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O belo não se explica, se vive

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A vida é mesmo muito engraçada. Começou assim, com uma amizade no Ensino Fundamental, há quase duas décadas. O fim dessa história, ou melhor, a atualização dela eu conto longo mais. Mas antes, para demarcar a beleza deste acontecimento, vou contextualizar um pouco. Retomando, foi nos primórdios da vida escolar que eu conheci este amigo. Como em qualquer amizade que se inicia, nos aproximamos por afinidade. Algumas ideias contraventoras em comum, confesso. Cara! Foi contigo que eu matei aula pela primeira vez, lembra? Para a alegria dos nossos pais, no fim, deu tudo certo. Nos encaminhamos na vida, por assim dizer. E o mais legal, construímos uma amizade à prova do tempo.

Aprendi a ler Hermann Hesse contigo e a "realmente'' escutar Raul Seixas. Sim, porque as músicas menos populares do Raul são também as mais incríveis. Tentou me ensinar a tocar violão, lembra? Me faltou empenho, confesso, ou seria dom? Tu iniciaste na canoagem comigo, mas seguiu outros rumos, por fim. As nossas viagens de moto, muitas risadas e alegrias, tristezas e desentendimentos. Tudo que uma amizade verdadeira contém.

Outra coisa legal é quando uma amizade promove multiplicação de afetos. Na tua família, encontrei-me entre tantos amigos também. O teu amigo Pedro, o nosso amigo Pedro. E agora, a vida nos presenteou com um acontecimento adorável. A chegada do Ravi Emanuel. Teu primeiro filho, meu primeiro afilhado. Lembro quando falávamos dessas coisas da vida adulta. "Bah, seremos padrinhos dos filhos um do outro no futuro''. Foi uma promessa jogada no ar, já nem lembro quando. O tempo passou rápido. Já estamos no futuro. E olha que coisa incrível. Dia 26 de junho deste ano o Ravi chegou, exatamente cinco anos depois que a minha filha. Será que eles combinaram no plano espiritual?

Para deixar essa história ainda mais bela, tua companheira, Kelen, conseguiu realizar um parto normal. Ou seja, mais difícil ainda de combinar uma data. Sei que isso depende de fatores clínicos, posição do bebê e tal. Mas sei, também, que exige muita força e coragem da mulher, além de um suporte médico e familiar.

De qualquer forma, tudo ocorreu bem e o dia 26 de junho se tornou especial em nossas vidas. Mais do que já era. Muitos vão dizer que é coisa divina. Outros, mais céticos, trazem para o lado da física quântica. Kleiton e Kledir diriam que ''é coisa de magia, sei lá''. Eu prefiro não fechar a questão. Vou para o lado da filosofia, como dizia Rubem Alves. Quando buscamos dar nome a tudo que existe, a beleza de coisas sublimes cai num mar de ideias. Se mistura nas palavras da filosofia que mora em nós. Perde a sua simplicidade de existir. Fica outra coisa. Menos bela.

Tudo bem que pode ser bonito o toque subjetivo de cada pessoa para explicar o mistério da vida. Mas acredito que o sublime permanece belo, justamente por ser indecifrável, indescritível. Um jogo de linguagem. Prato cheio para psicanalistas. A gente sente e pronto, se alegra. Assim são as amizades, assim é o nascimento de uma criança. Assim são as coincidências que acontecem conosco. É bonito e traz sentido para as nossas vidas.

Brindemos ao 26 de junho! Bem-vindo ao mundo, Ravi. Bem-vindo ao mundo da paternidade, meu amigo Ritieli. Assim como um grande amigo, sei que tu serás um ótimo pai.


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