Santa Maria decreta situação de emergência devido à estiagem

Rebeca Kroll,Vitória Parise

Santa Maria decreta situação de emergência devido à estiagem
Foto: Nathália Schneider (Diário)

Na manhã desta quinta-feira (29), a prefeitura de Santa Maria declarou situação de emergência no município devido à estiagem. A medida está disposta no decreto assinado pelo prefeito em exercício Rodrigo Decimo no Gabinete do Prefeito. Segundo dados repassados pela Emater, os prejuízos na cidade já contabilizam R$ 23 milhões, sendo R$ 21,7 milhões na agricultura, e outros R$ 1,3 milhões na pecuária.

Agora, Santa Maria entra para a lista de municípios da Região Central que aderiram à medida: Agudo, Júlio de Castilhos, São Gabriel, São Martinho da Serra e Tupanciretã também enfrentam danos humanos e ambientais. Conforme Decimo, a cidade enfrenta a estiagem pelo quarto ano consecutivo e neste ano esta mais grave, assim a assinatura do decreto é importante, pois permite uma aquisição mais ágil de recursos e auxílios para minimizar os impactos.

– Com a assinatura desse decreto nós podemos ter algumas etapas agilizadas, principalmente na aquisição de produtos e serviços. Além de ter mais facilidade para acessar outras instituições como o Exército e o Corpo de Bombeiros. Temos outras etapas ainda em nível estadual e federal para podermos acessar recursos nessas instâncias. Esse decreto vai permitir, por exemplo, que a Defesa Civil adquira caixas d’água para entregar aos pequenos produtores – explica o vice-prefeito.

Famílias atingidas

De acordo com o relatório da Defesa Civil, em janeiro deste ano 57 pontos do município eram abastecidos, contemplando 116 famílias e 950 pessoas. Agora, até esta quinta, o número de pontos subiu para 127, com 355 famílias e 1090 pessoas atingidas. Segundo o órgão, o número de afetados aumenta cerca de 5 a 10 pessoas por dia.

– Na agricultura estamos com problemas na germinação, vários agricultores não conseguiram terminar de plantar as suas lavouras e os que plantaram estão sofrendo com a morte das plantas devido ao excesso de calor e falta de umidade. Os animais estão perdendo peso e com fome, já recebemos relatos de animais que estão se alimentando dos galhos das árvores, pois não tem mais pasto. Os produtores estão descapitalizados e a situação está abalando eles emocionalmente. O cenário está muito complicado – comenta Delcimar Gonçalves Borin, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria.

Conforme a Emater as principais culturas afetadas são as de soja, arroz, milho, bovinocultura de corte e de leite:

Soja: perda de 6%

Milho grão: perda de 20%

Milho silagem: perda de 25%

Bovinocultura de corte: perda de 10%

Bovinocultura de leite: perda de 10%

Chuvas abaixo da média

O setor de meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aponta chuvas inferiores à média de 154mm, sendo contabilizadas até o momento apenas 100 mm de precipitações. Atualmente, os níveis das barragens também estão abaixo do normal. No DNOS, no Bairro Campestre Menino Deus e na Val de Serra, na estrada Rodolfo Costa e Silva, a água está 2,9 metros abaixo do considerado normal.

De acordo com José Epstein, superintendente regional da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), não há risco de falta de água no município e por isso racionamentos não devem ocorrer. O superintende destaca também que a barragem do DNOS, por ser mais sensível, vai recuar consideravelmente nos próximos meses, contudo não é preciso se preocupar:

– Ela contribui com menos de um terço do abastecimento da cidade e nós temos estruturas que nos permitem fazer uma maior adução das outras barragens. O sistema está preparado para enfrentar a estiagem, mas reforço a importância de todos nós fazermos um consumo racional e consciente nesse período. Principalmente durante as altas temperaturas, quando observamos um crescimento de 10 a 15% no consumo de água.

José salienta que a população deve evitar banhos de mangueira e encher piscinas todos os dias. Além disso, se atentar para o uso da água durante a limpeza das calçadas e dos carros, fechar a torneira ao escovar os dentes e não tomar banhos demorados.

Ações de combate

Segundo informado pela prefeitura, durante o ano foram adquiridos 49 reservatórios e 200 bebedouros e micro açudes. Bem como, foram doadas mais de cinco mil cestas básicas pela Defesa Civil Nacional e pela Ação de Distribuição de Alimentos do Ministério da Cidadania.

Programas como o de Amparo à Agricultura Familiar beneficiou 130 famílias com R$ 400,00 e o Água Vida e Cidadania da Corsan levou água para 1200 famílias. Atualmente estão previstas a compra de dois tanques, de 6 mil e 10 mil litros de capacidade, além de 40 reservatórios e construção e reforma de 41 micro açudes pelo programa Irriga SM.

O Executivo pretende também utilizar os recursos do programa Avançar RS do Governo do Estado que deve garantir a abertura de dois poços artesianos pelo município e outro pela secretaria de obras do Estado. Além disso, também vai ser instalado uma Estação de Meteorologia na cidade para monitorar as chuvas

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Em dois meses, 349 famílias foram abastecidas com água potável devido à estiagem em Santa Maria

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