As crianças e o futuro do tradicionalismo: atividades do Acampamento Farroupilha promovem a inclusão nos CTGs

As crianças e o futuro do tradicionalismo: atividades do Acampamento Farroupilha promovem a inclusão nos CTGs

Foto: Beto Albert (Diário)


Dança, declamação, contação de histórias e até torneio de vaca parada.  Assim foram as manhãs e tardes no Acampamento Farroupilha em Santa Maria, que recebeu em três dias, quase 2 mil crianças e adolescentes. A iniciativa buscou familiarizar estudantes sobre aspectos da cultura gaúcha como as artes, os símbolos e a origem do tradicionalismo. 




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Atividades como estas são formas recreativas e lúdicas para ensinar aos pequenos a história gaúcha. É o que afirmam os participantes de entidades tradicionalistas envolvidas na programação. A felicidade em compartilhar estes momentos é partilhada por quem ensina e quem aprende. 


Foto: Beto Albert (Diário)


O estudante da Escola Aracy Barreto Sacchis, Otávio Trindade, 10 anos, conta que desde pequeno gosta de CTG e, na Semana Farroupilha, costuma ir todos os dias pilchado na aula. Ele também é 1º Piá do CTG Tropeiro da Querência e aproveitou a visita de sua escola ao acampamento para aprender um pouco mais: 


- Eu gostei do estilo rústico aqui, muito legal. Já vi dança, música e até um porco sendo assado pro churrasco de noite.

Otávio Trindade, de 10 anos, é estudante e 1º Piá do CTG.Beto Albert


A continuidade do movimento

Para o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o incentivo da participação infantil é um dos principais fatores para a continuidade do tradicionalismo. Elas são vistas como o futuro para a preservação das entidades, contabilizadas em mais de 1,7 mil espalhadas pelo Estado. A diretora cultural da 13ª Região Tradicionalista (13ªRT), Aline Zuse, considera o conhecimento adquirido pelos mais velhos deve ser repassado aos mais jovens. É assim que começa o ciclo da tradição:


- Nosso propósito é de ser sentinela da cultura. Preservar, cuidar e repassar. Tendo esse espaço aqui no acampamento, com essa criançada, é a oportunidade de ensinar o que aprendemos durante toda nossa trajetória tradicionalista. Para que eles possam conhecer, vivenciar e levar isso pra casa. 


O 1º Peão do Rio Grande do Sul, Matheus Goggia, que é representante de Santa Maria, cumpriu agenda e acompanhou algumas tardes no acampamento. Para ele, o tradicionalismo necessita de mais crianças para manter a tradição entre gerações:


- Momentos como este, que são proporcionados principalmente às escolas, nos deixam muito feliz. Eles são o futuro da sociedade e o futuro dos CTGs - afirma.

Foto: Beto Albert (Diário)


Além de realizarem um passeio pela sede do antigo hotel para conhecer a estrutura do acampamento e dos 17 piquetes montados, estudantes também participaram de oficinas que ensinam sobre nó de lenço, chimarrão, poesia e tiro em vaca parada. A plateia, que fica em círculo, é convidada a participar. O peão Matheus Saquett foi quem coordenou as apresentações na tarde de quarta-feira (18) e afirma que a programação foi pensada para que todos se sintam à vontade e integrados no meio tradicionalista:


- Eles vêm pra assistir o que acontece na nossa cultura. Nessa tarde salientamos principalmente a vaca parada, que é uma tradição regional nossa.


A aluna Stéfani Zuse, 11 anos, está no 5º ano da Emef Antonio Gonçalves Do Amaral e veio com a turma participar das atividades de quarta-feira (18). Essa é uma das quatro escolas que estavam presentes, reunindo mais de 400 crianças. Assim como outras dezenas de estudantes, ela optou por vir pilchada e aproveitou para dançar uma dança de integração, proposta pelos organizadores. Stéfani contou que aprendeu a dançar o "Pezinho" em casa, com o irmão. 


- Dancei com meu colega, ele também sabia dançar. Gosto muito de usar vestido de prenda, me sinto algo a mais. Como se tivesse protegida com a pilcha.


Lugar para pais e filhos

São justamente incentivados pelos pais, que a maioria das crianças e adolescentes passam a frequentar as entidades. A prenda Elisa Saldanha Iensen, 13 anos, é uma das dançarinas da Invernada Mirim do CTG Querência do Pinhal, de Itaara, e participou pela primeira vez do Acampamento Farroupilha. Ela apresentou, junto com seu grupo, de danças tradicionais para crianças que estavam presentes e descreveu o momento como único: 


- É a primeira vez que participei aqui e foi sensacional. Desde criança gostei muito de CTG. Faz dois anos que entrei pra invernada e é algo que adoro muito. Minha dança favorita é o Tatu de Castanholas, é a nossa nova dança que aprendemos. 

Elisa Saldanha, de 13 anos, dança no CTG Querência do Pinhal.Beto Albert

A coordenadora da invernada, Kelen Pozzobom, contou que a agenda de um grupo de danças é corrida durante a Semana Farroupilha, mas que esta é a oportunidade de mostrarem o trabalho que realizam durante todo o ano e assim incentivar outras pessoas a integrarem o CTG: 


- Nossa semana é muito intensa, muito corrida. Mas é tudo muito gratificante, sair com eles, mostrar o que fizemos, não tem preço - afirma.


As escolas municipais também organizam programações próprias, em alusão à Semana Farroupilha, mas é no acampamento que se concentra o maior número de atividades e também é possível realizar a integração entre as instituições. Um exemplo é a Emef Dom Luiz Victor Sartori, que veio para o antigo hotel em três dias, como informou a coordenadora pedagógica, Caroline Ferreira:


- Fizemos questão de trazer todos os alunos para prestigiar o evento e também ensiná-los a cultivar a tradição. Trabalhamos a história e cultura em sala de aula, mas tudo se materializa aqui com as oficinas, mostrando a diversidade. 


O Programa Fim de Tarde CDN é transmitido ao longo de toda a semana diretamente do Acampamento Farroupilha, pela rádio CDN 93,5 FM. Confira como foi a transmissão desta quarta-feira (18):

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Tayline Manganeli

tayline.manganeli@diariosm.com.br

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