Claudemir Pereira

Cai número de siglas, mas correlação de forças políticas se mantém na Câmara

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Câmara de Vereadores de Santa Maria (Divulgação)

Passados 40 dias do fim do chamado "mês da traição" _ em que vereadores puderam trocar de partido sem risco de perderem o mandato _ e também incluídos os retornos de parlamentares que ocupavam cargos no secretariado de Jorge Pozzobom, já é possível fazer avaliação mais precisa de como fica o quadro político até o final da Legislatura.

Há um dado objetivo a ser considerado, de pronto. Reduziu-se o número de bancadas no parlamento. Eram 11 e, agora, são nove.

O PSB, que vivia às turras com seu parlamentar, Leopoldo Ochulaki, o Alemão do Gás, que não era exatamente disciplinado partidariamente, agora deixou de ter esse "problema". Não precisa mais tentar "enquadrar" o edil. Em compensação, perdeu a cadeira que ostentava no Legislativo.

Outro partido que viu-se desaparecido da Câmara é o Rede Sustentabilidade. Com poucos filiados, viu se mandar o vereador Jorge Trindade, que foi no rumo do PDT.

Quem também perdeu, com as trocas do período encerrado em 4 de abril?

Um foi o PSDB, que viu João Ricardo Vargas ir embora para o PP _ e nem a vinda de João Kaus refrescou, pois o ex-emedebista era suplente e perdeu a vaga com a volta de Marta Zanella _ ex-secretária municipal de Cultura, Esporte e Lazer.

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Outro foi o PTB. Afinal, viu a bancada reduzir-se à metade, com a saída de Deili Silva, agora no PSD.

Claro que houve ganhadores. No mínimo quatro partidos estão nessa condição.

Um é o MDB, que conquistou o passe do Alemão do Gás e só perdeu um suplente. Outro foi o PP, que recebeu o coronel Vargas e não perdeu ninguém. O terceiro foi o PDT, que dobrou a bancada com a chegada de Jorge Trindade. E o quarto foi o PSD, que também duplicou sua turma, com a adesão de Deili Silva.

No resumo de tudo isso, há que os partidos com representação na Câmara são agora nove: PT (quatro edis), MDB (4), PSDB (3), PP (3), PDT (2), PSD (2), DEM (1), PTB (1) e Republicanos (1).

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Tá, mas como fica a correlação de forças entre governo e oposição, passado esse período de mudanças e já em plena busca de votos e apoios para a eleição 2020?

Talvez o mais relevante a ser votado no ano seja mesmo o Orçamento _ que só será discutido depois da eleição. Sem falar que, noves fora a pandemia, dentro de dois meses ou pouco mais, os edis estarão muito mais interessados em fazer contatos com o eleitor e manter o mandato do que propriamente brigar na tribuna. Sem falar que a própria TV Câmara, por força legal, não transmitirá mais discursos.

Então, além de a correlação de forças manter-se a mesma, quem é oposição tende a continuar como tal e governista idem, melhor não esperar algo além de escaramuças pontuais. E nada mais. A conferir.

A bronca do Progressistas e o silêncio dos emedebistas
O presidente do Progressistas, Mauro Bakof, encaminhou ao colunista cópia de ofício dirigido ao partido pelo empresário e agora secretário extraordinário de Habitação, Marcelo Portella, em que este pede desfiliação do partido.

Com isso, o dirigente, que fez civilizado (isso precisa ser realçado porque não é tããão comum assim) contato, afiançou dar conta da insatisfação de militantes com nota publicada aqui semana passada.

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Este escriba entende a reclamação dos líderes do PP. Mas não concorda. Afinal, aqui não se escreveu que Portella era filiado. Mas que, ipsis literes, "embora afastado, é histórico militante da sigla, de cuja Juventude foi inclusive presidente".

Convenhamos, verdade absoluta _ respeitada a opinião dos militantes do Progressistas. Ah, apenas como curiosidade, a data do ofício (em poder da coluna) de Marcelo Portella é 22 de abril de 2020. Quando, supõe-se, já sabia que seria secretário. Ou, pelo menos, e isso é irretorquível, exatos cinco dias antes do anúncio de que participaria do governo de Jorge Pozzobom.

EM TEMPO: Na mesma nota, semana passada, a coluna também se referia a Wagner Bittencourt, que integra o diretório municipal do MDB e é, desde o início da administração tucana, superintendente de Habitação na mesma pasta agora liderada por Portella. Para registro: nenhum emedebista reclamou.

Indefinição do calendário tastaveia lideranças

Em 15 de maio, dentro de seis dias exatos, partidos e candidatos já podem começar a arrecadar recursos via plataformas de financiamento coletivo na internet, credenciadas na Justiça Eleitoral. E assim segue o calendário que prevê o pleito no dia 4 de outubro, em primeiro turno, e, se for o caso, e conforme o local, em 25 do mesmo mês, no segundo. Só que, até aqui, ninguém se mexeu, ao que se sabe, em busca dessa forma de alavancar recursos. Por conta, claro, da Covid-19, que impõe uma série de restrições, lançando inclusive fundadas suspeitas de que o pleito seja adiado.

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Mais adiante, outra data significativa é só em 30 de junho, data a partir da qual pré-candidatos que apresentem programas de rádio ou televisão ficam proibidos de fazê-lo ou deles participarem, mesmo que convidados.

Tudo isso, porém, pode deixar de valer. Ou continuar a existir, dependendo do que decidir o Congresso. Sim, nesse quesito, não obstante o caráter extraordinário desses tempos pandêmicos, é o parlamento, e não o Judiciário (que, claro, fará suas sugestões), quem tem o poder de decidir - pois datas de eleição são definidas pela Constituição.

Situação sui generis, é preciso convir. E que deixa tastaveando as lideranças partidárias de Santa Maria. E o jeito, não tem outro, é aguardar. E seguir trabalhando.

LUNETA

SÓ "LIVES"  - Há grande dificuldade de fazer pré-campanha. É a queixa uníssona dos pretendentes a cargo eletivo em outubro (ou quando for), especialmente concorrentes à Câmara. Esse perrengue atinge de forma mais forte os desconhecidos do grande público. Como fazer para se apresentar ao eleitorado, se o "corpo a corpo", arma principal dos novatos, está vetado? O que há é um punhadão de "lives". E só.

FRESTEANDO - Há espaço turvo na lei, a respeito do que é possível fazer ou não na pré-campanha eleitoral. Sem garantia de que há ou não crime eleitoral - e contando provavelmente com a compreensão das autoridades fiscalizadores, quem consegue fresteia a porta legal e vai avançando. Exemplo? É possível divulgar número? Dizem que do Partido pode. Já há quem use. Enquanto ninguém vetar, pode. Ou não?

ARTE E POLÍTICA - Ainda que se possa falar em escolha técnica, não se pode desconhecer que a artista plástica Marilia Chartune, nova diretora geral do Museu de Arte de Santa Maria, tem ligações (é filiada - ou foi anunciada como tal há dois meses) com o MDB. Vai daí que outra vez se percebe que nem todo mundo do emedebismo é exatamente afinado com a tentativa de candidatura de oposição, em aliança com o PP.

E OS RUSSOS? - Setores do PT não correm pelas ruas para demonstrar descontentamento pela aliança em formação com o "Centrão" - representado pelo PSD de Marion Mortari e Deili Silva. Mas também não escondem que gostariam de aliança mais à esquerda. E há até quem sonhe com Maria Rita Py Dutra, do PC do B, como companheira de chapa ideal para Luciano Guerra. Seria o caso de antes, quem sabe, "combinar com os russos".

PARA FECHAR! -  Aparentemente, a crise na relação política entre os comandantes dos poderes, por conta da vistoria do Hospital Regional, há 12 dias, está superada. Ou pelo menos amenizada. Afinal, não poderia ser mais amigável o "cotovelaço" trocado entre o prefeito Jorge Pozzobom e o presidente da Câmara de Vereadores, Adelar Vargas, em encontro entre ambos, realizado no meio desta semana.

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