colunistas do impresso

Estamos todos cansados

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Eu sei que estamos cansados. Todos estamos cansados. Cansados da Covid-19, da incompetência gerencial da pandemia por parte de quem deveria liderar os esforços para criação de estratégias de combate à moderna praga que assola a humanidade e muito especialmente países como o nosso, governados por negacionistas obtusos que fazem do próprio obscurantismo escudo de defesa contra quaisquer críticas que se façam à sua constrangedora atuação no enfrentamento da grave crise sanitária que já matou quase 300 mil brasileiros.

Estamos cansados das perdas, dos buracos afetivos que as ausências criam, estamos cansados da falta dos afagos triviais, da falta de olhar nos olhos, estamos cansados de não podermos abraçar e beijar nossos pais, nossos filhos, nossos netos, nossos amigos e nossos irmãos.

Estamos cansados da irresponsabilidade de quem se acha imune ao vírus e sai por aí a se aglomerar, a fazer festas, a zombar do sofrimento e da tristeza alheios. Estamos cansados de usar máscaras e mais cansados ainda de quem, sem noção alguma, não as usa ou utiliza-as como inútil adorno pendurado no queixo. Estamos cansados dos gabigols da vida, que se colocam à margem da razoabilidade e acima da lei.

Estamos cansados de esperar pela vacina, que, graças à incúria governamental, chega a conta-gotas, gerando filas, expectativas frustradas e mais mortes para alimentar as estatísticas funestas que nos expõem aos olhos do mundo, mais uma vez, como exemplo negativo.

No Brasil, a gripezinha dos messias de araque já matou muito mais que Little Boy e Fat Man (as absurdas e covardes bombas atômicas que destruíram Hiroshima e Nagasaki), respectivamente, em 06 e 09 de agosto de 1945. É como se uma Santa Ma-ria inteira sumisse do mapa em dez meses. Em Santa Maria, fez mais vítimas que o trágico e doloroso incêndio da boate Kiss.

Sim, senhores, estamos todos cansados da pandemia, estamos cansados da vi-da mal compartilhada, da vida funcionando à meia boca. Mas, ainda assim, como nunca, é preciso perseverar nos cuidados sanitários recomendados e, mais que perseverar, é necessário reforçá- -los; é preciso ter forças para que tenhamos mais paciência, é preciso fortaleza anímica para mais renúncias e para o inevitável alargamento das esperas.

E é preciso acreditar, malgrado os sacripantas negacionistas e suas deletérias ações e omissões, que, adiante, graças à ciência e à vacina, superaremos a pandemia e retomaremos a "normalidade" da vida. Se não a integral de antes do insidioso vírus mutante, pelo menos a normalidade que nos permitirá estreitar nos braços nossos afetos.

Dos mais próximos e mais caros aos novos, que, certamente, os faremos pela simples possibilidade de nos abraçarmos sem medo de nos tocarmos e sem sombras que toldem nossos olhares. Todavia, enquanto isso não for possível, urge criar a consciência de que, ainda uma vez, precisamos exercitar nossa paciência e a sempre necessária solidariedade coletiva. Proteja-se! Se não por você mesmo, por quem está ao seu lado.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Águas de março Anterior

Águas de março

Agendas Próximo

Agendas

Colunistas do Impresso