Covid-19

VÍDEO: em coletiva, presidente da Câmara Municipal defende trabalho remoto para vereadores e demais funcionários

Arianne Lima

Foto: Eduardo Ramos (Diário)

Com o aumento dos casos de Covid-19 e variantes, como a Ômicron, no início de 2022, diversos municípios do Rio Grande do Sul têm buscado medidas para evitar a proliferação e a contaminação da população pela doença. Mesmo que haja avanços significativos na vacinação nos últimos meses, há quem acredite que é preciso cuidado e atenção para que períodos de altas internações e até mesmo mortes em decorrência da Covid-19 não retornem.

No último sábado, o presidente da Câmara de Vereadores de Santa Maria, Valdir Oliveira (PT), emitiu a Ordem de Serviço 0001/22, que determina o trabalho remoto no Legislativo. A primeira medida tomada pelo vereador, que foi eleito ao cargo por 11 votos em meados de dezembro de 2021, veio de encontro com a postura de preocupação com a doença e que, inclusive, foi destacada por diversos vereadores durante a votação da Mesa Diretora do Legislativo de Santa Maria para 2022. Entretanto, a decisão pela suspensão das atividades presenciais e o início do trabalho remoto surpreendeu a muitos vereadores da Casa, resultando em manifestações diversas, assim como a busca por apoio em outros setores.

Município e Estado ainda não preveem novas medidas de prevenção à Covid

COLETIVA DE IMPRENSA

Na tarde desta segunda-feira, o presidente Valdir Oliveira promoveu uma coletiva de imprensa no Plenário Coronel Valença, dentro da Câmara de Vereadores de Santa Maria. Durante o encontro, que contou com um número restrito de jornalistas, o parlamentar apresentou dados sobre os casos de Covid-19 em setores da Casa. Segundo Oliveira, até o momento, há quatro confirmados e seis casos suspeitos, que estão sendo acompanhados. Nos próximos dias, todas as dependências da Câmara devem passar por uma sanitização, e os vereadores, assim como funcionários e servidores, deveram trabalhar de forma remota até o dia 21 de janeiro. O expediente seguirá em turno único, de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 13h30min.


Entre terça e quarta-feira, uma nova reunião virtual deve ocorrer entre o presidente da Câmara e membros da Mesa Diretora para a apreciação da Ordem de Serviço 002/22, que visa colocar em prática procedimentos e protocolos de enfrentamento à Covid-19 no local.

- Essa coletiva foi exatamente para isso: para que trouxéssemos uma informação transparente e correta do que de fato está acontecendo e não criar narrativas. Às vezes, são criadas narrativas gerando, inclusive, algumas informações distorcidas. Nós mostramos os motivos que nos levaram a isso, as justificativas e quais as alternativas e encaminhamentos - comentou Valdir Oliveira após o evento. 


REPERCUSSÃO

Enquanto a coletiva de imprensa ocorria no salão, a vereadora Roberta Leitão (Progressistas) e assessores permaneciam em frente à Câmara atendendo a população. Com mesas de abrir, cadeiras e material, ela buscava fechar a agenda do dia. 

- Eu tinha três agendas marcadas pela parte da manhã e duas agendas marcadas pela parte da tarde que eu não desmarquei. As pessoas vieram e foram atendidas aqui. Fora mais umas dez demandas que, no transcorrer do dia, chegaram para nós aqui. Então, as pessoas demandam muito o Poder Legislativo, e fechar a Casa neste momento, com essa gravidade, nessa situação de emergência de estiagem em Santa Maria, é muito sério.

Mais cedo, estiveram também os vereadores Tubias Callil (MDB), João Ricardo Vargas (Progressistas), Paulo Ricardo Siqueira (PSB), Tony Oliveira (PSL), além das assessorias de Anita Costa Beber (Progressistas) e Rudys Rodrigues (MDB) em frente à Câmara. O vereador Pablo Pacheco (Progressistas) também compõem o grupo, sendo o único contrário à decisão na Mesa Diretora. 

- Eu entendo o ponto de vista pessoal do presidente em fazer esa provocação, justamente pelo que ele já passou. Somos solidários também aos servidores que estão infectados e também aos que estão com suspeita, mas a nossa análise é no panorama geral. Hoje, em Santa Maria, de ocupação, eu consultei agora há pouco no site do Estado, de 129 leitos disponíveis de UTI, nós temos 45 ocupados, sendo que desses, 40 são por outros motivos que não sejam Covid. Dois deles são de suspeitas de Covid ou outra síndrome respiratória e apenas três confirmados. Ou seja, temos três internações em UTIs de 129 disponíveis na região de Santa Maria. 

Segundo o parlamentar, o sistema de trabalho remoto na Câmara dos Vereadores de Santa Maria só havia sido usado anteriormente no ano passado, quando o índice de internações por Covid-19 no município ultrapassava 90% das ocupações dos leitos. 

- Atualmente, o panorama de saúde do município dá uma tranquilidade para mantermos as portas abertas do parlamento. Inclusive, eu estive no poder executivo para verificar algumas demandas. O poder executivo está trabalhando de forma normal. O judiciário, claro, está de recesso, mas não tem limitações. Nenhum outro poder ou órgão de controle está tendo nenhuma medida deste tipo - argumenta Pacheco. 


COMÉRCIO

Após a divulgação da Ordem de Serviço no sábado, uma nota de posicionamento foi emitida em nome do Conselho de Presidentes das Entidades Empresariais do Setor Produtivo de Santa Maria também no sábado. No documento, entidades como a Câmara dos Dirigentes da Lojistas (CDL), Sindicato dos Lojistas do Comércio de Santa Maria (Sindilojas), Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), entre outras, se posicionavam contrárias à decisão tomada pelo parlamentar. 

Em entrevista à CDN, o presidente da CDL, Márcio Rabelo, falou sobre a medida tomada no sábado e as informações que chegaram até as entidades. 

- É importante que a verdade seja restabelecida. A nota foi divulgada com a autorização de 13 das 14 entidades empresariais da cidade. Temos de dados que são apenas três positivados na Câmara de Vereadores. Entendemos como uma medida desproporcional. São vários casos suspeitos, mas, por enquanto, não há a confirmação de mais casos. Devemos permanecer com os cuidados. A população precisa seguir com cuidados que já aprendemos na pandemia, mas a adoção de fechamento é uma medida extrema e desproporcional - afirma Rabelo. 

Para a equipe do Diário, o presidente do Sindilojas, Ademir José da Costa, falou sobre a preocupação da classe:

- Nós temos uma preocupação muito grande, porque essa medida me parece ser sem preocupação com os demais setores. O setor público passa a induzir o fechamento das empresas. Fechando a Câmara, daqui a pouco, fecha a prefeitura. As escolas não vão abrir de novo e daqui a pouco, o comércio começa a trancar suas portas. O setor público começa a trancar as portas do comércio. Então, logicamente, que nós temos uma preocupação muito grande. 

Apesar de falar parte de uma das entidades que assinada a nota, o presidente da Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU), Luiz Fernando Maffini, afirma o posicionamento da nota em questão não foi debatida entre o grupo. Portanto, não há nada deliberado por parte do setor sobre o assunto.  

- Respeitamos a posição de outras entidades, mas esse assunto, até o momento, não foi debatido com a nossa diretoria e nem junto aos nossos associados - afirma Maffini. 

Na coletiva de imprensa, o presidente Valdir Oliveira ressaltou que a Câmara não tem autoridade local para fazer o fechamento de qualquer empresa (com a colaboração de Gustavo Martinez e Gilson Alves)

Foto: Eduardo Ramos (Diário)

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