
Há pessoas que imaginam que apenas por meio do Espiritismo podemos ter contato com os espíritos. Claro que não! O grande diferencial, porém, perante as outras correntes religiosas é que, além de usá-la, ele explica a mediunidade, não sendo, portanto, sua propriedade. Queiramos, ou não, todos nós atraímos espíritos através de uma coisa chamada afinidade, o que significa dizer que atraímos tanto os bons como os maus, independente de sermos ou não médiuns. Aliás, essa atração depende muito mais de nós do que deles através de uma energia já estudada, mas com sua capacidade quase que desconhecida da ciência: o pensamento. Pois, se através dessa energia chamada pensamento exalarmos o perfume de uma flor, atrairemos beija-flor. Se, por outro lado, exalarmos carniça, teremos aves de rapina como companhia. É uma lógica simples. Vale lembrar que essa aproximação por afinidade pode levar os espíritos a influenciar nossos pensamentos e, por via de consequência, nossa conduta, seja para o lado bom como para o lado ruim.
No segundo caso, a influência perniciosa é facilmente perceptível pelos espíritos ainda muito materializados e atrasados espiritualmente, facilitando, por parte deles, nossa indução ao erro. A nós, porém, através do nosso discernimento e da nossa liberdade de escolha, no Espiritismo chamado de Livre Arbítrio, cabe aceitar ou não essa influência. Ou seja, eu sou o árbitro de mim mesmo e dono absoluto da minha vontade no que tange às minhas escolhas, o que significa dizer que na mesma proporção em que eu opto por enveredar pelo lado bom ou pelo lado ruim, arcarei com as responsabilidades inerentes pela opção escolhida dentro de uma lei divina da qual ninguém consegue se safar, chamada lei de Causa e Efeito, pois nada na vida é casual.Tudo é causal. Tudo tem um motivo.
O Espiritismo, antes de ser uma religião, é uma filosofia de vida, um código comportamental que trás, diferentemente das outras religiões, todas as suas explicações alicerçadas na lógica e na razão.Antigamente, muitas pessoas procuravam-no pela dor da perda de um ente querido, na expectativa de que, do chamado "mundo dos mortos", ele enviasse alguma comunicação para onde nós vivemos e julgamos ser o "mundo dos vivos". Atualmente, isso ainda continua acontecendo, porém em bem menor escala. A maioria das pessoas que hoje procuram as casas espíritas não vai mais, como antigamente, na expectativa de ver espíritos "baixarem", de preferência o seu ente querido, e dizer qual o número do bilhete premiado. Hoje, felizmente, isso acabou, pois quem vai à casa espírita, mesmo os que vão pela primeira vez, vão lá em busca de respostas visando entender melhor as disparidades da vida que trazem a tiracolo infelicidade e problemas de toda ordem. O Espiritismo não é uma doutrina salvadora, até porque, ao contrário do que muitos pensam, religião nenhuma salva ou condena. Nós, pelas nossas ações e as nossas escolhas, é que nos salvamos ou nos condenamos. O Espiritismo, em verdade, é uma doutrina educadora, posto que nos conscientiza da responsabilidade dos nossos atos, tanto para o bem quanto para o mal. E, à medida que nos educamos, tomamos conhecimento de como funcionam as engrenagens que movimentam a vida e o verdadeiro sentido dela.
E, partir desse entendimento, ele adquire uma outra faceta, a de consolador na medida em que faz entender, sem sofismas, as razões das nossas dores. Nesse momento, então, passamos a entender claramente as palavras de Jesus quando disse: "Eu rogarei ao Pai, e Ele vos enviará outro consolador".