Itaara: grupo volta a pressionar pela cassação do mandato de Silvio Weber em sessão da Câmara

Fotos: Bernardo Abbad (Diário)


Com pouco mais de 5.500 habitantes, Itaara segue com uma situação política incerta e tumultuada. Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores desta segunda-feira (27), parte da população voltou a ocupar os cerca de 60 lugares do pequeno plenário - e o lado de fora - da Casa do Povo para pressionar os vereadores pela cassação do mandato do prefeito Silvio Weber (sem partido), que voltou ao cargo no dia 13 de novembro. Moradores que apoiam Weber não participaram da sessão. 

Temendo a possibilidade de tumulto, como ocorreu na sessão do dia 20 de novembro, o presidente da Câmara, Edson Vasconcellos (PSB), solicitou reforço policial à Brigada Militar para a sessão plenária. A rua foi trancada e três viaturas estiveram no local durante a sessão.


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A comissão processante da Câmara, responsável pelo processo de cassação, deveria ouvir a última testemunha e o próprio Silvio Weber nesta segunda à tarde, mas os depoimentos não ocorreram. Conforme o presidente da comissão, vereador Paulo Gilmar Garcia (MDB), a testemunha apresentou uma questão de saúde, e a oitiva foi remarcada para a próxima segunda-feira (4) às 14h. A expectativa da comissão é que o prefeito fale em seguida.

– A participação do público sempre é bem vinda. A (comissão) processante é soberana. Estamos acompanhando todo o rito, conforme manda a lei. Só falta ouvir uma testemunha e o próprio prefeito afastado e seguimos o trabalho na casa normalmente. Hoje é uma sessão normal, mas o povo está acompanhando esses últimos momento da processante. Pedimos o apoio da população, porque manifestar é bom, mas é preciso ter educação e respeito – disse Edson Vasconcellos ao Diário antes da sessão.



A terapeuta ocupacional Leila Wilm, 61 anos, estava entre os quase 100 manifestantes que pediam a cassação do prefeito na sessão plenária. Eles usavam camisetas pretas com inscrições de "Não à corrupção" e "Meu partido é Itaara". Também carregavam cartazes com palavras de ordem contra Weber, com referência a termos como "vendilhões do templo" e "catequese", uma vez que o prefeito também é padre. 

Moradora de Itaara há 17 anos, Leila conta que está assumindo sua posição de cidadã e reforça o caráter suprapartidário do movimento, criado há cerca de 10 dias. Um grupo no WhatsApp, chamado "Pró-Impeachment Silvio Weber" reúne mais de 550 membros.

–  Estamos aqui pela cassação. Não queremos outro resultado. O Ministério Público terminou o seu trabalho e apresentou as denúncias ao judiciário, que deve tomar providências. Mas elas podem demorar muito, então uma decisão política precisa ser tomada agora no município. O nosso movimento tem pessoas de todos os partidos, correntes ideológicas e políticas, unidas no mesmo objetivo que é a moralização do nosso município. Nós votamos nesses vereadores para que eles representem os nossos desejos e anseios, e nesse momento, pedimos pela cassação e afastamento desse indivíduo [Weber] que lesou o município em milhares de reais –disse Leila Wilm.


O CASO

Denunciado pelo Ministério Público de Porto Alegre por suspeita de direcionamento de licitações e suposto faturamento em serviços contratados pela prefeitura, Weber retornou ao cargo no dia 13 de novembro depois de quase um ano afastado. Nesse período quem assumiu o Executivo foi a então vice-prefeita Salete Desconzi, a Tita (sem partido). Ambos foram expulsos do PSB este ano. O suposto esquema que seria capitaneado pelo prefeito teria desviado R$ 471 mil.

Além de enfrentar seis CPIs na Câmara de Vereadores entre 2021 e 2022, em agosto deste ano, um processo de cassação contra Silvio Weber foi aberto no Legislativo em agosto deste ano por Robertson Tatsch (PSB), conhecido como Mano Zimmermann.

Ex-presidente da Casa, ele baseou o pedido, em grande parte, na denúncia feita pelo Ministério Público. Um dos fatos envolve, justamente, o próprio vereador, uma vez que o MP acusa Weber de ser, supostamente, o "mentor intelectual" de um assalto à casa de Zimmermann, que guardaria na residência provas de irregularidades na prefeitura.

Silvio Weber nega todas as acusações e aponta perseguição política. Na tarde dessa segunda-feira (27), quando deveria ter falado à comissão processante da Câmara,  Silvio Weber participou de uma live da página Itaara News, no Facebook, onde apresentou processos de abertura de licitação para pavimentação de estradas da cidade.

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