colunista do impresso

O rumor de anjos e a pandemia

style="width: 100%;" data-filename="retriever">

A Covid chegou dizimando vidas, infectando pessoas, e questionando o sentido da vida. Nos subjugou, destroçou o capitalismo e o neoliberalismo. Discutiu: lucro, concorrência, acumulação, cobiça, indiferença, lei, ecologia, e o valor da pessoa. Ratificou que não comemos computador, tecnologia nem inteligência artificial.

A pandemia provou que não somos deuses, mas mortais vulneráveis, expostos ao imprevisível; que o que conta é a vida, o amor, a solidariedade, a cooperação, a proteção ambiental, e a atenção às demandas do povo.

No isolamento, neste retiro existencial imposto, vimos que nada é casual. Tudo ensina, basta desvelar a realidade. O impostergável é permitir que esse evento coletivo não seja em vão. Ele é como o cadinho que funde, mistura, testa, purifica, checa velhos hábitos revisitados e novos a serem incorporados.

Contudo, a esperança impera. O papa Francisco na Fratelli Tutti diz que a esperança fala... da realidade enraizada no fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias... e dos condicionamentos históricos (55). Mostra que mais do que virtude, projeta sonho, desejo e visão que resgatarão a vida no planeta.

Mesmo contraditórios, feitos de luz e sombra, cremos que a luz triunfará, porque somos plenos de amor e bondade. Nós, pessoas simples, continuamos lutando, nos preocupando, e sonhando com o melhor. Surpreendentemente generosos, ajudando o outro, arriscando a vida, salvando os ameaçados, e agindo na esperança.

A Covid que escancarou o individualismo e a insensibilidade face à dor e ao sofrimento alheio, mostrou o valor da esperança e da confiança, pois a vida é boa e deve ser levada com coragem e valores.

Há aqui a sacralidade ética do certo, do fazer bem feito, e do fazer ao outro o que esperamos que nos faça. Isto se chama rumor de anjos que identifica sinais que explicitam o sagrado da vida, o sentido secreto que ela guarda, a despeito do caos e do contrassenso histórico.

O exemplo disso, é o do pai ao acalmar o filho quando falta luz. Ele se agita no escuro, sente-se só, com medo. Grita. O pai pega-o no colo, diz coisas boas e sussurra: não tenhas medo, estou aqui. O filho se acalma, recobra confiança, e se reconcilia com a escuridão.

Neste ato simples, a certeza de que o pai não lhe engana, que tudo ficará bem, em ordem. O ato e a fala do pai mostram ordem na desordem, e que isto passará. Nós, no escuro da pandemia, também cremos que tudo passará, esperamos a nova ordem em construção, se tonificando e, quando tudo passar, ela irromperá.

Aí rumaremos ao alvo maior, desconhecido, que intuímos existir e ser bom. Nele estará o final feliz e reviveremos a perícope: Deus viu o que havia feito e achou que estava muito bom (Gen 1,31).

Caro leitor, também acreditas que estamos rascunhando uma vida melhor?

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Lombadas da Faixa Velha multam só 0,009% dos veículos que passam Anterior

Lombadas da Faixa Velha multam só 0,009% dos veículos que passam

O novo governo municipal Próximo

O novo governo municipal

Colunistas do Impresso