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OPINIÃO: Deus ama a todos, indistintamente, com 'dom' ou sem 'dom'

Hoje, diferentemente do que costumo fazer, vou abordar, sem citar os nomes dos remetentes, duas questões, à luz da visão espírita que me chegam através do "in box" do Facebook. E o primeiro assunto vem de uma jovem que escreve o seguinte: "Minha mãe nos deixou no início de 2016, fruto de um câncer muito agressivo. Mais ou menos um ano depois comecei a sonhar com ela e, em todas as vezes, ela se apresentava sempre sorrindo, me parecendo feliz. No sonho, eu sabia que ela estava morta, mas isso não me assustava. Depois que eu havia sonhado com ela umas três vezes, eu levei flores no cemitério para ela. E, a partir daí, parei de sonhar. Somente em meados de 2018 é que voltei a sonhar novamente com ela e ela se apresentou sorrindo novamente". Ela pergunta o que pode significar esse sonho? É importante salientar, em resposta à leitora, que o espiritismo não tem fórmulas prontas para interpretar sonhos e seus significados. Segundo a doutrina espírita, o que morre é o corpo. O espírito, por sua vez, apenas muda de dimensão.

O sonho, em alguns casos, é quando o espírito se desprende do corpo adormecido adquirindo uma liberdade relativa que lhe permite encontrar-se com espíritos de pessoas já desencarnadas. Particularmente, no seu sonho, em princípio e sem nenhuma afirmação definitiva, é que sua mãe, provavelmente, quis lhe dizer duas coisas: a primeira é que está bem e tão viva quanto nós, pois que o espírito é imortal. E a segunda é que ela não "mora" no cemitério, pois o que está enterrado lá é como uma roupa que lhe foi extremamente útil na estada terrena para mais uma etapa do aprendizado do espírito, mas que deixou de servir e que seus pensamentos de carinho e amor em relação a ela são mais bem recebidos do que flores em um cemitério.

O segundo assunto vem de uma mãe dizendo que tem um filho com o "dom" musical, pois que desde os seis anos, sem que ninguém o estimulasse e nem o ensinasse, ele toca piano, flauta e violino e que nem ela e nem ninguém da família e nem seus descendentes tem ou tiveram nenhuma "veia" (expressão dela) musical. Ela se diz não espírita, mas gostaria de receber uma explicação à luz da visão espírita sobre esse "dom" lhe dado por Deus. E respondo da seguinte forma: segundo a Doutrina Espírita, trazemos conosco todo o nosso aprendizado construído e armazenado ao longo das nossas múltiplas encarnações através dos milênios, ou seja, somos menos ou mais adiantados, de acordo com o que absorvemos nas existências pretéritas tanto de bom quanto de ruim. Quando alguém exterioriza alguma aptidão de forma mais exacerbada, fugindo, digamos assim, da normalidade, costuma-se dizer que aquela pessoa possui um "dom", um dom dado por Deus.

Ora, se Deus é amor e justiça e ama a todos de forma igualitária, é inconcebível que Ele privilegie com dons uma infinitésima minoria em detrimento de maciça maioria que nasce e morre sem ser admirado e exaltado pelo seu "dom". Portanto, segundo a lógica espírita e agora respondendo a mãe que me escreveu, tudo aquilo que chamamos de "dom", nada mais é do que a facilidade que alguns têm para desenvolver nesta vida, esta ou aquela aptidão e/ou atividade para a qual, em algum momento na trilha evolutiva através da multiplicidade das existências na vida do espírito imortal, se identificou, estudou, trabalhou e se esforçou para adquiri-la.

Em outras palavras, quem tem algum "dom" está exteriorizando no presente aquilo com o que mais se identificou no passado. Apenas isso. O criador, assim como não castiga nenhum de seus filhos, também não dá dons para uns e não os dá para outros, pois que, se assim o fizesse, estaria apadrinhando uns e desprestigiando outros, atitude esta que é absurdamente incompatível com a Sua justiça. Você não concorda? Por isso, se você que me lê, assim como eu, nesta vida, não demonstrar, ostensivamente, nenhum "dom", não significa que foi esquecido ou desprestigiado. Claro que não! Deus ama a todos, indistintamente, com dom ou sem dom.

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