eleições 2018

O que falhou na campanha dos vereadores candidatos

Da redação

Foto: Assembleia Legislativa (Divulgação)

No domingo, a região teve desempenho diferente na eleição de deputados federais e estaduais. Enquanto a representação regional dobrou na Câmara dos Deputados com a reeleição do santa-mariense Paulo Pimenta (PT) e a eleição de Pedro Westphalen (PP), de Cruz Alta, o contrário ocorreu na Assembleia Legislativa. Em 2014, a região elegeu quatro estaduais e, agora, apenas dois: Valdeci Oliveira (PT), reeleito, e Giuseppe Riesgo (Novo), que consegue sua primeira eleição para deputado.

O desempenho local chama a atenção pelo fato de Santa Maria ter sido representada, nas urnas, por sete vereadores, o equivalente a um terço da Câmara local. Cinco deles concorreram a deputado estadual, enquanto dois disputaram vagas de deputado federal.

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É unanimidade entre eles que a entrada de candidaturas de outras regiões na cidade pulverizou os votos e reduziu as chances de Santa Maria e de municípios da região elegerem mais deputados, tanto em Brasília como na Assembleia. Para muitos, há um certo sentimento de frustração por terem sido preteridos por "forasteiros".

- Santa Maria não nos deu a chance de poder fazer mais pela cidade. Em compensação, a gente vê um número expressivo de votos em candidatos de fora. Poderíamos ter elegido, no mínimo, três estaduais - diz Luci Duartes (PDT), Tia da Moto, que, agora, projeta a reeleição para vereadora.

- A cidade reclama de investimentos, mas, na hora de votar, o voto vai para candidatos de fora. A Metade Sul vem perdendo força política por causa disso - reforça João Chaves (PSDB), que também buscava vaga na Assembleia.

POUCOS RECURSOS

Entre os motivos citados, também estão a falta de dinheiro para a campanha, a descrença nos partidos tradicionais e uma questão judicial envolvendo Marion Mortari (PSD), também candidato a deputado estadual.

- Foi uma injustiça o que ocorreu durante um momento em que minha campanha estava crescendo. Como eu iria fazer campanha se não sabia se meu nome estaria na urna? - reclama Mortari, que teve sua candidatura pela Justiça Eleitoral e aguarda recursos.

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Nem todos, porém, criticam candidaturas de fora. Tia da Moto lembra que conseguiu R$ 750 mil de emendas parlamentares para o município com os federais Pompeo de Mattos e Afonso Motta, do seu partido. Jorge Trindade (Rede), Jorjão, também defende o deputado federal João Derly (Rede), que, segundo ele, conseguiu R$ 3,4 milhões para Santa Maria.

Francisco Harrisson (MDB), que disputou vaga federal, e João Kaus (MDB), que tentou cadeira na Assembleia, lembram que a região tem outros representantes, como Liziane Bayer (PSB), atual deputada estadual, que se elegeu deputada federal. Liziane nasceu de São Pedro do Sul, morou em Santa Maria e, hoje, tem domicílio eleitoral e em Canoas.

- Ela tem uma vinculação muito forte com São Pedro, Santa Maria e a região. Ela está comprometida, assim como o Edson Brum (reeleito deputado estadual pelo MDB), que é de Cachoeira do Sul, um pouquinho mais longe, mas que tem vínculo com a região - diz João Kaus.

O QUE DIZEM

João Kaus (MDB), que concorreu a deputado estadual

"A gente ainda está fazendo uma análise, mas, no meu caso, fiz uma campanha sem financiamento, com falta de publicidade. Quanto à nossa representação na Assembleia, vejo que há um trabalho muito intenso do deputado Valdeci, e também por ser de oposição, e isso foi o que manteve o Valdeci, mesmo sendo um político antigo. Quanto a nossa representação, temos a Liziane Bayer, que tem vinculação com São Pedro do Sul e Santa Maria, e ficou comprometida, assim como Edson Brum na Assembleia."

Luci Duartes (PDT), Tia da Moto, que concorreu a deputada estadual

"O número expressivo de candidatos, por um lado, é bom, porque mostra interesse dos políticos em querer fazer algo por Santa Maria, mas divide o número de votos. Para a Assembleia, é preciso, no mínimo, 25 mil votos na região. Santa Maria, sozinha, tinha condições de botar, no mínimo, três deputados estaduais, mas, novamente, prima por eleger pessoas de fora, que depois não virão trazer respaldo para a cidade. Santa Maria não deu a mim, nem para nenhum vereador, a oportunidade de poder fazer mais pela cidade."

João Chaves (PSDB), que concorreu a deputado estadual

"Na verdade, é triste para Santa Maria e para a região toda porque a gente perde força política. A sociedade reclama dos investimentos, às vezes, mas, na hora de votar, vota em candidatos de fora. Não precisamos perder quem nós já temos, mas, sim, aumentar a nossa representação. Nossa região não vê isso e vota em pessoas de fora, deixando de lado pessoas que moram aqui, trabalham aqui e conhecem os problemas da cidade. É o caso do doutor Werner Rempel, que, na outra eleição, não foi deputado por muito pouco, enquanto o (Mário) Jardel (PSD) fez 3 mil votos".

Marion Mortari (PSD), que concorreu a deputado estadual

"Estou feliz da vida, fiz uma campanha simples, do tostão contra o milhão. Para mim, foi uma experiência nova e tenho pretensões, que não vou dizer agora. Quanto ao desempenho, houve um número muito elevado de candidatos e muito voto foi repartido, principalmente com candidatos de fora, mas é democracia. A impugnação da minha candidatura, quando eu estava crescendo, foi uma injustiça. O que fiz de errado? Foi uma campanha difícil, em que eu nem sabia se meu nome estaria na urna."

Jorge Trindade (Rede), Jorjão, que concorreu a deputado estadual

"Concordo que há um aumento da representação na região com a eleição do Pedro (Westphalen) e que, em termos estaduais, com certeza, houve redução. É preciso ter coragem para aumentar a representatividade de Santa Maria e, por isso, foi importante colocar nosso nome. A gente também sabe que a questão econômica é crucial. Fiz campanha na pobreza e pelear com canivetinho na mão não é fácil. Agora, vou continuar trabalhando no meu mandato na Câmara, nesses dois anos e meio que faltam."

Manoel Badke (DEM), que concorreu a deputado federal

"Coloquei meu nome com o propósito de ter representatividade, e isso não aconteceu. É uma opção das pessoas, que a gente respeita. É uma característica de Santa Maria. Tínhamos excelentes nomes, como o do Dr. Werner (Werner Rempel, do PPL), o Dr. Harrisson, e eu, que me sinto preparado. Às vezes, Santa Maria não se desenvolve por tentar denegrir as pessoas que tentam o Parlamento estadual e federal. Ninguém me deu um real na campanha, que deve fechar em R$ 14 mil. O poder econômico supera quaisquer outros princípios."

Francisco Harrisson (MDB), Dr Francisco, que concorreu a deputado federal

"Acho que a população da nossa região está muito decepcionada com os políticos, e isso levou a uma busca por dois caminhos: um, que é de não votar em ninguém, considerando votos brancos e nulos, e abstenções; e, outro, que foi o da rejeição dos candidatos daqui por candidatos que tinham impacto maior, fora daqui. As pessoas pulverizaram votos, não valorizando os daqui. Não é uma decepção com os vereadores que concorreram a deputado, mas uma decepção com os partidos na Região Central."

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