vida e saúde

Gurus digitais estão criando os filhos longes das telas. E você?


Confesso que sempre tive um certo pavor ao observar a habilidade de bebês e pequenos que nem falam direto, mas mexem de forma amigável e com destreza de dar inveja em celulares, tablets, games ou demais plataformas digitais. 

Estou sempre exigindo dos meus pequenos que diminuam o tempo no celular - estipulamos 25 minutos diários, em função de orientação oftalmológica. Porém, em algumas situações, não conseguimos fazer esse controle rígido - e fico discursando ao vento para trocarem as telas digitais por um livro ou outro brinquedo. Videogame ainda não dei, eles pedem, mas ainda resisto, não sei por quanto tempo. Para economizar as brigas, sempre desconverso ou até caio no erro de mentir que não sei como mexer, que está sem bateria, que caiu a internet, e por aí vai. 

Porém, percebo que sou a rainha da hipocrisia, pois também sou um zumbi, faço parte do grupo que anda de cabeça baixa pelas calçadas. Falo com a pessoa na minha frente e, ao mesmo tempo, com outras não sei quantas pelo WhatsApp. Passo boa parte do meu tempo conectada, principalmente, em função da minha profissão, e confesso, que adquiri certo vício tecnológico. Fico muito mais tempo que gostaria em frente à tela do celular e do computador. Estou teclando agora, em pleno domingo, após fazer a dupla tirar uma soneca. Ao invés de seguir o exemplo deles, sai de fininho para terminar de escrever a coluna. 

Faço um a parte aqui para citar o comentário de uma amiga descrevendo que, provavelmente, nossos filhos, na faixa dos zero aos 10 anos, conhecerão seus parceiros/parceiras através da internet - que a relação começará virtual para, depois, virar real. Pior é que ela afirmou que os casamentos serão mais bem-sucedidos que os da "galera" da minha geração. Primeiro ri, pois na conversa, em um grupo de WhatsApp bem limitado, ela dizia que os casamentos de casais que se conheceram pelas redes sociais, a partir de aplicativos ou outras ferramentas, eram mais felizes do que o de casais que se conheceram por ser vizinhos ou colegas ou foram apresentados por amigos em comum. Tenho dúvidas, acho que hoje casa e descasa que nem troca de roupa, fruto do egoísmo e intolerância, mas isso é outro tema. 


Foto: Pixaby

Mas voltando para o foco da nossa sociedade líquida e hiperconectada, sou surpreendida com um texto que vai na contramão dessa tendência. No artigo publicado na versão brasileira do jornal El País, sou fisgada pelo título Os gurus digitais criam os filhos sem telas

Relato sobre o dia a dia escolar de uma instituição particular em Palo Alto, onde são educados filhos de administradores da Google, Apple e de outros gigantes da área tecnologia, remete ao ambiente escolar da minha geração, com folha e mais folha e professora com giz em riste. Enquanto as escolas atuais se mobilizam para introduzir a tecnologia no seu ambiente e método de ensino, o colégio do Vale do Silício promove o contato com telas somente no Ensino Médio. 

Compartilho o relato feito por Pierre Laurent, pai de três filhos, engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft, na Intel e em várias startups, e agora preside o conselho da escola. 

"Não acreditamos na caixa preta, na ideia de que você coloca algo em uma máquina e sai um resultado sem que se compreenda o que acontece lá dentro. Se você faz um círculo perfeito com um computador, deixa de ter o ser humano tentando alcançar essa perfeição. O que desencadeia o aprendizado é a emoção, e são os seres humanos que produzem essa emoção, não as máquinas. Criatividade é algo essencialmente humano. Se você coloca uma tela diante de uma criança pequena, você limita suas habilidades motoras, sua tendência a se expandir, sua capacidade de concentração. Não há muitas certezas em tudo isso. Teremos as respostas daqui a 15 anos, quando essas crianças forem adultas. Mas queremos correr o risco? ", pergunta Pierre Laurent, pai de três filhos, engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft, na Intel e em várias startups, e agora preside o conselho da escola. 

E segue outro relato impressionante do artigo sobre Bill Gates, criador da Microsoft, que limitou o tempo de tela de seus filhos.
"Não temos telefones na mesa quando estamos comendo e só lhes demos celulares quando completaram 14 anos", disse ele em 2017.

Em 2010, o lendário Steve Jobs afirmou em uma entrevista ao jornal The New York Times:

Também ao NYT, Chris Anderson, ex-diretor da revista Wired, bíblia da cultura digital, declarou: 
"Na escala entre doces e crack, isso está mais próximo do crack",sobre o uso abusivo da tecnologia por crianças

E o texto discorre sobre dados impressionantes de aumento do tempo de uso e acesso e a falta de estudos sobre o impacto disso. Alguns associam o excesso de exposição a tecnologia aos dois e três anos associado ao atraso das crianças em atingir o desenvolvimento esperado. Também releva que o problema é democrático e a superexposição atinge crianças de diferentes classes sociais. 

Enfim, pais, atenção. Recomendo a leitura completa do artigo e uma reflexão sobre o que nós estamos fazendo nas nossas casas. O desafio é gigante! 

Confira a íntegra do texto aqui

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