMPORTAMENTO

Ao olharmos a história antes da primeira guerra e após a primeira guerra, antes da segunda guerra e após a segunda guerra, vemos que há uma alteração total não só no comportamento do homem, mas também nas demais áreas. Com a pandemia não será diferente, João não fará mais o xis como fazia antes da pandemia, a dona de casa Carla não cuidará mais a casa como cuidava antes, a esteticista Claudia não tratará mais os clientes como tratava antes, pois hoje, o João passa álcool na chapa antes de dar início as atividades do dia, dona Carla passou a exigir que ninguém entre em casa de calçados, e a esteticista Claudia passou a fornecer propé para todas as clientes. Assim, veremos que "Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, mas tenhamos a certeza de que "Tudo passa, tudo sempre passará".


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Vale seis meses Anterior

Vale seis meses

PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner Próximo

PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

Colunistas do Impresso