Violência

Santa Maria tem queda de quase 30% no número de homicídios no 1º semestre

Santa Maria tem queda de quase 30% no número de homicídios no 1º semestre

Foto: Rafael Menezes (Bei)

A Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Sul divulgou na semana passada os índices dos crimes violentos no primeiro semestre deste ano, comparado com igual período do ano passado. Enquanto o Estado registrou aumento de 3,1% nos casos de homicídios, Santa Maria vai na contramão, apresentando redução de 27% no período.

 
Em todo o ano passado, 70 pessoas foram mortas de forma violenta na cidade, sendo 41 apenas nos primeiro semestre. Já em 2023, de janeiro a junho, houve 30 homicídios – 11 a menos. As vítimas foram 26 homens e quatro mulheres. No total, ocorreram 28 crimes, sendo dois duplos homicídios.


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A maioria dos crimes aconteceu na região norte de Santa Maria e está relacionada com as disputas de poder entre grupos criminosos que têm o tráfico de drogas como combustível. Segundo o delegado Marcelo Mendes Arigony, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), até o momento 96% dos casos já foram esclarecidos, com 27 pessoas presas, 119 mandados de busca e apreensão cumpridos, sendo 12 dentro de presídios, quatro operações e seis armas apreendidas.


Para Arigony, o êxito nas investigações de homicídios é o reflexo do trabalho conjunto da Polícia Civil com a Brigada Militar, o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a Susepe, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a comunidade, que contribui com informações e denúncias. O delegado afirma que, dos 30 homicídios do primeiro semestre, apenas um não está totalmente esclarecido. Mas o delegado tem o firme propósito de ter 100% dos casos do primeiro semestre solucionados em 30 dias, com elementos informativos suficientes para oferecer a denúncia contra os investigados.


Para o delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinerz, a queda se dá também à especialização dos policiais.


– Mesmo com casos gravíssimos, conseguimos elucidar casos em poucos dias – ressalta.


Um exemplo é o duplo homicídio dos irmãos Gelson Adriano Tiliman, de 39 anos, e Robson Luciano Tiliman, 37. O crime aconteceu na madrugada de 17 de abril, na Rua Helmuth Knies, no Bairro Divina Providência, na Região Norte, quando cinco criminosos invadiram a residência das vítimas, vestidos como policiais, para cometer o crime. Os irmãos dormiam quando foram surpreendidos pela quadrilha, que inclusive filmou a ação e as imagens acabaram sendo compartilhadas nas redes sociais.


Os cinco homens foram presos durante a Operação Tarrafa, deflagrada pela Polícia Civil em maio nas cidades de Rio Grande, Santa Cruz do Sul e Alvorada. Durante a investigação, chegou-se ao executor de um homem de 32 anos, no dia 21 de março, em uma lavagem na Rua Marechal Deodoro, no Bairro Itararé.


Dos cinco suspeitos de executarem os irmãos Tiliman, dois já estavam presos na Penitenciária Estadual de Rio Grande, um havia sido morto em um confronto com a Brigada Militar e outros dois foram detidos durante a operação. O suspeito preso em Santa Cruz do Sul também foi apontado pelas investigações por ter participação no assassinato de Rodrigo Barros de Sousa, 40 anos, e Daiana Cristina da Silva, 34, mortos a tiros na noite de 1º de abril na Rua Praia de Cidreira, na Vila Brenner, Bairro Divina Providência.


Assassinatos tiveram queda de 83% em junho em relação a maio

Os meses mais violentos de 2023 até agora foram março e abril, o que, segundo as autoridades, acendeu um alerta nos órgãos de segurança pública. Ações do setor de inteligência da Polícia Civil foram tomadas, identificando-se lideranças de grupos criminosos que estavam na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm), e com a utilização de celulares, continuavam comandando e dando ordens, inclusive de execuções, de dentro do sistema penitenciário.

 
Após operações para barrar a entrada irregular de celulares em presídios, chama a atenção a redução drástica de homicídios no mês de junho, em comparação com o mesmo período de 2022: 83% de queda (seis mortes no ano passado e apenas uma em 2023).


– Nós fizemos relatórios após as investigações, identificamos quem seriam os presos que estariam comandando e dando ordens para matar de dentro do presídio, e em parceria com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a Secretaria de Segurança Pública, tiramos algumas lideranças daqui, e isso está refletindo na criminalidade das ruas. É importante a gente saber que é transitório, mas é importante e temos que fazer isso – diz o delegado regional Sandro Meinerz.


Segundo o delegado, a transferência desses detentos para outros lugares ajuda a reduzir a comunicação entre eles e comparsas que estão fora dos presídios.


– Quando temos um telefone na mão de um preso, a detenção não está tendo o efeito que deveria ter, que é de manter o preso incomunicável com o mundo exterior ao do presídio, e manter a ordem – completa Meinerz.


Para o chefe da Polícia Civil do Estado, delegado Fernando Sodré, o acumulado dos últimos três meses em Santa Maria tem uma baixa de 25%, o que mostra que as ações de combate à criminalidade têm sido importantes.

– As estratégias adotadas pela Polícia Civil e pela Brigada Militar em relação a esses números têm, sim, surtido efeito, apesar de a gente ter tido um repique em alguns meses anteriores em Santa Maria, de algum aumento, mas que já está controlado. E muito pelo contrário, com viés forte de queda – afirma.


As vítimas de assassinatos no primeiro semestre de 2023 e as regiões de Santa Maria onde os crimes aconteceram: 


REGIÃO OESTE 


REGIÃO CENTRAL

  • Yuri Vargas da Silva, 24 anos, morto a facadas em 29 de janeiro na Rua Duque de Caxias, no Bairro Centro


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