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Inaceitável

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Estamos vivendo dias em que duvidamos da veracidade de narrações veiculadas nos meios de comunicação. Algo semelhante àquele inacreditável 7 x 1 entre Brasil e Alemanha. Entretanto, naquela ocasião, foi apenas um fiasco de copa do mundo. Suportável.

Agora, em plena pandemia, quando deveríamos acender velas e agradecer, diariamente, quem está frente a frente com o vírus, cuidando e protegendo da população, assistimos cenas que lembram um filme de terror.

Sessenta enfermeiras(os) que protestavam, silenciosamente, no dia do trabalho, na Praça dos Três Poderes em Brasília, foram xin-ga-dos! Carregando cruzes em homenagem a colegas que morreram em meio ao trabalho de enfrentamento à pandemia da Covid-19 presenciaram, incrédulos, gritos de alguns mortos-vivos. O alerta era também para destacar que não existem equipamentos de proteção individual suficientes e adequados para o exercício do seu trabalho. Uma faixa solicitava que as pessoas ficassem em casa, evitando a disseminação do vírus e a lotação dos hospitais. Sinais de colapso do sistema de saúde já são evidentes em diferentes estados.

Alguns locais já providenciam valas para enterros comunitários. Famílias que não conseguem sequer se despedir de seus entes queridos. Triste realidade. E há quem divulgue fake news dizendo que essas imagens seriam pedras ao invés de corpos enterrados. Quem dera.

Durante a manifestação, ao invés de reverência, criaturas desvairadas vociferavam com agressividade a quem deveria estar sendo aplaudido em pé. Seres abomináveis, que ainda fazem questão de serem filmados. Vomitam sua cólera e se alimentam dela, pois são o próprio espelho do rancor.

Em outra situação, jornalistas que faziam cobertura de evento com pronunciamentos desfavoráveis à democracia foram agredidos verbal e fisicamente. Sobraram socos, empurrões e pontapés. Sem falar na falta de proteção da população presente nesse cenário. Além da aglomeração, foi notória a ausência de máscaras e insumos de proteção dos participantes desse ato insano.

O que esperar de um país que não respeita seus profissionais de saúde e da imprensa? O que diria Ulisses Guimarães ao ver alguns ensandecidos pedirem o retorno do AI-5? Depois de tanta luta pela democracia, há quem diga que temos muitos direitos, precisamos perde-los. Saudade do então deputado, dizendo, em alto e bom tom: "Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil".  Sonhado, suado e sangrado documento, assinado em 5 de outubro de 1988, a Constituição Cidadã, rompia com as regras estabelecidas durante o regime militar.

Estamos andando ao contrário? Inaceitável!

Sou brasileira e amo meu país. No entanto, hoje, diferente de quando assisti enrolada na bandeira aos jogos da copa, olho com desconfiança para quem faz uso dela e derrama ódio.

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