Dia desses, em anterior simplório ensaio partilhado com o senhor e com a senhora que nos dão atenção, trouxe, até em exercício de desabafo, a preocupação com a falta de espaço, oportunidade, e, pior, disposição do brasileiro para o debate.
Referi na oportunidade, e volto a fazê-lo, a respeito do verdadeiro e efetivo debate, assim entendido como o respeitoso e acima de tudo franco, por livre defesa de tantas quantas forem as partes e posições debatidas e, mais do que isso, de resultado construtivo ainda que não consensual. Jamais me ative ao que se vê e tristemente se testemunha por aí que, apesar das cores de diálogo civilizado e democrático, não passa de discussão estéril e, pior, desrespeitosa e devastadora de conceitos e reputações.
A ausência da ponderação, da argumentação, da oitiva retilínea, o modismo da gratuita discordância antes mesmo da conclusão de uma oração preliminar, em função da sua autoria ou da sua ideologia, somada à senda exclusiva de vencer o embate momentâneo em lugar do encontro de uma concepção para a coletividade gerou frutos indesejados e amargos.
A lacuna de ideias e posições conscientes (não a mera reprodução das "verdades" dos comprometidos meios de comunicação e sites de notícias obscuros) é solo fértil para a tomada de decisões alicerçais da vida dos que só sabem gritar, sem a menor importância à sua opinião.
Não podemos mais sustentar esse luxo.
O ano que nasceu, como em artigo bem advertiu sua excelência o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil daqui do Rio Grande do Sul, Ricardo Ferreira Breier, é oportunidade histórica que se apresenta ao país para o início de mudança de trajetória. Aliás, o destino sempre foi pródigo com a nação brasileira em concessão de possibilidades de mudanças de destino, mas, infelizmente, a maioria delas se desperdiçou.
A próxima chance vem em forma de eleição que, sim, tem de ser, necessariamente, precedida por debate de verdade. Este, por sua vez, necessita, além de toso o antes indigitado, de muita paciência e respeito.
Não dá mais para tolerar simplistas conversas entre somente os que dizem o que agrada aos nossos ouvidos e expectativas, sem saber se do(s) outro(s) lado(s) não existe intenção tão benéfica e proposta tão eficiente quanto imaginamos serem as daquele candidato com quem nos coadunamos.
A gritaria ao largo da estrada, enquanto a caravana passa, é incompatível com um futuro de vida decente para uma população que sequer consegue conversar entre si sem desconfianças e antipatias.