Ninguém está livre de ter que se afastar da sua rotina de treinos por um determinado período. Os motivos podem ser os mais diversos, tais como: doença, lesão, cirurgia, acidente, viagem, ou preguiça mesmo.
Quando se resolve retomar as atividades, alguns cuidados são necessários para que a empolgação do retorno não acabe virando frustração e logo uma nova desistência.
O primeiro aspecto a ser observado é: você entrou em DESTREINO. Pode ser difícil assimilar isso na mente de quem está querendo recuperar o tempo perdido, pois o impulso inicial é ir atrás de treinos mirabolantes e pesados, ou então matricular-se em todas as modalidades que a academia oferece, comprometendo-se a comparecer todos os dias da semana.
Expectativa: forma física dos sonhos em tempo recorde.
Realidade: dores musculares/articulares horrendas e resultado quase nulo.
Acontece que sua condição física atual simplesmente não suporta tamanha sobrecarga de treinamento. Sua mente ainda pode lhe considerar um atleta, mas o seu corpo não. Esqueça as marcas que você atingia quando parou, elas podem servir como objetivo para um futuro próximo, mas nunca como ponto de partida. Recomeçar com cautela e paciência e evoluir no tempo certo sempre será uma decisão mais inteligente.
Entendido o que não fazer, agora vamos pensar no que fazer com essa condição.
Uma boa avaliação das consequências desse tempo parado é o ideal para nortear o andamento desse retorno. Já falamos anteriormente sobre avaliação física e funcional aqui, porém, nesse caso também seria interessante uma avaliação clínica para saber como estão as suas taxas dos principais marcadores de saúde para não se cometer excessos que poderão ser potencialmente perigosos.
Com isto em mãos, começamos a pensar no treino. Lembram que falamos sobre comprometer-se a frequentar a academia todos os dias? Esqueça.
O repouso é parte integrante do planejamento do treino, e agora é mais importante ainda, para que cada estímulo seja assimilado plenamente. Traçar pequenos objetivos que serão mais fáceis de cumprir pavimentam o terreno para objetivos maiores, logo, acostumar-se com uma rotina mais flexível preparará o corpo para, mais adiante, assumir uma agenda mais cheia.
Mas aqui vai uma boa notícia (finalmente): se você realmente já teve uma condição (e forma) física melhor no passado, a tendência é que nesse retorno demore menos tempo para se chegar nesse ponto, por conta da chamada memória muscular. Resumindo: se o corpo já "achou o caminho" uma vez, fica mais fácil chegar lá novamente.
Como estimular o corpo de forma ampla com uma frequência de treino menor?
Como todo processo de aprendizagem, devemos pensar sempre indo em direção do básico para o específico, e em treinamento não seria diferente. Há uma gama extensa de exercícios que usam apenas o peso do próprio corpo que podem (e penso que devem) ser utilizados para se retomar o hábito da atividade física, bem como os chamados exercícios básicos, que com um conjunto simples de barras e anilhas conseguem atingir todos os músculos de forma eficiente. As máquinas também podem ser utilizadas, e têm um grande valor no sentido de proporcionar estímulos com maior segurança e especificidade, porém, cumprindo um papel secundário. A orientação/montagem dessa rotina cabe ao seu professor, então, trate de escolher bem quem vai ter essa responsabilidade.
Até o mês que vem.