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Governar para o mercado ou para pessoas?

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Quando Michel Temer foi brindado com a presidência do país, começou a ladainha de que para retomar o desenvolvimento era preciso atender as exigências do "mercado", um ente abstrato, não identificado, mas que costuma ditar as regras políticas e econômicas. Não se questiona o que é bom para as pessoas, mas o que é bom para o "mercado". O governo está a serviço do "mercado" .

Para atender a voracidade do capital financeiro (em especial dos banqueiros), o governo não tem limite em buscar alternativas, como as chamadas reformas trabalhista, previdenciária, administrativa, etc., e outros arrochos econômicos de toda a ordem, sendo o mais recente a tentativa frustrada de começar a "privatizar" o SUS. Medidas que trazem como efeito colateral o risco de inanição para grandes fatias da população.

As pessoas estão interessadas em ter condições dignas de vida e o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período, só tem sentido se trouxer também o aumento da qualidade de vida dos cidadãos. Nada vale um país rico se sua população estiver em dificuldades.

A atenção aos humores do mercado tem sido o foco do interesse governamental, e não me refiro somente ao executivo. A mensagem que nos passam é de que precisa "espremer" um pouco mais o cidadão comum para acalmar o deus mercado e garantir que o governo possa continuar pagando os juros que deve aos bancos. Esta é a questão de fundo do ajuste fiscal, ter recursos para pagar juros do dinheiro tomado emprestado aos banqueiros.

É neste contexto que o governo não hesita de propor (e aprovar) medidas que trazem embutidas redução de direitos à classe média, garantindo vantagens ao capital especulativo. Atender a voracidade dos bancos significa, neste momento, espremer a classe média só para honrar compromissos financeiros.

A plutocracia, que se caracteriza pelo poder exercido pela classe mais abastada, não é exclusiva do capitalismo, pois no comunismo o poder econômico fica nas mãos da "nomenklatura", como se denominava na antiga União Soviética os burocratas e a classe dirigente. As pessoas não importam.

O que realmente importa não é o orçamento em si, mas ele é aplicado para garantir melhor qualidade de vida às pessoas. Mas não é o que se vê. Ao cidadão resta cantar "Terra Seca": " Trabalha, trabalha, nego/ Trabalha, trabalha, nego/Nego tá moiado de suor/ As mãos do nego / Tá que é calo só / Ai, meu senhor / Nego tá veio / Não aguenta / Esta terra tão dura / Tão seca, poeirenta."

Não sejamos ingênuos, isto não é de agora, vem desde que começou a ser escrita nossa história. Por outro lado, não há como negar, estamos vivendo uma fase em que isto tudo está tomando uma dimensão pornográfica.

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