Um mês depois da tempestade que atingiu Santa Maria e cidades da região, a situação ainda é preocupante para famílias, proprietários de imóveis e administradores de patrimônios públicos da cidade.
Famílias atingidas pela tempestade poderão sacar até R$ 6 mil do FGTS
O decreto de situação de emergência, que já foi homologado, pode ajudar a recuperar os danos causado pelos fortes ventos, de até 117,8 km/h, que atingiram a cidade no dia 19 de outubro, mas a falta de prazo têm causado dificuldades para muitas pessoas.
Leia mais reportagens sobre a tempestade
Uma família, entre as 1,2 mil que foram atingidas pelo fenômeno climático, ainda não sabe sobre o seu futuro. O casal Maria Elizabeth Pedroso, 42 anos, e Antão Oswaldo Trindade, 50, e os dois filhos, de 8 e 18 anos, estão abrigados na casa de um amigo da família. Mas, todos os dias, voltam para a casa, na Rua Aristides Pedroso, no Bairro Passo D'Areia, que ficou dividida ao meio com a queda de duas árvores, para alimentar os oito animais – entre gatos, cachorros e cavalos – que ficaram no local. Os destroços foram retirados pela prefeitura, e a família ainda tem esperança de voltar a morar lá.
– Nós fomos na prefeitura cinco vezes, mas ninguém deu solução – conta Maria Elizabeth.
Com lágrimas nos olhos, ela afirma que está passando necessidade, já que o marido ficou desempregado dias antes do temporal.
Além das famílias, outros 115 mil clientes da RGE Sul ficaram sem energia elétrica na região. De acordo com informações repassadas pela concessionária, no momento, nenhum cliente está sem o fornecimento do serviço.
Como alertado pela reportagem do Diário na última quarta-feira, o Parque Itaimbé chama a atenção pela quantidade de resíduos que, desde a tempestade, ficaram lá. A prefeitura informou que realizará a desobstrução gradativamente.
NÚMEROS DA TEMPESTADE
Os danos registrados no dia 19 de outubro
Energia elétrica – 115 mil clientes afetados na região
Vento – 133 km/h
Prejuízo público – R$ 1,3 milhão, em Santa Maria
Prejuízo privado na agricultura – R$ 821 mil no município
Locais atingidos – 33 bairros e quatro distritos
Pessoas desalojadas – 4,8 mil, em Santa Maria
Pessoas afetadas no município – 255 mil
ESCOLAS
Os danos causados, principalmente, por destelhamento ainda impedem que alunos retomem suas atividades. Na Escola Antônio Francisco Lisboa, no Bairro Nossa Senhora das Dores, o telhado foi consertado com a ajuda de doações de empresas, familiares, amigos e o esforço da comunidade.
A escola, que atende pessoas com deficiência, retomou as aulas, mas ainda faltam os vidros da sala onde alunos fazem artesanato. Nos banheiros, que também tiveram vidros quebrados, a água entra sempre que chove, e uma das oito salas, a de exercícios físicos, está sem uso por problemas na fiação elétrica causados pelo temporal.
Geluise Darcoso Sacool fez 31 anos um dia depois da tempestade, em 20 de outubro. Além do fenômeno suspender a comemoração com os colegas de turma, também impossibilitou que ela fizesse as aulas que mais gosta.
– Eu gosto de fazer artesanato com caixinhas de café – conta Geluise.
As aulas na Francisco Lisboa foram retomadas algumas semanas após o temporal, na última quinta-feira, no dia 16 de novembro. E, segundo a diretora, Sonia Gentile, cerca de R$ 10 mil ainda são necessários para finalizar a reconstrução da escola.
– Faltam o dinheiro e a mão de obra – informou a diretora.
Parque Itaimbé ainda acumula destroços da tempestade
Outra instituição muito afetada é a Escola Estadual Coronel Pilar, que fica ao lado da Francisco Lisboa. Ali, as aulas não têm data para serem retomadas. De acordo com o titular da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), José Luiz Viera Eggers, a homologação do decreto pode ajudar a acelerar as obras nas escolas mais afetadas, mas os prazos ainda são incertos.
– A verba vem do governo estadual, mas o decreto ajuda que essa verba venha mais rápido – disse.
O secretário também informou que espera que, dentro de 30 dias, as obras comecem na Coronel Pilar. Os danos na escola giram em torno de R$ 200 mil. Com professores em greve, a 8ª CRE informou que colocou o espaço físico da escola Colégio Estadual Padre Rômulo Zanchi, no mesmo bairro, à disposição dos alunos do Coronel Pilar. Mas, com a greve, não há previsão de retorno das aulas. As duas escolas, Coronel Pilar e Francisco Lisboa, estão realizando campanhas para arrecadar verba para os consertos.