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OPINIÃO: 'Você faz as suas escolhas e as suas escolhas fazem você'

Ao contrário de outras correntes religiosas, para o Espiritismo não há castigo divino, não há destino, não há predestinação e, principalmente, não há sorte e nem azar. O futuro de cada um de nós é construído todos os dias por meio de uma liberdade absoluta exercida através de pensamentos e ações, boas ou más, que determinam o caminho a ser trilhado. A essa liberdade de escolha, prerrogativa indissociável do espírito imortal, Allan Kardec chamou de livre arbítrio, pois que, ao contrário das leis instituídas pelos homens em que o indivíduo é obrigado a cumprir as regras, a lei moral nos dá total liberdade de escolher em seguir ou não as regras das leis divinas. É importante, porém, salientar, que o livre arbítrio é sempre proporcional à condição evolutiva de cada ser. Nos primeiros momentos da vida do espírito ele está mais sujeito ao determinismo, pois que não tem o conhecimento e nem a experiência necessária para avaliar as escolhas dos seus atos. Assemelha-se àquela criança que por não ter o discernimento para avaliar as consequências dos seus atos, pratica ações que muitas vezes lhe põe em perigo.

Os espíritos de média evolução, que somos todos nós, tal qual o jovem no final da adolescência, já tem mais capacidade de decidir de forma mais clara, sobre o que é certo do que é errado, e, na mesma proporção, por via de consequência, tem aumentada a sua responsabilidade sobre os seus atos. Já, o espírito mais evoluído, estágio do qual estamos ainda muito distantes, tal qual o homem maduro que tem sua personalidade formada, possui uma capacidade de escolha, ainda maior. Na mesma proporção, porém, é, também, o seu grau de responsabilidade. Em outras palavras: tudo, na justiça de Deus, é relativo e proporcional. Tudo tem um peso.

Diferentemente da justiça dos homens, que julga e condena pelo ato, na justiça divina somos julgados pela intenção, pela simples razão de não cometermos o mal porque somos maus, mas sim porque estamos maus. Quando, através das múltiplas e sucessivas encarnações, o espírito for adquirindo consciência daquilo que é melhor para si através da aquisição de conhecimento nos mais variados aspectos, tais como afetivo, filosófico, emocional, científico, religioso e, fundamentalmente, moral, saberá, por via de consequência, empregar melhor essa liberdade, atenuando, sobremaneira, a carga de sofrimento criada pela sua própria invigilância e não por castigo divino, pois que a soma dos conhecimentos adquiridos através da multiplicidade das existências irão, gradativamente, modificando a sua visão a respeito de si mesmo, dos outros, do mundo e, fundamentalmente, de Deus, possibilitando, dessa forma, ampliar sua consciência a respeito do certo e do errado.

Mas, para isso, é preciso entender que nada cai do céu, pois para sermos verdadeiramente livres não necessariamente basta querer, é preciso fazer esforço para vir a sê-lo, visando libertar-nos da escravidão dos prazeres efêmeros que dominam, atualmente, nossos sentimentos. O livre-arbítrio é, pois, a expansão da personalidade e da consciência do espírito, é a liberdade de fazer ou não fazer, de seguir este ou aquele caminho. Deus não nos impõe nada. Pelo contrário, nos deixa livres para construir o nosso itinerário, composto, nessa faixa evolutiva em que nos encontramos, de mais erros do que acertos, de mais defeitos do que virtudes. A medida, porém, que vamos aprendendo a associar as noções de liberdade e de responsabilidade, vamos melhor exercitando o nosso direito de escolha até que, cansados de errar, seremos impulsionados por sentimentos superiores que nos permitirão desenvolver as mais variadas formas em ações de amor ao próximo e, neste momento, então, entendermos com absoluta clareza a frase do grande William Shakespeare quando disse: "Você faz as suas escolhas e as suas escolha fazem você".

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