O que é a febre Oropouche? Doença com sintomas semelhantes à dengue coloca país em alerta

O que é a febre Oropouche? Doença com sintomas semelhantes à dengue coloca país em alerta

Foto: Acervo do IOC/Fiocruz

Após a confirmação de óbitos, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica no início de agosto sobre um possível surto de febre Oropouche no Brasil. A doença, que é transmitida pelo inseto da espécie Culicoides paraensis, conhecido popularmente como Maruim ou Mosquito-pólvora, tem sintomas semelhantes ao da dengue, sendo registrados casos isolados e surtos no país desde 1960.

Na reportagem, saiba mais sobre a doença, casos, óbitos e manifestações no Rio Grande do Sul.

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Transmissão e casos

Registrado em países das Américas Central e Sul, como Panamá, Colômbia, Argentina, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, entre outros, o vírus Oropouche foi detectado no Brasil pela primeira vez por volta de 1960, em uma amostra de sangue de um bicho-preguiça. No mesmo período, uma primeira epidemia urbana teria sido registrada em Belém do Pará.

O caminho feito pelo inseto foi estudado por pesquisadores, que apontaram dois ciclos de transmissão do Oropouche: silvestre e urbano. No primeiro, animais como preguiças, macacos, aves e roedores podem ser considerados como hospedeiros do vírus.Já no ciclo urbano, o principal hospedeiro é o homem.

Assim como a dengue, a fêmea Maruim é infectada ao picar uma pessoa ou animal doente, obtendo a capacidade de transmitir o vírus para uma pessoa saudável pela picada. Conforme o Ministério da Saúde, até o momento, não há evidência de transmissão direta de pessoa a pessoa.

Os sintomas da febre Oropouche são semelhantes aos da dengue e podem levar de 3 a 8 dias para se manifestarem. Além de febre, dor de cabeça, dor nas articulações, dor muscular e calafrios, nos quadros mais graves, as pessoas infectadas podem apresentar sensibilidade à luz, náuseas e vômitos persistentes e ocasionalmente, resultar em meningite asséptica.

No início de 2024, o Ministério da Saúde emitiu a nota técnica nº 6/2024, comentando sobre as associações feitas sobre as duas doenças:

“Há relatos de casos de Febre Oropouche durante o curso de epidemias de dengue, quando o diagnóstico é dificultado pelo desconhecimento sobre a doença, pela semelhança entre os quadros clínicos de ambas as doenças, e pela elevada proporção de casos confirmados para dengue por critério clínico-epidemiológico. Não existe tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico”.

Até o momento, mais de 7,4 mil casos de febre Oropouche foram registrados no país, sendo a maior parte no Amazonas e em Rondônia. O diagnóstico da doença, que é de notificação compulsória, é confirmado principalmente por exame de sangue.

Cenário da febre do Oropouche no Brasil

  • Casos confirmados em 2023 – 831
  • Casos confirmados em 2024 – 7.497

Dados atualizados em 7 de agosto de 2024

Fontes: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) e Gerenciador de ambiente laboratorial (GAL)

Sintomas

Os principais sintomas de febre Oropouche são:

  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Dor nas articulações e muscular
  • Calafrios
  • Tontura
  • Náuseas
  • Vômitos

Óbitos

Em 2024, o Brasil registrou três mortes em decorrência da febre Oropouche. As primeiras vítimas são duas mulheres do interior da Bahia, com menos de 30 anos e sem comorbidades. Segundo o Ministério da Saúde, elas teriam apresentado “sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave”, vindo a óbito.
A terceira morte pela doença é de um feto e teria sido causada por transmissão vertical do vírus. Conforme a pasta, a gestante tem 28 anos, mora em Pernambuco e estava na 30ª semana de gestação.

Devido ao cenário, o Ministério da Saúde adicionou a aba Oropouche no Painel de Monitoramento de Casos de Arboviroses, adicionando dados sobre casos confirmados, faixas etárias e locais prováveis de infecção. A situação do Rio Grande do Sul também é acompanhada pela pasta.

Cenário no Rio Grande do Sul

Após a identificação de insetos da espécie Culicoides paraensis no litoral norte gaúcho no início de 2024, as secretarias estaduais da Saúde (SES) e da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) passaram a monitorar o cenário.

Em nota emitida recentemente pela SES, consta que “as amostras foram analisadas pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-RJ), que confirmou a identificação da espécie nos municípios de Mampituba e Três Forquilhas. Ao mesmo tempo, a Seapi identificou a presença da mesma espécie nos municípios de Dom Pedro de Alcântara, Itati, Maquiné, Mampituba e Terra de Areia”.

Com relação ao ciclo urbano da febre Oropouche, a pasta reforça que “não foram identificados casos autóctones em humanos no Rio Grande do Sul, ou seja, não houve registro de infecção contraída no estado. Algumas evidências, porém, indicam que está havendo circulação do vírus Oropouche, já tendo sido detectados anticorpos em primatas não humanos”.

Considerando isso, a orientação da Secretaria é de que “os serviços de saúde estejam atentos a sinais e sintomas compatíveis com a Febre do Oropouche e que sejam realizadas ações integradas entre diferentes órgãos, no contexto de Saúde Única”.

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