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Sobre Valdir, Helen, Luci e os rumos da CPI da covid


É pouco provável que haja uma concordância pública. Mas, creia, o retorno do petista Valdir Oliveira ao Legislativo, até mesmo antes do que se imaginava, deixou muitas pessoas aliviadas - além, claro, da felicidade pela recuperação do vereador, que ficou quase quatro meses internado, e em não poucos desses dias na condição de paciente grave do novo coronavírus.

De todo modo, há consequências políticas bastante objetivas com a volta do parlamentar às lides. A principal, claro, é o afastamento, após três meses e meio na função, da suplente Helen Cabral.

A ela não se negam virtudes, como grande envolvimento político, capacidade de trabalho e combatividade invulgar. No entanto, nesse período todo em que esteve edil, a histórica militante do PT (sim, ninguém dirá isso publicamente) passou a impressão de que queria cumprir um mandato inteiro em menos de um semestre. E isso balizou, é a impressão de muitos, dentro e fora do partido, sua permanência no parlamento.

Relatora da "CPI da Covid", ainda que vereadora apenas em exercício, suplente que é, atacou politicamente o prefeito municipal. O que não é um problema, afinal, ela é de oposição.

Mas, por mais que tenha declarado que fazia parte dos objetivos do colegiado, o fato é que, ao chamar opositores declarados do governo para depor, evidentemente aparentou (e em política, não raro, aparência é tudo) ter descoberto que o objetivo original - encontrar ações e omissões da prefeitura diante do enfrentamento à pandemia - não seria alcançado. E, dessa forma, buscou avaliar e fustigar a comunicação no já passado momento eleitoral para confrontar o prefeito Jorge Pozzobom.

OUTRO RUMO - Com a volta do titular, Valdir Oliveira, muda o relator da CPI, que será Luci Duartes, do PDT. E poucos duvidam que a Comissão caminhará por outra estrada.

Sobram convicções de que a escolha da pedetista para a função deverá significar quem sabe retomar as razões (e objetivos) que levaram à instalação do colegiado. Se certo ou errado, não se sabe. Mas, com certeza, o roteiro a ser percorrido tende a ser outro.

EM TEMPO - Se há quem imagine (e, sim, é posição política legítima) uma Comissão Processante para constranger o Executivo, talvez seja conveniente repensar. Jorge Pozzobom tem bem mais que o terço dos votos necessário para barrar a iniciativa, se for adiante.

A visita de Souza, quem sabe candidato do MDB ao Piratini

O médico veterinário Gabriel Souza, aos 37 anos, é deputado estadual. Mais, é o presidente da Assembleia Legislativa. Já tem o que muito político veterano não possui: currículo. Começou na Juventude do partido, que presidiu, e é integrante da executiva estadual e do Diretório Nacional.

Souza passou perto de 16 horas em Santa Maria e meia dúzia delas em Restinga Sêca, Recanto Maestro incluído. Aqui, teve agenda dupla.

De um lado, institucional, condição na qual papeou, por exemplo, com prefeitos daqui e da Quarta Colônia, e também esteve com o reitor da UFSM, Paulo Burmann, e lideranças empresariais.

De outra parte, teve dois jantares eminentemente político-partidários. Num, com os emedebistas de Santa Maria, inclusive o deputado Roberto Fantinel - seu escudeiro nos compromissos. Noutro, com os prefeitos emedebistas da região.

Esses foram os encontros oficiais, na agenda. Mas também papeou com outras pessoas e lideranças fora do papel oficial. A questão é: o que isso significa?

Na verdade, num cenário bastante interessante que se choca com a realidade de 2022, o deputado, embora possa negar, está mais que fardado para, se a chance surgir, concorrer a governador do Estado.

Sabe, como qualquer político minimamente enfronhado, que tem fila. E ele não está em primeiro, no MDB. Essa condição é ostentada pelo presidente estadual Alceu Moreira, como ele, oriundo do litoral norte. Mas, se o hoje deputado federal, por qualquer motivo, venha a sair da lista, ele pretende ocupar o lugar. Para isso, contatos são fundamentais. E Santa Maria e região foram uma parada. Não a única. Outras virão, nesses tempos em que Gabriel Souza é dublê de presidente do Legislativo gaúcho e eventual concorrente ao Piratini.

Em tempo: o plano B (ou A, dependendo de quem o vê) do deputado é concorrer a deputado federal (se Moreira abrir caminho, disputando o Piratini). O C, mais improvável, é a reeleição.

Paulo Pimenta, vídeo de Lula e o cargo a ser disputado em 2022

"O ex-presidente Lula sempre me emociona pela sua generosidade, este gesto fortalece ainda mais nossos laços de amizade e de companheirismo na construção de um projeto de justiça social, inclusão e vida digna para o nosso povo".

A declaração é do deputado federal Paulo Pimenta - que há duas semanas recebeu um vídeo gravado pelo virtual candidato petista à presidência, e disponível na internet - reconhecendo a aguerrida atuação do santa-mariense, que nunca deixou de defender seu líder, nem nos piores momentos curitibanos.

É evidente que o material será utilizado na próxima campanha eleitoral. E aí é que está o busílis. Pimenta declarou ao colunista, não faz três meses, estar decidido a concorrer ao que será (se eleito) o sexto mandato de deputado federal. E assim refuta a ideia, que outras lideranças do partido difundem, de que poderia candidatar-se ao Senado.

Em política, o que é sim hoje pode ser talvez amanhã, quem sabe depois de amanhã e não na próxima semana. No entanto, o deputado tem se mantido firme no propósito de buscar a reeleição. Então... Então, é melhor esperar. E ponto.

LUNETA

PSB, NÃO!

O vereador Werner Rempel não acredita (ao contrário, crava o contrário) que seu partido, o PC do B, se incorpore ao PSB numa única sigla socialista. O fato é que a mídia tem noticiado com insistência essa possibilidade, por conta das dificuldades para alcançar o percentual mínimo para manter bancada nacional no próximo ano. Esse é um problema real, mas que não pode antecipar decisões, crê o edil santa-mariense.

PSB, NÃO! (2)

A ideia de adesão dos comunistas do B foi reforçada há 10 dias com a decisão do governador do Maranhão, Flávio Dino, que se mandou de mala e cuia ao PSB. Rempel entende que foi uma decisão pessoal do maranhense, apenas isso. Mas o fato é que, com a saída de Dino, o PC do B perde sua "laranja de amostra", dada a considerada grande administração do ex-filiado no estado nordestino.

LULA, NÃO!

A ida de comunistas do B ao PSB é interpretada pelos analistas como um movimento que levará inevitavelmente à aliança com o PT, apoiando a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência. Aliás, com Flávio Dino como possível candidato a vice - se o petista não encontrar alguém representativo de partido centrista. Só que isso causa erisipela no PSB gaúcho e santa-mariense, que não admitem a ideia.

LULA, NÃO! (2)

O líder principal do PSB/SM, Fabiano Pereira, foi vereador, secretário e deputado pelo PT, de onde saiu, inconformado com a falta de espaço local. A cisão é tão forte que, ano passado, o partido preferiu (embora "de esquerda") apoiar Sergio Cechin, do "direitista" PP, contra o petista Luciano Guerra. Alguém acredita que agora vão se juntar todos outra vez, e apoiar Lula? Nem o colunista.

PARA FECHAR

Das mais antigas lideranças locais, a mais longeva, longe, é o ex-prefeito e ex-vice José Haidar Farret. Sem partido, desde que deixou o PP, há um tempão, sua casa é local de constantes casos de beija-mão, com políticos de partidos diversos. E ele não para: agora é médico também da prefeitura de Itaara. Adivinha quem fez a primeira foto com ele? Sim, o prefeito Sílvio Weber.

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