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O que o Brasil e o Catar têm em comum?

data-filename="retriever" style="width: 100%;">O Catar foi um protetorado britânico até ganhar a independência em 1971. Desde então, tornou-se um dos estados mais ricos da região devido às receitas oriundas do petróleo e do gás natural. É um emirado absolutista e hereditário. Em 1995, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani tornou-se emir após depor seu pai em um golpe de Estado. Com uma população estimada em 1,9 milhão de habitantes, apenas 250 mil são nativos. Os demais são trabalhadores estrangeiros, especialmente de outras nações árabes. Faz divisa com a Arábia Saudita e é um importante aliado dos EUA, que tem base militar na região.

Até agora, o único interesse dos brasileiros pelo Catar era por esse país ter sido escolhido, sob acusação de suborno a dirigentes da Fifa, para sediar a Copa do Mundo de 2022. Devido ao calor escaldante do deserto, a competição, realizada a cada quatro anos no mês de junho, teve até de ser transferida para o final desse ano, quando a temperatura local é mais amena. Porém, além do futebol, outro fator aproxima o Brasil do Catar: a desigualdade de renda.

Segundo dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil caiu uma posição no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas, que mede o bem-estar da população considerando indicadores de saúde, escolaridade e renda. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro é de 0,761. O IDH varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. Por esse critério, o Brasil alcançou a 79ª posição, fazendo parte do conjunto de países de alto IDH. O país melhor situado no ranking é a Noruega, com um IDH de 0,954.

Entretanto, o Brasil é o que mais perde posições no ranking quando o IDH leva em consideração as desigualdades sociais. Reduz o IDH de 0,761 para 0,574. A principal causa para o resultado brasileiro é a desigualdade de renda. A parcela dos 10% mais ricos do Brasil concentra 41,9% da renda total do país. Enquanto isso, a parcela dos 1% mais ricos fica com 28,3% da renda.

O Brasil só é superado em desigualdade econômica pelo Catar, onde 1% da população detém 29% da riqueza do país. O Chile está em terceiro, com 23,7% da renda nas mãos de 1% da população. Isso demonstra que as manifestações de rua pedindo reformas sociais, que há mais de mês ocorrem no Chile, têm razão de ser.

A desigual distribuição de renda no Brasil foi justificada didaticamente no passado pela metáfora do bolo. A frase de que era preciso "primeiro deixar o bolo crescer para depois distribuir", dita pelo então ministro da Economia da época da ditadura militar (Delfim Netto), provavelmente o perseguirá até o túmulo. De lá para cá, o bolo (PIB) cresceu, porém só os ricos aumentaram a sua fatia. Para os pobres, restou migalhas. Justiça seja feita: devido às políticas inclusivas dos governos petistas, diminuiu o número de pessoas que se encontravam em condições de miséria.

Décadas se passaram desde então e o atual ministro da Economia (Paulo Guedes), tenta promover outro "Milagre" às custas dos mais pobres. Todas as reformas apresentadas mexem apenas com a classe trabalhadora. Ou alguém acha que um banqueiro iria fazer reformas para prejudicar os ricos? O ministro, que trabalhou no Chile durante o regime Pinochet, nunca escondeu sua admiração pelas reformas feitas naquele país, em especial a da Previdência, que é uma das causas principais das manifestações. Hoje, o Chile vive o caos político e não é mais exemplo para ninguém. Amanhã, pode ser a nossa vez.

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