Eleições 2024: abstenção em Santa Maria é superior à média nacional

Os mais de 57 mil santa-marienses que decidiram não participar da escolha do prefeito e dos vereadores no 1º turno elevaram a média de abstenção no município acima do percentual registrado no país e também no Rio Grande do Sul. O índice de eleitores faltosos em Santa Maria atingiu 27,54%, enquanto que, no Brasil, ficou em 21,68%, e no Estado gaúcho, em 23,69%.

O índice de abstenção no 1º turno das eleições 2024 é levemente inferior se comparado ao pleito de 2020, quando foi registrado o percentual de 28,82% – 58.876 pessoas – que não compareceram às urnas. À época, Santa Maria e o país passavam pela pandemia e o isolamento social prevalecia. Em 2024, a situação para o eleitor votar era mais favorável: tempo e temperatura amenos, além de transporte público gratuito. Esses fatores, contudo, não foram suficientes para motivar o eleitor no dia 6 de outubro.

Em entrevista, na quinta-feira (10), ao programa de Bom Dia, Cidade!, da CDN, o juiz da 41ª Zona Eleitoral de Santa Maria, Vinicius Leão, demostrou preocupação com o alto índice de eleitores que optaram por não votar.

– A tendência, geralmente, do 2º turno é de que haja uma abstenção muito maior. O nosso número de abstenção foi maior do que a média do Estado e que a média nacional. Tivemos o número de abstenção praticamente o mesmo número de votos do candidato mais votado no 1° turno – afirmou o magistrado, referindo-se a Valdeci Oliveira (PT), que obteve 58.580 votos.

Motivos
Sobre possíveis causas para grande parcela do eleitorado abrir mão de escolher seus representantes, Leão disse que é difícil fazer uma análise precisa.

– É difícil fazer um diagnóstico preciso, porque isso varia muito de cidade para cidade, mas, especificamente em Santa Maria, a gente tem a questão da rotatividade da população. Muita gente, às vezes, está com o título (na cidade) e não mora mais, ou está viajando. São vários fatores que podem contribuir isso, além dos fatores tradicionais que se conhece, como a decepção com a política. Há eleitores cadastrados, que não precisam mais votar, os eleitores idosos. Mas, realmente, é preocupante esse número – pontuou o juiz.

Outra causa que pode ter contribuído para o alto índice de abstenção é o fato de Santa Maria não ter, ainda, o cadastramento biométrico concluído, segundo Leão. Por fim, ele fez um apelo aos eleitores que tendem a não votar no 2º turno:

– Quero pedir que quem vai estar em Santa Maria, que repense essa situação porque o voto de cada um é extremamente importante.

Dados de 2020
O detalhamento sobre o perfil dos mais de 57 mil eleitores faltosos em 2024ainda não está disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já os dados do pleito de 2020 revelam que as mulheres são a maioria entre os eleitores que não compareceram às urnas: 32.315 (29,87%), que também representavam a maior parcela do eleitorado. Já entre os homens, 26.561 não votaram. A faixa etária predominante na abstenção de 2020 entre os obrigatórios ao voto – dos 18 aos 70 anos – foi a dos 25 aos 29 anos, na qual, dos 20.171 aptos, 6.510 (32,27%) não votaram, seguidos pelos eleitores entre 30 e 34 anos, somando mais de 6,1 mil. Quanto aos idosos a partir de 70 anos em que o voto é facultativo, a abstenção foi alta: dos mais de 25 mil eleitores, um número superior a 18 mil não votou. Acima de 100 anos, havia 101 votantes em, porém só dois exerceram a cidadania. O restante, 99, não votou. Como idosos eram do grupo de risco na pandemia, pode esse ser o motivo para a alta abstenção nessa parcela do eleitorado.

Em relação ao grau de escolaridade, com exceção dos analfabetos – voto facultativo –, a parcela de 4.576 eleitores que declarou só ler e escrever foi a que mais se absteve, sendo que 2.478 (54,15%) não votou. Quanto ao Estado civil, os solteiros encabeçaram as abstenções com 33,3 mil faltosos (27,17%). Contudo, em termos percentuais, os casados lideram o ranking: 30,69% (20.078).

Confira os números de abstenções no pleito de 2024 no país, Estado, nos quatro maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Sul, além de Santa Maria e de alguns exemplos de cidades da região com mais e menos eleitores.

1º turno

No País