O gigante cabresteadoGiorgio Forgiarini style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Épossível, sim, atribuir parte do atraso brasileiro ao jugo que nos foi imposto pelos colonizadores. Isso porque, para garantir seu domínio, portugueses adotaram para o Brasil uma estratégia baseada em três pressupostos: isolamento, sigilo e precariedade. A lógica era cruel, porém, eficiente: uma sociedade isolada do mundo, ignorante quanto a si mesma e desprovida de infraestrutura é, obviamente, muito mais fácil de ser controlada. Justamente por isso, teve o Brasil, durante séculos, seu desenvolvimento francamente sabotado pela metrópole. Até 1808, foi por aqui proibida a elaboração e publicação de mapas, portulanos ou estatísticas sociais e territoriais. Foram desautorizadas a imprensa, a importação de livros, a criação de universidades e até mesmo a instalação de indústrias. Os poucos teares que insistiam em funcionar eram destruídos logo que flagrados pelas autoridades. A navegação fluvial foi reprimida, assim como a abertura de estradas. Os portos brasileiros foram fechados, naquilo que recebeu o nome de "exclusivo comercial metropolitano". Nenhuma dessas restrições surtiria qualquer efeito se não contasse a metrópole com a cumplicidade decisiva de brasileiros inseridos pela metrópole em postos-chave da burocracia colonial. Deu certo: durante séculos, o Impávido Colosso permaneceu submisso a uma nação diminuta, como um cavalo cabresteado por um domador inúmeras vezes mais fraco.
UM SURTO DE EMANCIPAÇÃO
Recentemente, tivemos um rápido surto de emancipação. Nos aproximamos de potências e tivemos até certo destaque no cenário internacional. Nossa indústria naval ensaiou um salto. A de aviões, também. Empresas brasileiras cresceram, algumas até engoliram concorrentes internacionais. O desemprego caiu. Compramos carros como nunca, a maioria fabricados aqui mesmo. Jovens pobres foram para as universidades, tanto públicas quanto privadas. A construção civil bateu recordes e, para gáudio dos monetaristas, passamos por 13 anos consecutivos de superávit fiscal. Tudo ia bem, mas não para a metrópole, que já era outra, mas também não tolerava o assanhamento colonial. Valeu-se, então, dos mesmos métodos daquela anterior: isolamento, sigilo e precarização, com o auxílio decisivo, claro, de brasileiros inseridos em postos-chave da burocracia brasileira.
TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES
Eis, então, que não mais que de repente voltamos ao século XVIII. Estamos, hoje, como só se viu naquela época, isolados do resto do mundo. Informações aqui são falseadas ou sonegadas sem pudor. Nossa indústria foi desmontada, quando não vendida ao estrangeiro. O investimento foi zerado e, com ele, as chances de nos emanciparmos de fato. Tudo isso em pouquíssimos anos. Culpa da metrópole? Sim claro, mas, também, e principalmente, da maldita cumplicidade que lhe emprestam os brasileiros por ela inseridos em postos-chave da burocracia nacional. |
O vírus antiamericanoRogério Koff style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Neste 4 de julho, dia da declaração de independência dos Estados Unidos, gostaria de compartilhar uma lembrança com os leitores. Na primeira década deste conturbado século XXI fui convidado por um grupo de professores do ensino médio para uma conferência sobre Mídia e Espetáculo. Durante o debate, surgiu o tema do ataque às torres gêmeas do World Trade Center. Uma senhora, que se apresentou como professora, contou que recebeu um telefonema de sua filha na manhã de 11 de setembro de 2001, informando sobre os atentados terroristas. E ela disse que comemorou, porque finalmente os norte-americanos estavam pagando pelo imperialismo e exploração dos mais pobres. Fiquei atônito. Quase três mil civis inocentes mortos no maior atentado da história e aquela professora do ensino médio havia acabado de dizer que achava tudo aquilo ótimo. Então perguntei a ela se também ficaria feliz se a filha tivesse telefonado desesperada de Nova York, trancada em uma das torres prestes a desabar. Cheia de arrogância, aquela senhora me fuzilou com seu olhar raivoso e resmungou qualquer coisa que simplesmente não entendi. O debate acabou naquele momento. O mais assustador de tudo é pensar que aquela professora forma a mentalidade de jovens do ensino médio. Não admira que estudantes cheguem à universidade com mentes tão poluídas. Se existe alguma coisa que a esquerda não compartilha é o sentimento de tolerância.
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
O vírus antiamericano que atacou aquela senhora faz com que as pessoas acreditem que o capitalismo é culpado pelos males que assolam a humanidade e que o socialismo é a solução. No Brasil, há esquerdistas que não acreditam que os governos petistas tenham instituído a maior rede de corrupção já vista na história. Fazem de conta que o controle de escolas e universidades nunca foi tomado por militantes que doutrinam estudantes. Atribuem os 58 milhões de votos recebidos por Jair Bolsonaro a uma "conspiração da direita" para tomar o poder. Quanta injustiça.
CHAPEUZINHO VERMELHO O comportamento daquela professora do ensino médio nos fornece uma explicação para a gênese daquilo que certos jornalistas da atualidade chamam de "nova onda conservadora". Comentaristas de última hora fingem surpresa com o surgimento de iniciativas como o projeto Escola sem Partido e se mostram indignados com a eleição de Trump nos Estados Unidos e Bolsonaro no Brasil. Militontos do "Ele Não" e dos "antifas", tão tolerantes e compreensivos no passado, agora choram suas mágoas e se dizem vítimas da direita malvada. Pobrezinhos. Os mesmos que hoje reclamam das grosserias de Bolsonaro comemoraram a morte de civis em Nova York. Mas continuam acreditando que estão do lado certo da história e que foram injustiçados pelas urnas. Chapeuzinho Vermelho fez tudo o que vovô Marx mandou, mas encontrou o Lobo Mau na floresta das eleições. |