cultura

Outro mapa da urbe

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Março reserva uma diversificada agenda, com recomeço de atividades, reabertura de ciclos, dias de celebração e de luta, no rastro da ceifa das cinzas e dos ossos pós-Carnaval. Além do mais, outro acontecimento - de caráter místico e metafórico - também marcará esta semana do terceiro mês de 2020: a sexta-feira 13, na sombra ressacada da Superlua.

O fenômeno da Superlua acontece quando, na fase cheia, o satélite natural atinge seu ponto de órbita mais próximo da Terra. O que confere ao luar um aspecto visual maior e mais luminoso. Contudo, a sexta-feira de 13 de março ainda prepara outro evento, e em outra medida visual e sonora.

É o Campus Open Mapping - Mostra de Vídeo Mapping, que ocupará a fachada da Biblioteca do Centro de Ciências Sociais e Humanas da UFSM (CCSH), que se encontra em meio às celebrações de seus 50 anos de existência.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Divulgação

A mostra é idealizada e coordenada pelo doutorando no Programa de Pós- Graduação em Artes Visuais da UFSM (PPGART), Calixto Bento, a partir de sua pesquisa acadêmica e artística, sob a orientação da Profª. Drª. Reinilda Minuzzi. A realização da ideia cabe ao grupo Audiovisual Elevado à x (AVx), com o apoio da UFSM, do CCSH, do Centro de Artes e Letras (CAL), do PPGART, do Grupo Arte Design (GAD) e do Laboratório Interdisciplinar Interativo da UFSM (LabInter), laboratório coordenado pela Profª. Drª. Andreia Machado Oliveira.

Mas, para quem ainda não conhece, o vídeo mapping é uma manifestação visual e sonora que surgiu na década de 1980, nos Estados Unidos, com os experimentos do artista, inventor e estudioso de realidade virtual e novas mídias artísticas, Michael Naimark. E se expandiu na cultura remix do universo do mapeamento dos palcos nas casas noturnas, com seus Disc Jockeys (DJs) e Vídeo Jockeys (VJs). Entretanto, os limites das boates foram transpostos para além de suas paredes e fizeram eco pelas urbes mundo afora.

Enquanto parte integrante de um arcabouço de visões contemporâneas expandidas do audiovisual, o vídeo mapping dialoga com outros suportes e superfícies não-tradicionais no cinema. Colocando em cena, por exemplo, a relação das imagens em movimento com a arquitetura e o ambiente urbano.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Divulgação

Por ser uma expressão possível do espaço da cidade, uma projeção de vídeo mapping pode acontecer na fachada de um prédio residencial, de um templo religioso, de um paredão natural de pedras ou, como a exemplo da primeira edição do Campus Open Mapping (que também aconteceu numa sexta-feira 13, mas na de dezembro de 2019), na face de um prédio de ensino. Na ocasião, na fachada da Biblioteca Central Manoel Marques de Souza - Conde Porto Alegre, ou simplesmente Biblioteca Central da UFSM.

Além do mais, o vídeo mapping inclui a casualidade em seu acontecimento. Ou seja, um encontro com o acaso, em contraste com a tradicional e cinza visualidade urbana, e que pode brotar sem aviso prévio de seus realizadores. Tal como aparece e acontece, também desaparece, num fluxo transitório, como os automóveis e as pessoas que circulam incessantemente na cidade.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Divulgação

A nível local, Santa Maria já teve seu espaço alterado pelo vídeo mapping, como nas festividades do aniversário de 20 anos da TV da Oficina de Vídeo Oeste (TV OVO), com projeções no casarão da esquina das ruas Floriano Peixoto com a Ernesto Becker.

E o Campus Open Mapping é um eco a isso. Nasceu e cresce no ventre cheio de desejos pela realização de arte e audiovisual generativo, sobretudo através de diversos encontros e oficinas organizados por Calixto Bento. Enfim, por um caminho movido pela descoberta e o tatear de uma nova linguagem sonora e visual.

Dessa forma, o município vivenciará mais uma edição da mostra de vídeo mapping, com trabalhos de diversos artistas, que também incluirão performances, como na minha parceria com Elias Maroso, na obra 'Um Relatório para uma Academia', adaptada do conto homônimo de Franz Kafka (1883-1924), publicado em 1919.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Divulgação

E, desta vez, o convite foi feito com antecedência, com direito a participação da lua cheia no espetáculo. Porém, quem sabe o futuro possa oferecer intervenções efêmeras em outros lugares de Santa Maria, em qualquer mês e dias 13 que sejam, apresentando outro mapa da urbe, pelos meandros dos encontros da vida?

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