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ESA em Santa Maria: o impulso que faltava ao polo de defesa

Marcelo Martins e Maurício Araujo

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Ainda em 2014, Santa Maria, por meio do pioneirismo da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (ADESM), passou a ter um arranjo produtivo local (APL) voltado para a área de defesa e segurança. Tanto à época quanto agora, a ideia é que o potencial e a vocação na defesa do município possibilitem ampliar a aproximação deste setor com o segmento industrial. Além disso, também é buscado mapear e informar às forças produtivas as oportunidades do setor de defesa para o desenvolvimento local.

Com a ESA, os ganhos serão visíveis não só à economia

O APL foi constituído devido à forte vocação militar do município. Porém, ao longo dos últimos anos, faltava a oportunidade que muitos veem agora de fazer com que o arranjo, de fato, possa experimentar o primeiro ciclo de desenvolvimento: a conquista da ESA.

Naquele momento, mais de 30 empresas se juntaram para dar a largada ao APL. Todas orbitavam em eixos com a mesma afinidade: desenvolvimento de sistemas e simuladores; manutenção, reparação, adaptação e modernização de veículos para o setor de defesa e segurança; telecomunicações; defesa cibernética; microcontroladores; e aeronaves experimentais.

POTENCIALIZADOR

Desde 2013, a cidade passou a contar o Santa Maria Tecnoparque, um espaço para potencializar o polo de defesa. De lá para cá, a meta é fazer com que o local possa atuar como uma espécie de provedor de soluções para os setores de defesa e da segurança pública. Na mesma linha, a década passada trouxe notórios avanços e ganhos na área, quando em 2016, a gigante alemã de blindados KMW - que tem na simulação um dos focos da empresa - instalou sua unidade em Santa Maria, às margens da BR-287. Considerada o carro-chefe na área da defesa, ela deve garantir, até 2027, um investimento de mais de R$ 200 milhões em contratos com o Exército.

AVANÇOS

Além do contrato em vigência, a KMW acena, a médio e longo prazos, propõe ao Exército o desenvolvimento de um substituto para o Leopard 1A5, um carro de combate a ser produzido em Santa Maria. Há ainda o interesse da empresa alemã de fabricar localmente o blindado sobre rodas KMW Dingo, visando ofertá-lo a forças governamentais de segurança pública, equipes de operações especiais e como equipamento padrão de Forças de Paz da ONU lideradas por tropas brasileiras.

Na visita final, união e demonstração de força impressionam o comandante do Exército

Desde que fixou bases no município, a KMW conta com especialistas que atuam em parceria com algumas instituições de Ensino Superior da cidade. O trabalho consiste basicamente no desenvolvimento de simuladores de viaturas blindadas sobre esteiras e sobre rodas, presentes na frota do Exército Brasileiro.

UM NOVO CICLO ECONÔMICO DESPONTA

Depois do ciclo desenvolvimentista desencadeado pelo setor ferroviário, no começo do século 20, e da construção da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 1960, o município não teve mais nenhum empreendimento tão grandioso e transformador quanto à possibilidade de instalação da nova Escola de Sargentos das Armas (ESA) na cidade. A avaliação é feita pelo professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM Daniel Arruda Coronel, que tem acompanhado de perto a pauta:

- Uma oportunidade histórica, como essa, podemos não ter nos próximos 30 ou 40 anos.

A magnitude do investimento mobilizou os diversos setores econômicos de Santa Maria, pois trata-se de um efeito multiplicador e de um novo ciclo econômico que terá impacto nas próximas décadas. Conforme o professor, além do avanço da indústria de Defesa, a vinda da escola movimentará os setores de comércio, serviços e construção civil, com expansão em suas atividades e consequentemente ampliação do emprego e da renda da população.

Municípios da Região Central, exalta Coronel, também tendem a se beneficiar e a se desenvolver com a possibilidade, já que mexe com o fluxo econômico das cidades vizinhas, bem como impulsiona o turismo, a gastronomia e a rede hoteleira da região.

IMPACTO

A secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ticiana Fontana, reforça o entendimento de que a vinda da ESA trará um novo ciclo econômico, já que somente o custo de construção envolve valor superior a R$ 1 bilhão.

Além dos empregos gerados, a secretária cita outras melhorias à comunidade, como nos serviços de tratamento de água e esgoto e na rede elétrica da localidade em que poderá ser a sede da escola, bem como o benefício direto às atividades econômicas de forma geral:

- As perspectivas econômicas e sociais da vinda da ESA não impactam positivamente só Santa Maria, mas também toda a Metade Sul - projeta Ticiana.

Outros dados de Santa Maria, afirma a titular de Desenvolvimento Econômico, evidenciam a capacidade do município. O baixo índice de criminalidade, o baixo custo e a qualidade de vida - se comparados com as demais concorrentes -, a estrutura hospitalar de excelência, a localização e o acesso rodoviário e os voos diário à Capital gaúcha são citados como boas referências para a cidade ser a nova morada da ESA.

SANTA MARIA NO CONTEXTO MILITAR

  • São 9,5 mil homens e mulheres e 22 organizações militares
  • Ao considerar a 3ª Divisão do Exército (3ª DE), com sede em Santa Maria, são mais de 15 mil militares e 47 organizações militares
  • Em números absolutos, ao considerar tropa e efetivo em operação, o município tem o terceiro maior contingente de militares do país (atrás apenas de Brasília e do Rio de Janeiro)
  • Se a ESA vier, Santa Maria pode vir a ter um acréscimo de 2,2 mil alunos militares. O número, ao contabilizar os familiares, pode passar de mais de 6 mil pessoas


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