Revolução Farroupilha não foi uma guerra perdida, na visão de professora da UFSM

Revolução Farroupilha não foi uma guerra perdida, na visão de professora da UFSM

Obra de Guilherme Litran, Museu Júlio de Castilhos

Guilherme Litran pintou a obra "Carga de cavalaria Farroupilha", que está no acervo do Museu Júlio de Castilhos

Nesta sexta-feira (20), no programa F5, da Rádio CDN, convidei a professora de História da UFSM Maria Medianeira Padoin para explicar o contexto histórico e o que foi a Revolução Farroupilha. Durante uma hora, ela explanou os principais aspectos históricos que levaram à criação da República Riograndense e também ao tratado de paz que pôs fim à Revolução Farroupilha. Vou resumir. Ao final, ela faz uma avaliação da revolta que marcou a história dos gaúchos. Confira abaixo a entrevista na íntegra.


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Alguns fatos que propiciaram à Guerra dos Farrapos originam-se da expansão de Portugal e, depois, do Império do Brasil na ocupação e posse de terras “destinadas” pelo Tratado de Tordesilhas à Espanha. Com isso, dominar as terras do hoje Rio Grande do Sul e do Uruguai era importante para os portugueses e o Império para eles terem acesso à Bacia do Prata, onde deságuam rios que abrem caminhos para o interior da América do Sul. Assim, de 1817 a 1828, quando Portugal e, depois, o Império do Brasil comandaram a Província Cisplatina (atual Uruguai), puderam atuar no comércio e transporte, principalmente de metais preciosos, como a prata e o ouro, entre outros produtos de exportação e importação.

 
Como a Província Cisplatina/Banda Oriental (atual Uruguai) acabou conseguindo a independência (1825/1828) e se tornou uma república, muitos portugueses e brasileiros que viviam no Rio Grande do Sul e que criavam gado no Uruguai ficaram revoltados com a cobrança de impostos por parte da Coroa Brasileira e pelo fato de o Brasil comprar charque uruguaio, que era mais barato, competindo com o charque gaúcho. Além de cobrar muitos tributos, pelo imposto do sal, o Império não investia aqui do Rio Grande do Sul nem permitia eleição para o presidente da Província, que era nomeado pelo imperador. Indignados e com a inspiração do Uruguai, que conseguiu ser um país independente, os farroupilhas tentaram fazer o mesmo aqui na Província, criando em 11 de setembro de 1836 a República Riograndense – foi quase um ano após a 1ª tomada de Porto Alegre, no 20 de setembro de 1835. Houve várias batalhas e há estimativas de quase 4 mil mortos em 10 anos. Caçapava do Sul foi a 2ª capital farroupilha, em 1839 e 1840 – as outras foram Piratini e Alegrete.

 
Porém, no final da guerra, o Império do Brasil percebeu que poderia perder o Rio Grande do Sul para os interesses de Buenos Aires e províncias litorâneas (que hoje integram a Argentina) e o Uruguai, já que havia aproximação de parte dos farrapos com o Prata. Por temor disso e devido aos conflitos nos países vizinhos, o Império acabou negociando a paz, assinada no Tratado de Poncho Verde, em 1º de abril de 1845. 


Para a professora Maria Medianeira, a Revolução Farroupilha não foi uma guerra perdida, como interpretam alguns historiadores:

 
– Foi uma proposta de república que não teve continuidade. O final da guerra se deu por uma tratativa de paz diplomática e não por uma derrota efetiva em campo de batalha (apesar das perdas significativas no período) dos farrapos, onde se declarasse vitória das forças do Império.

 
Em 1889, o Brasil virou república.

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Deni Zolin

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