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Como sorrir diante de tantas tristezas?

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Os fatos dessa semana e ao longo da pandemia no nosso país, reforçam a compreensão de que a violência contra a população LGBTI+ é estrutural e perdura ao longo da história. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil assegurou para si, o 1º lugar no ranking dos assassinatos de pessoas trans no mundo em 2020, com números que se mantiveram acima da média.

Antes da pandemia, teve grande visibilidade nas redes sociais, o assassinato da Dandara, em 15 de fevereiro de 2017. Sozinha e muito machucada, ela usava uma camiseta para limpar seu sangue. Pessoas que assistiam à cena, incitavam o ódio, enquanto ela chorava e pedia para não apanhar mais. Dandara morreu de traumatismo craniano. Quelly da Silva, no início do ano de 2019, teve seu coração arrancado por Caio Santos de Oliveira. Caio, com 20 anos na época, justificou que executou tal barbárie por considerar que ela era um demônio. Ele afirmou ter retirado o coração da vítima e em seu lugar colocou a imagem de uma santa, tendo levado o coração de Quelly para sua casa.

Discussões se acirraram sobre os crimes de ódio com a população LGBTI+ no Brasil. A partir junho de 2019, o STF julgou LGBTfobia como crime, o qual deverá ser punido na forma do crime de racismo, cuja conduta é inafiançável.

No final do ano de 2019, após a criação dessa lei, eram brutalmente assassinadas em Santa Maria as travestis Verônica, Carol, Mana, Verônica, Selena e Morgana. Esses 'poucos' casos ilustram a triste realidade do Brasil, demonstrando claramente a incompetência em cumprir e fazer cumprir as leis.

Essa semana, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), por meio dos Grupos Temáticos de Saúde LGBTI+ e Saúde e Ambiente, em conjunto com a Anistia Internacional Brasil, manifestaram sua indignação e protesto, bem como a solidariedade aos(às) familiares, amigos(as) e colegas de Lindolfo Kosmaski, ativista das causas de gênero e diversidade sexual, encontrado brutalmente assassinado na noite do último sábado (1/5), no município de São João do Triunfo, no Paraná.

O contexto da pandemia reforça a violência e o sofrimento das pessoas LGBTI+ como muito bem chamou atenção a Anistia Internacional Brasil para a morte de Ygona Moura, travesti, negra, que morreu da Covid-19 e tantas e tantos. Quando estava finalizando esse texto, veio a notícia do falecimento do ator Paulo Gustavo. Fica um vazio imenso no bom humor desse país já tão sofrido com mais de 400 mil mortes pela pandemia. Sempre assumindo, com muito orgulho e alegria sua homossexualidade, passava a mensagem para que desconstruíssemos preconceitos. Embora ele tenha sido muito claro nos seus recados, alguns insistindo na ignorância, permanecem dizendo que homossexuais não possuem lugar em nosso meio.

Em junho próximo, relembraremos os 52 anos da revolução de Stonewall. Trata-se de evento ocorrido em Nova York, no bairro de Greenwich Village, no dia 28 de junho de 1969. É considerada uma das manifestações mais reconhecidas historicamente na luta pelos direitos da comunidade LGBTI+. No bar Stonewall In, os policiais eram acostumados a adentrarem o estabelecimento para receberem propinas e agredirem seus frequentadores. Cansados de tantas arbitrariedades, nesse dia deram um basta e expulsaram os policiais. Esse é considerado o evento disparador da luta pelos direitos da população LGBTI+.

Digo que é urgente um debate claro e sincero sobre questões de diversidade de gênero para que pais, mães e familiares compreendam seus filhos e filhas, ajudando a construirmos uma sociedade mais justa. É duro pensar que tenhamos que reviver, constantemente, a revolta de Stonewall para perceber que somos todos humanos e dignos do direito de viver decentemente. Mas, sobretudo, não podemos esquecer que é papel também do Estado garantir o direito à vida.

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