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A busca do equilíbrio

No ano passado, foi publicado um estudo que demonstrou que o cérebro pode ser treinado para ter sensações positivas. Em virtude disso, alguns cientistas estão estudando a possibilidade de criar um programa de computador que ajude a treinar o cérebro para diminuir padrões de perturbação obsessiva compulsiva. O trabalho divulgado pela Fundação Champalimaud mostra, por meio de experiências realizadas com ratos, como o cérebro aprende a fazer replay para obter mais prazer. Neste ano, a novidade é que cientistas brasileiros, do Instituto IDOR de Ensino e Pesquisa, da UFRJ, acabam de apresentar uma técnica de treinamento cerebral que pode curar doenças através da modificação de conexões neuronais, que pode ser o caminho para novos tratamentos para AVC, Parkinson e até da depressão. O neurocientista Theo Marins, um dos autores do estudo, diz que tudo que a gente é, faz, sente, todo o nosso comportamento é reflexo da maneira como nosso cérebro funciona.

Em síntese, os estudos buscam conhecer melhor as conexões cerebrais para saber onde o cérebro precisa ser estimulado para atacar as doenças e ajudar as pessoas que sofrem, pois nem todos conseguem superar suas doenças, traumas, depressões apenas exercitando pensamentos positivos, até porque eles não são como peças de roupas que estão à mão e basta abrir o armário para pegá-los. Segundo a Organização Mundial da Saúde, atualmente, em torno de 400 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem de depressão e ela será a doença mais incapacitante até o final de 2020, uma vez que é muito difícil conhecer, em detalhes, os motivos do início de uma crise.

O homem que foi considerado o mais feliz do mundo, por óbvio dos que participaram do estudo, e que teve seu cérebro analisado por 12 anos pelos cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, diz que a meditação é o segredo de sua felicidade. Matthieu Ricard é um monge budista de 70 anos que faz meditação diariamente exercitando a compaixão, a benevolência, o altruísmo, o pensamento positivo. O estudo acompanhou sua atividade cerebral durante a meditação e constatou uma movimentação excessiva, sem precedentes na literatura cientifica, no córtex pré-frontal esquerdo e concluiu que tal atividade é que permite ao monge sentir felicidade de uma forma extremamente intensa e ter a capacidade de diminuir sentimentos negativos. Mas o monge, além de contrariar os estudos científicos, pois não se considera o homem mais feliz do mundo, vai mais longe e complementa: o que contribui para tornar o homem infeliz é a comparação com os demais. Quando nos comparamos, só vemos uma parte da vida do outro, só focamos no sucesso, sem levar em conta que existe uma parte menos invejável. Tal comparação provoca a sensação de inferioridade que nos causa insatisfação.

Tais informações demonstram que as pesquisas são de extrema importância e necessitam de investimentos públicos para serem desenvolvidas, com objetivo de reduzir o sofrimento das pessoas. Por outro lado, está comprovado que, ao fazermos algo agradável, nossos neurônios libertam uma substância chamada dopamina, que produz a sensação de bem-estar, suscitando o desejo de repetir a ação mais vezes. Por isso, atualmente, cada vez mais são incentivadas ações que o cérebro identifique como prazerosas. Então, não custa darmos uma ajudinha para o nosso cérebro e priorizar coisas que nos proporcione bem-estar e alegria e, quem sabe, com isso, afastamos a tristeza e as doenças.

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