Coluna Sociedade

Medicalização

Em plena crise econômica e arrefecimento do comércio, a  impressão que se tem é que a indústria farmacêutica está longe de sentir o problema, haja vista o intenso consumo de remédios e o número crescente de farmácias sendo abertas. Se remédio fosse remédio, estaríamos curados, promovendo a catástrofe desse rico campo de consumo.

Meus problemas com relação a medicações iniciaram no momento da leitura das bulas – somente com lupa! Depois, foi decifrar o mediquês dos laboratórios, um palavreado apropriado para os profissionais da área. A essas alturas, desisto de me aventurar nos meandros da bula, descurando de um importante ponto: as contraindicações ou efeitos colaterais. A última vez que li uma bula, concluí que a pessoa que for capaz de decodificá-la, certamente desistirá de ingerir remédios.

Sobre efeitos colaterais, o Dr. Carlos Bayma tem um texto interessante, apresentado na Internet pelo autor Sílvio Matos, com o título Medicina da doença: como funciona.

O personagem inicia tomando Fluoxetina, para combater uma depressãozinha, e aparecem efeitos colaterais tratados com novas medicações, virando uma bola de neve, ficando o paciente totalmente à mercê da medicalização.

Para o doutor em saúde coletiva, Charles Tesser (2006) "a medicalização transforma culturalmente as populações, que gera uma incapacidade do indivíduo em enfrentar os adoecimentos e dores cotidianas, levando ao consumo abusivo e contraprodutivo dos serviços biomédicos, gerando dependência excessiva e alienação".

Nos anos 1970, Ivan Illich, na obra A Expropriação da Saúde: Nêmesis da Medicina(em PDF, na Internet), teve a coragem de alertar a população francesa sobre os perigos da medicina moderna. Frente a situações limites a tendência é recorrer ao uso de drogas lícitas, como se nela estivesse à solução do problema, e cuja venda gera fortunas fabulosas que alimentam a receita da indústria farmacêutica.

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