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Adoro o Natal. Admiro os enfeites, as árvores, as músicas, o papai Noel, os presépios, a mesa enfeitada para a ceia, os filmes natalinos, enfim tudo o que faz lembrar a data. Não há dúvidas de que este ano tudo está diferente. Menos enfeites, menos alegria. Não posso negar que, em alguns instantes, as notícias dos jornais e parte daqueles que usam as mídias sociais para disseminarem medo, pânico e culpa, conseguem afetar o meu bem-estar psicológico.
Sei que o momento é muito triste para aqueles que perderam familiares nessa luta desigual com a Covid assim como para todos nós que já tivemos perdas, porque é nessa época que a saudade vem com mais força, pois, lembramos festas passadas em que celebramos com aqueles que já se foram e que jamais voltarão. Contudo, essa melancolia, comigo, não dura muito tempo, pois, por influência da minha mãe, sou muito Pollyanna (personagem do livro de Eleanor H. Potter, escrito em 1913) e logo encontro um motivo para ser feliz, mesmo em situações extremamente difíceis.
Conta a história que durante a I Guerra Mundial, no Natal de 1914, nas trincheiras da Bélgica, ocorreu uma trégua, não oficial, entre os soldados ingleses e alemães. Os alemães decoraram suas trincheiras com motivos natalinos, entoaram cantigas alemãs utilizadas para celebrar a data e passaram a comemorar com os ingleses. Durante seis dias houve um cessar-fogo, onde os soldados trocaram alimentos e presentes, objetos simples que possuíam e até jogaram uma partida de futebol. O historiador americano Stanley Weintraub calculou que cerca de cem mil homens, de ambos os lados, aderiram à trégua do natal de 1914. Ela foi vista como um símbolo de paz e humanidade num dos eventos mais violentos da história moderna.
Paulo Coelho, ao escrever sobre a importância da alegria, diz que "quando o guerreiro vence uma batalha ele comemora. A vitória custa momentos difíceis, noites de dúvidas e intermináveis dias de espera. Desde os tempos antigos, celebrar um triunfo faz parte do próprio ritual da vida. A comemoração é um rito de passagem. Os companheiros olham a alegria do guerreiro e pensam: -Por que faz isto? Pode decepcionar-se em seu próximo combate. Pode atrair a fúria do inimigo. No entanto, o guerreiro sabe o motivo de seu gesto. Ele se beneficia do melhor presente que a vitória pode trazer: a confiança. Celebra, hoje, a vitória de ontem, para ter mais forças na batalha de amanhã."
As duas histórias servem de exemplo da importância de confraternizar e de manter a tradição de celebrar o Natal. Todos nós precisamos de momentos de alegria. Mesmo que a Covid não nos possibilite negociar, o Natal merece uma trégua, ao menos da tristeza. A data faz jus ao esforço de cada um de nós para a celebração da vida, ainda que distante de quem amamos, porque instantes de comemoração é a fonte motivadora para vencer as batalhas futuras. Feliz Natal!