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O futuro do trabalho

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Um dos personagens mais ilustres das narrativas da Grécia Antiga é Sísifo, um rei que era considerado o mortal mais esperto do seu tempo. Enganou os deuses e foi arremessado ao Tártaro pelo deus do mundo inferior e dos mortos, Hades. Seu castigo foi passar a eternidade rolando uma pedra de mármore até o alto de uma montanha, mas sempre que estava prestes a chegar ao topo, a pedra tornava-se mais pesada e rolava de volta até o ponto de partida. Sísifo era obrigado a recomeçar tudo de novo no dia seguinte. E no dia seguinte. E no dia seguinte.

Essa fábula carrega um importante símbolo da tragédia da vida moderna, onde as pessoas se encontram muitas vezes subjugadas a um trabalho esvaziado de qualquer sentido, assim como o castigo de Sísifo. Vivemos em um paradigma onde ocupações inúteis são criadas a todo momento e trabalhos socialmente úteis são mal pagos. As transformações que ocorrem com uma rapidez maior do que conseguimos acompanhar acabam impactando diretamente na saúde e nas exigências do trabalhador na modernidade.

Um estudo publicado recentemente pela Dell Technologies para o IFTF (O Instituto para o Futuro) prevê que, diante do avanço tecnológico, até 2030, aproximadamente 85% das profissões serão novas, isto é, ainda nem foram inventadas. Sim, dá um frio na barriga. Quais são as exigências de 2030? Que carreiras existirão?

O trabalho mediado por aplicativos e plataformas digitais, por exemplo, assume uma fatia cada vez maior do mercado. Hoje temos no Brasil quase 4 milhões de pessoas que trabalham em aplicativos. É um número realmente expressivo e que data a transformação do mundo industrial para o mundo dos serviços.

As angústias da cultura da competitividade nascem juntamente com a assinatura da carteira de trabalho. A necessidade de alta performance acaba inevitavelmente conduzindo as pessoas ao isolamento. A socióloga Silva Viana contribui com uma bela metáfora que ilustra esse cenário atual fazendo uma analogia do reality show Big Brother com o mercado de trabalho contemporâneo. No programa a gente pouco lembra de quem ganhou, mas assistimos atentamente quem vai perder (ser eliminado). A competição constante é um denominador comum no mercado de trabalho hoje e isso faz com que as pessoas estejam extremamente ansiosas, angustiadas e que façam de tudo que estiver ao seu alcance para não serem as próximas eliminadas da rodada. Tudo isso reconfigura a cultura, as narrativas do sofrimento e do bem-estar social. A síndrome de Burnout, um distúrbio psíquico caracterizado pelo estresse excessivo e crônico provocado por sobrecarga ou excesso de trabalho tem se tornado um diagnóstico cada vez mais comum, fruto da nova economia.

As carreiras seguem existindo, mas de modos diferente. Carreiras líquidas, empreendorismo, marca pessoal, é tanta coisa nova para absorver que muitos se paralisam. O futuro do trabalho está acontecendo. Para alguns é motivo de empolgação, - desafio -, já para outras pessoas é um susto. Não há para onde correr e é preciso assumir o protagonismo da sua carreira e ter uma atitude empreendedora.

Um primeiro passo é a busca do autoconhecimento. Parar e olhar dentro de si, identificar seus valores, potenciais, experiências, gostos e habilidades. Pouco vira emprego, mas tudo pode virar trabalho. Através do autoconhecimento conseguimos identificar o que temos de melhor para oferecer para o mercado ou o que precisa ser melhorado. Profissionais que estão atentos, percebendo e escutando essas mudanças se reinventam com muito mais facilidade. É necessário abrir mão do modelo antigo e crescer nesse novo movimento. O futuro dá trabalho. Literalmente.


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