Com a certeza de que o governador Eduardo Leite (PSDB) não concorrerá à reeleição do comando do Rio Grande do Sul, o PSDB abre mão de uma bem encaminhada sequência do atual chefe do Executivo gaúcho. Ainda que, a exemplo de qualquer governo, os problemas existam bem como as críticas e insatisfações quanto aos rumos do Estado, o fato é que Leite emplacou necessárias reformas. Algumas, bem verdade, não saíram como ele imaginava. Outras, contudo, meritórias ainda que tenham desagradado servidores e sindicatos.
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Ainda assim, Leite ganhou protagonismo na condução do Estado em meio à pandemia da Covid-19 com a adoção do modelo de distanciamento controlado. O que, por um bom tempo, se mostrou uma iniciativa acertada e referência para o país. Acontece que a manutenção demasiada deste modelo acabou por penalizar os setores produtivos da sociedade gaúcha e, por tabela, o fechamento de postos de trabalho. Eduardo Leite conseguiu colocar as contas do Estado em dia, dando sequência à política de ajuste de contas do antecessor José Ivo Sartori (MDB). E, ao mesmo tempo, deu fim ao vexatório parcelamento dos salários dos servidores do Executivo gaúcho na era do "gringo". A projeção que ele ganhou junto ao noticiário político do sudeste lhe rendeu uma condição de revelação da política nacional.
A partir daí ele iniciou a pavimentar um ambicioso caminho em direção à presidência da República em 2022. Em rota de colisão com o governador de São Paulo, João Doria, Leite rivaliza por um espaço que lhe pode dar uma projeção jamais tida.
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Porém, ao cumprir com a promessa de não buscar a reeleição do Piratini, Leite deixa um caminho aberto para não emplacar nem mesmo o sucessor. O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior comunicou que, nesta segunda-feira, irá se filiar ao PSDB. Ao deixar o PTB, do melancólico e destrasoso Bob Jefferson, Ranolfo tentará se cacifar ao maior voo de sua vida política: ser o número 1 do comando do Estado. De perfil técnico e com notórios e importantes serviços prestados na área da segurança pública, ele, que é delegado, dificilmente conseguirá preencher o vácuo deixado por Leite.
O fato é que, até aqui, o PSDB abre mão de ser competitivo e de ter um nome que faça frente aos demais candidatos. Dá para dizer, neste caso, que o projeto político e pessoal do governador se sobrepôs ao do próprio PSDB. A oposição é quem agradece.