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PLURAL: os textos de Giorgio Forgiarini e Rogério Koff

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Não é mais que um até logo
Giorgio Forgiarini
Advogado e professor universitário

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Foi com o objetivo específico de pesquisar a história da Administração Pública brasileira que ingressei no Programa de Doutorado em História da UFSM em meados de 2017. Sim, pesquisar. Pesquisar para saber, para compreender, para responder àquelas perguntas que fazemos a nós mesmos. É a curiosidade que nos faz pesquisar. A pesquisa é, pois, a mania dos curiosos.

Ouso afirmar: Ninguém é feliz enquanto pesquisa. A pesquisa é cansativa, extenuante, dolorosa... Ninguém diz "oba, hoje vou analisar os orçamentos do Ministério da Fazenda de 1891 a 1945". A alegria surge quando alguma curiosidade é satisfeita por uma descoberta, porém, logo vem solapada por outras perguntas que aquela descoberta faz surgir. E assim segue o fluxo.

Analisar documentos antigos, leis, decretos, alvarás, balanços e até mesmo reportagens de jornal é tarefa que exige desprendimento, energia e, sobretudo, tempo. Digo isto para me justificar. Estou na fase final de minha pesquisa e para ela precisarei canalizar esses recursos.

Assim, por amor à qualidade que quero proporcionar aos leitores e leitoras, bem como à minha sanidade mental, informo que nos próximos 12 meses, dividirei este espaço com Marcio Felipe Salles Medeiros.

Aliás, escreverá mais ele do que eu. Eventualmente, darei meu ar da graça por estas bandas, mas com menos frequência do que vinha fazendo. Logo, logo voltarei a contribuir semanalmente, se assim Deus e os leitores do Diário quiserem. Não gosto de delongas. Então, vai lá, Márcio, agora é contigo!

UMA NOVA CONTRIBUIÇÃO

É com imenso prazer que assumo a tarefa de compartilhar este espaço com o amigo Giorgio Forgiarini. Brilhante colega de debates que me honra junto ao Diário de Santa Maria com esta oportunidade de estabelecer um diálogo com os leitores da coluna Plural.

Como pesquisador, embora tenha opiniões políticas, tento fazer com que estas não inebriem meu senso crítico. Portanto, me coloco na posição de mediador, no sentido de não buscar verdades absolutas, mas refletir sobre temas diversos e trazer reflexões qualificadas. Em um mundo dominado pelas redes sociais, este papel tem se perdido. Atores sociais, em seus trânsitos virtuais, informam-se, julgam e condenam pessoas na famosa linha da "política de cancelamento".

Ser ponderado, de outro lado, não significa ser isento, pelo contrário. Refletir e apresentar problemas e paradoxos da sociedade é o que anima qualquer sociólogo. Enquanto representante deste grupo, inclino-me a observar a sociedade com respeito e curiosidade que ela merece, buscando avaliar suas contradições socio-históricas.

Assim, inicio uma nova trajetória neste veículo, trazendo algumas reflexões a respeito de temas variados, sob o ponto de vista de um pesquisador/professor sociólogo. Espero, portanto, travar alguns debates e, na medida do possível, esclarecer equívocos intelectuais, buscando aproximar os leitores do universo sociológico.


Democracia e pedagogia
Rogério Koff
Professor universitário

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O jovem da fotografia que ilustra meu artigo é Joshua Wong, autor de um belo relato autobiográfico chamado "Democracia Ameaçada", publicado no Brasil. No livro, Wong denuncia a ditadura da China Comunista, onde a doutrinação escolar é uma prática comum, as instituições educacionais são aparelhadas pelo regime e as liberdades de expressão e de cátedra são inexistentes. Em 2014, ele organizou uma grande manifestação estudantil em Hong Kong para se opor à implementação doutrinária do currículo imposto pelo governo chinês. Naquela que hoje é lembrada como a "Revolução dos Guarda-Chuvas", jovens protestaram de forma legítima contra um regime que aplica os preceitos da liberdade apenas para os mercados externos, mas reprime seus próprios cidadãos. Eis um exemplo de luta pela democracia.

REBELDES SEM CAUSA

Enquanto isso, no Brasil, militantes atrelados a sindicatos e partidos políticos de esquerda querem vender para a opinião pública a versão de que a educação no país está sob ataque e que as universidades brasileiras estão sob intervenção. Alegam defender a democracia, mas veneram ditaduras como as de Cuba, Venezuela e da própria China. Eis um exemplo de demagogia.

No ano passado, um grupo solicitou o ingresso em minha sala de aula para falar sobre as eleições para o diretório estudantil. A discussão durou até que um deles disse que o papel das universidades era fazer oposição ao governo Bolsonaro. Antes de pedir que se retirassem, fiz o contraponto. Disse a eles que o papel das universidades era o de produzir ensino e pesquisa de qualidade, capazes de proporcionar aos estudantes sua emancipação e uma oportunidade no futuro mercado de trabalho, honrando o investimento feito pelos contribuintes.

REITORIA DA UFRGS

O projeto da esquerda ainda tem reflexos nas universidades brasileiras e, em muitos casos, conta com o apoio explícito das administrações universitárias. Ou alguém esqueceu que a caravana de Lula foi recebida em visita oficial por estas bandas, dias antes de seu ídolo ser preso por corrupção? Os recentes protestos contra a posse do novo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul são sintomáticos. O professor  Carlos Bulhões foi escolhido a partir de uma lista tríplice enviada ao presidente da república, exatamente como prescreve a lei. O processo foi legal e legítimo, não havendo golpe ou intervenção, como afirma a esquerda ressentida. As universidades gozam de plena autonomia acadêmica e científica, mas sua administração deve estar em consonância com o projeto do governo eleito democraticamente no país. O reitor da UFRGS certamente terá dificuldades para enfrentar a agenda esquerdista insuflada por grupos incapazes de distinguir entre democracia e demagogia. Espero que tenha sucesso e consiga realizar os verdadeiros objetivos da universidade pública.


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