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Criança diz cada uma...

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Nos anos 1980, o médico e escritor Pedro Bloch mantinha uma coluna na revista "Pais & Filhos" intitulada "Criança diz cada uma?". Nela, relatava histórias e frases engraçadas, protagonizadas ou proferidas pelos pequenos, que divertiam os leitores.

A espontaneidade e a vivacidade infantil encantam a todos. Meu neto, aos 6 anos, conseguiu me emocionar quando disse que eu era a "sua amiga mais velha". Também, com a mesma idade, reafirmou minha luta pela guarda compartilhada, quando lhe perguntei com quem ficaria se seus pais se separassem: "Uma semana com cada um, assim, nenhum ficaria triste".

Às vezes, as inesperadas manifestações infantis também nos fazem "passar vergonha". Uma amiga contou que sua pequena filha, quando uma moça entrou no elevador com forte cheiro de cigarro, torceu o nariz e falou alto que ela iria morrer logo. Outra relatou que o filho, na fase de alfabetização, chegou em casa contando orgulhoso que tinha "corrigido por duas vezes a letra da professora no quadro".

As frases espontâneas e divertidas são impagáveis e deveriam ser anotadas para não se perderem no tempo. Virgínia, minha sobrinha-neta, aos 4 anos, vendo um casal de noivos tirando fotos junto à decoração de Natal, no centro da cidade, saiu com essa: "O que esse casamento está fazendo aqui?". Outra do meu neto, também aos 4 anos, quando seu pai, dirigindo, fez um contorno muito rápido: "Papai fez uma curva malucante".

Na internet, também se encontram histórias que nos fazem gargalhar, como a conclusão de Alice, 6 anos, em tempos de ensino domiciliar: "Mãe, se na escola não é pra dormir, então, casa não é para estudar!" E a escolha dos gêmeos de 7 anos, sobre as futuras profissões:

- João, o que você quer ser quando crescer?

 - Quero ser empresário, criar minha própria empresa.

- E você, Pedro, o que quer ser?

 - Quero ser aposentado".

As preciosidades proferidas pelas crianças recolhidas por Pedro Bloch foram compiladas no livro "Dicionário de Humor Infantil". As definições surpreendem pela sabedoria e criatividade. Seguem algumas:

Alegria - Um palhacinho no coração da gente.

Amar - É pensar no outro, mesmo quando a gente nem tá pensando.

Brincadeira - É estar contente e amando.

Criança - Ser criança é não estragar a vida.

Coisa - É uma coisa que serve para muitas coisas.

Distância - É quando um está longe e o outro está pertinho.

Esperança - É um pedaço da gente que sabe que vai dar certo.

Eternidade - É esperar uma pessoa.

Família - É um encontro de toda a vida.

Felicidade - É quando o amor, a paz e as coisas boas estão juntas.

Guerra - É ficar com a vida uma bagunça.

Morte - É dormir toda a vida.

Olhar - Coisa que vê com os olhos.

Paz - Quando alguém se perdoa.

Saudade - É quando uma pessoa que devia estar perto está longe.

Tempo - Deus fez o tempo para que os anos passem.

Encerro com o conceito infantil de "vida" e, como nos versos de Gonzaguinha, eu também fico com a pureza das respostas das crianças:

 "A vida, a gente não explica. Vive."

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