Deni Zolin

Infectologista diz que vacina contra a Covid é fundamental, outro acredita que é secundário

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Apesar de, lamentavelmente, a discussão sobre as vacinas contra o coronavírus virar embate político, com um discurso reprovável por parte do presidente Jair Bolsonaro, torcendo para que a vacina chinesa não funcione, a coluna questionou dois médicos de Santa Maria sobre a opinião deles quanto ao uso ou não das vacinas que estão em desenvolvimento. O infectologista Reinaldo Ritzel diz que é sempre a favor do uso de vacinas que forem aprovadas em termos de eficácia e segurança:

- Qualquer vacina, não importa de onde vem, onde foi feita ou por quem foi feita. Se for aprovada, tem de ser liberada. Vacina é um avanço na ciência, a gente não pode abrir mão disso.

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Ritzel diz que não adiantaria ter vacina que seja eficaz só para crianças e jovens, que dificilmente morrem de Covid, e que é importante que ela tenha eficácia nas populações com maior risco de morte, como idosos.

- E eu não sei se alguma vacina terá essa eficácia em idosos, depende de testes. A Pfizer diz que a vacina dela tem 90% de eficácia, agora tem de ver se, nas populações mais susceptíveis a doenças graves, é 90% também. Se for, ótimo. Mesmo que não se tenha eficácia tão grande, que seja de 70%, daí, 30% das pessoas ficam desprotegidas mesmo que tenha vacinação em massa. Mas tem outro lado, até as pessoas desprotegidas vão ter uma proteção indireta, porque o vírus vai circular menos. Claro que o ideal é vacina que proteja 100%, mas se não tiver, pode ser a de 70% de eficácia, desde que tenha segurança - afirmou Ritzel.

Tratamento precoce

O infectologista Fábio Lopes Pedro diz que o foco deveria ser a divulgação à população da necessidade de atendimento precoce, e não as vacinas. 

- As pessoas doentes que procuram atendimento precoce e não ficam em casa esperando uma melhora espontânea da doença são as que mais se beneficiam desse tratamento cedo. Na minha experiência, de 250 tratamentos precoces, com três medicamentos usados até 72 horas do início dos sintomas (azitromicina, ivermectina e reuquinol - sulfato de hidroxicloroquina), eu não tive nenhum paciente intubado e nenhum óbito. Ao passo que os pacientes tratados tardiamente, que ficam em casa esperando e vão (buscar atendimento) pelo quarto, quinto ou sexto dia de doença, esses pacientes ficam susceptíveis a complicações. Se na minha experiência de mais de 250 pacientes tratados precocemente, eu não tive uma complicação, eu não fico angustiado esperando que uma vacina seja produzida. O que interessa é a orientação que o Ministério da Saúde vem fazendo hoje, nas rádios e outras mídias, de procurar tratamento precoce. A vacina, para mim, é um assunto secundário, que depende de outras pesquisas e de muito tempo para sua liberação. As pessoas não devem entender que elas devem voltar a sua vida normal vinculando isso à produção de vacina. Temos de orientar a população hoje, é que pessoas sintomáticas, de quadro gripal, com febre, dor no corpo, dor de garganta, dor de cabeça, devem procurar atendimento no primeiro, segundo ou, no máximo, terceiro dia dos sintomas. Isso muda drasticamente o manejo da doença. As atividades devem voltar normalmente, com todo o zelo e a precaução necessária, mas sem qualquer tipo de vínculo "ah, vou esperar uma vacina ser produzida para retomar as aulas ou abrir uma universidade" - diz Fábio.

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Reinaldo Ritzel concorda que o atendimento precoce melhora o prognóstico dos pacientes.

- Eu intuo que essas medicações off label (usadas para doenças que não estão previstas na bula) funcionam sim. Nenhuma delas faz milagre 100%, mas provavelmente melhorem o prognóstico. Mesmo que essas medicações não tenham benefício, o paciente (que procura cedo o atendimento) fica sendo monitorado, ele vai receber uma hidratação melhor, vai ter o momento certo das únicas intervenções que a gente tem certeza que funcionam. O corticoide já está provado que funciona quando dado na hora certa. Mas para você ter o momento certo, tem de ter o paciente na mão desde antes. Sim, na pior das hipóteses, dessas medicações, como nitazoxanida, ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina, que estão no rol das medicações de uso precoce na virose do coronavírus, se elas talvez não tenham o benefício apregoado, mas pelo menos você tem o paciente na mão e tu identificas o melhor momento de fazer a intervenção com o corticoide e com a profilaxia e tratamento dos eventos tromboembólicos (coágulos no sangue), que já têm maior nível de comprovação em ciência - afirma Ritzel.

Ele diz que nenhum remédio funciona 100% contra a Covid e não impede a gravidade da doença em todos os casos:

- Nenhuma dessas intervenções (medicamentos) funciona 100%, temos até colegas (médicos) que fizeram o uso na hora certa e que, mesmo assim, ficaram doentes e, alguns até graves. E isso até nos faz pensar como seria se não tivesse usado (os medicamentos). Mas não impede de evoluir para gravidade em 100% das vezes. Agora, eu defendo o uso também, não vejo como não usar uma medicação que tem evidências que não são absolutas, mas que tem evidências que funcionam, além de ter segurança e baixíssimo efeito colateral, inclusive a hidroxicloroquina. Não vejo por que não usar se o paciente entende que não é uma Brastemp e que não adianta usar se a doença está na fase evoluída. Mas tem de usar - opina Ritzel.

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